Jornal Escolar | Ano Letivo 2021/2022
Há lugar para Os Lusíadas no século XXI?
#Currículo
Acabamos de comemorar o dia 10 de junho, Dia de Portugal, mas pouco se referiu a extraordinária figura de Camões, que está na sua origem. Luís Vaz de Camões representa o génio da pátria na sua dimensão mais esplendorosa. Reparei que, neste último 10 de junho, tivemos uma celebração em Braga com as Forças Armadas a representar a importância deste dia. No entanto, não tivemos nenhuma homenagem a Camões. Escrevo este texto porque acho que é essencial valorizar o autor de Os Lusíadas, que representa bastante o que nós somos e de onde viemos. Sempre que pensamos nos Descobrimentos, pensamos em Portugal e esta associação é feita também por pessoas não portuguesas. Por isso, Os Lusíadas possuem uma forte importância na nossa história e devem ser sempre relembrados neste feriado. Por este motivo, decidi explicar a minha preferência da epopeia camoniana em relação à lírica.
Em primeiro lugar, n’ Os Lusíadas temos um dos planos dedicado às Reflexões do Poeta, e muitas dessas reflexões, que ele fazia no século XVI, podem ainda ser aplicadas atualmente, no século XXI. Um dos exemplos encontra-se no primeiro canto, onde o Poeta fala sobre a fragilidade da condição humana e os perigos que espreitam o ser humano devido às traições e perigos que os portugueses sofreram perto de Mombaça, alvos da cilada organizada por Baco. Esta crítica ainda está presente, atualmente, pois o homem continua a ser frágil e a sofrer constantemente traições. Outra crítica bem visível, na atualidade, é a crítica à desvalorização da arte. Bem presente, pois até no dia 10 de junho a arte de Camões é esquecida!
Em contrapartida, a lírica camoniana foca temas relacionados com os sentimentos como o amor e o sofrimento, trata também da mudança que sempre desespera, a representação da mulher que era idealizada, na esteira de Petrarca, e a mulher “demónio”. Surge também a representação da natureza cuja descrição pode transmitir o que o sujeito poético sente e tem duas visões: o locus amoenus e o locus horrendus. Há também poemas em que Camões se revolta com as injustiças da vida – o desconcerto do mundo.
Por fim, quero destacar que a epopeia exalta feitos grandiosos e factos históricos como os Descobrimentos, o que eu considero muito mais relevante do que falar de sentimentos e de experiências pessoais.
Texto: Francisco Lourenço, n.º 7, 10.º A / Ilustração: Grzegorz Chudy
Não concordo com Camões...
#Lírica
Luís de Camões é um poeta do século XVI, conhecido pela sua obra Os Lusíadas, a qual se inspira em obras como a Odisseia e a Eneida e inclui elementos da mitologia grega e romana. O poeta escreveu também outros poemas focados na sua visão do amor e da vida em geral. Estes valores, que se transmitem nos poemas, serão os que se discutem e estão à parte da questão estética, sendo que tenho uma opinião bastante mais positiva do poema relativamente à qualidade da sua escrita do que aos seus valores.
As obras de Camões eram de uma mentalidade bastante comum à época, para se poder criticar é primeiro necessário ter em conta o contexto social que o leva a pensar assim. Camões era crente da religião cristã, tinha uma vida boémia e morreu na pobreza, esses aspetos da sua vida refletem-se fortemente na sua poesia.
O primeiro ponto em que discordo é na forma de ver o amor. O poeta refere-se ao amor como se fosse uma paixão que sente por uma mulher a qual, quando não correspondida, causa uma dor terrível e um sentimento vingativo. Concordo que o amor possa ter essa paixão também, mas não acho que se possa reduzir apenas a isso, para mim o que define o amor é essencialmente uma forte empatia por alguém. Em vários dos seus poemas, nos quais se afirmava haver um intenso sentimento de amor, não se confirmava uma relação afetiva entre o sujeito poético e a mulher em questão, nem sentimentos de empatia e preocupação. Tendo isto em conta, não acho que se possa realmente chamar amor, e se se estiver a referir apenas ao lado romântico do amor não concordo com a dramatização dos sentimentos negativos que revela ao ser rejeitado.
Um outro ponto de vista de Camões do qual difiro é na distribuição da justiça em relação às pessoas. Ele mostra uma visão dicotómica muito pessimista em relação ao assunto. Segundo ele, as pessoas más têm uma boa vida e as boas uma vida má, sendo ele uma das boas e tendo ainda assim uma vida de sofrimento. Pelo que entendo, essa sua opinião pode estar relacionada com o facto de ser cristão já que segundo o cristianismo as pessoas devem fazer o bem ou sofrem as consequências, o que acaba por não coincidir com a realidade, no seu caso acabou por viver em péssimas condições por falta de dinheiro até que morreu. Não concordo com o que diz pois, na minha opinião, não existem pessoas más nem boas e não devemos esperar uma recompensa pelas boas ações que fazemos ao longo da nossa vida, a verdade é que o carma não existe e temos que o aceitar.
Em conclusão, o contexto social de Camões é muito diferente do atual pelo que é comum haver um choque de ideias, apesar disto há muito para aprender e aproveitar da sua poesia e, por mais que com o tempo a diferença entre ideologias se acentue, continuará a ser uma poesia ótima e exemplar.
Texto: Joana Yusty / Ilustração: Freepik
Luís de Camões
#Lírica
Luís de Camões foi um poeta da época do Renascimento que escreveu
maioritariamente dois tipos de poesia: épica e lírica.
Na poesia épica, este génio da literatura foi influenciado pelas epopeias clássicas greco-romanas como a Ilíada e a Odisseia, e a sua obra mais famosa é com certeza Os Lusíadas, onde o poeta nos conta as aventuras dos portugueses na época dos descobrimentos e alguns episódios amorosos históricos.
Já na lírica camoniana, o tema principal é o sentimento amoroso, com quatro subtemas, sendo estes: o amor, a representação da amada, a natureza e a auto reflexão, mas, nesta exposição, vou focar apenas os três primeiros.
Na poesia lírica, Camões foi influenciado por outros grandes nomes da literatura, entre eles, Francesco Petrarca e Sá de Miranda. E, tal como Petrarca, segue em alguns poemas o conceito do amor espiritual e da mulher perfeita (representação da amada), neles é descrito um amor platónico, idealizado, com a mulher mais bela e mais perfeita, elevando o seu amor ao mais belo e perfeito. Porém, existe outro lado do amor lírico, o amor sensual. Neste, temos dois exemplos: Vénus que corresponde ao sentimento do sujeito poético e Circe, que é chamada de monstro por ser inacessível e trazer dor e sofrimento à humanidade.
Ainda falando do amor na lírica, este sentimento é normalmente descrito por antíteses e metáforas já que, segundo o poeta, é um sentimento muito contraditório e praticamente impossível de compreender, tal como nos mostra no seu mais famoso soneto (poema de quatro estrofes, duas quadras e dois tercetos que segue a medida nova), “Amor é fogo que arde sem se ver”.
Camões segue também um pouco o estilo da poesia trovadoresca, mais especificamente as cantigas de amor, onde tem uma relação de vassalagem com a amada (que nunca é identificável) e o seu grande sofrimento por causa do amor que o leva quase à morte (morrer de amores e coita de amor).
A natureza também tem um importante papel na lírica já que, por vezes, esta é o espelho interior do sujeito poético que reflete os seus sentimentos, por exemplo, se ele está feliz a natureza é bela e amável. A natureza pode servir também de cenário para o sujeito poético expressar os seus sentimentos ou como uma metáfora para descrever a amada, como ocorre no poema “Verdes são os campos do meu coração”.
Camões utiliza a medida velha nos vilancetes e cantigas, por exemplo, e a medida nova nos sonetos.
A sua obra é ainda bastante atual, já que a contradição e dificuldade em compreender o sofrimento/sentimento do amor não mudou com o tempo.
Texto: Letícia Figueira, 10.º A
Página de um diário
#Atualidade
Caro diário,
A cada notícia que vejo na televisão, acho que estamos cada vez mais
perto de uma possível Terceira Guerra Mundial: os preços sobem, as
pessoas estão mais preocupadas e Putin continua a ameaçar tudo e todos.
Os meus pais começaram a falar sobre possíveis mudanças para outro país,
já que a Europa está na “lista negra” da Rússia. Eu, sinceramente,
acho isso um pouco ridículo. Se Putin realmente quisesse usar as suas
armas nucleares já o teria feito, mas isso também prejudicaria o seu
próprio país. Talvez Putin apenas queira demonstrar poder e autoridade,
apesar de demonstrar o contrário: um homem covarde que mata civis usando
”vingança” e ”liberdade” como desculpas.
Talvez isto seja um pequeno desabafo por causa das notícias que vejo na
televisão, ou talvez seja apenas stresse. Apenas sei que prefiro desabafar e
registar os meus pensamentos em ti, diário.
Rebeca.
O Príncipe Nabo
#Teatro
Na segunda-feira, dia 9 de maio, tivemos a oportunidade de assistir à peça de teatro “Príncipe Nabo” porque veio, até à nossa escola, a companhia de teatro Gato Escaldado. Gostámos muito da maneira como a Princesa Beatriz foi apresentada, porque usava uma linguagem muito moderna e divertida, utilizando alcunhas engraçadas para os príncipes pretendentes.
Os momentos de música e de baile foram muito animados e também gostámos muito da forma como as personagens estavam vestidas e falavam. O final da peça foi uma surpresa porque o músico era, afinal, o Príncipe Nabo e a Princesa Beatriz, que julgava todos pela aparência, aprendeu assim uma grande lição, dada pelo pai.
Foi um momento muito bem passado e gostaríamos de ver peças de teatro como estas mais vezes.
Turma 5.º D
O trabalho de Gouveia e Melo
#Personalidades
Na minha opinião, o vice-almirante Gouveia e Melo realizou um bom trabalho quanto à coordenação da equipa task force responsável pela vacinação contra a covid-19. De acordo com as notícias que tive oportunidade de ver, observei o seu empenho em garantir a vacinação de todos os portugueses.
Estabelecer um plano – quem se vacina primeiro são os mais debilitados e com problemas de saúde, depois os idosos e a seguir os mais jovens – foi uma boa opção.
Essa atitude não só demonstrou uma grande rapidez e uma boa organização como preveniu várias mortes. É por causa disso que estamos num bom nível no ranking de vacinação mundial. Gouveia e Melo também afirmou que os jovens, ao vacinarem-se, estão a demonstrar uma grande maturidade.
Alguns podem dizer que o seu trabalho não foi tão organizado e rápido quanto necessário, mas para a situação pandémica atual foi um bom avanço, que trouxe esperança.
E, mesmo que digam que a vacinação não trouxe nenhuma vantagem e que continuam a morrer pessoas, o vice-almirante Gouveia e Melo não tem culpa disso. E as vacinas trouxeram, sim, vantagens. Podem não ser vistas tão nitidamente, mas a covid-19 não vai passar de um dia para o outro.
Concluindo, o trabalho de Gouveia e Melo trouxe muitas vantagens para Portugal. Sem ele, poderíamos não ter 85% da população portuguesa vacinada.
Obrigado a Henrique Gouveia e Melo, pelo seu excelente trabalho.
Gonçalo Fonseca, n.º 8, 7.º C
Breves palavras sobre o livro Como se transforma ar em pão?
#Livros
As pessoas, de uma maneira geral, associam produto químico a algo artificial, prejudicial para a saúde e para o ambiente. Eis que este livro, da autoria de Nuno Maulide, de forma acessível e divertida, vem esclarecer que essa associação, só por si, é errada, demonstrando-o com exemplos do nosso dia a dia. Assim vamos lembrar que a água, tão essencial à vida, é também ela um produto químico. Todos os alimentos que ingerimos, sejam eles naturais ou artificiais, são compostos químicos. A vida humana, ela mesma é resultado de processos químicos que envolvem compostos e substâncias químicas.
Neste livro vamos verificar, entre muitas outras coisas, que há produtos químicos que as pessoas usam — verniz das unhas ou unhas postiças — ou ingerem — partes carbonizadas da carne grelhada ou do pão — que, esses sim, são muito nefastos para a saúde e que, no entanto, não são considerados como “produtos químicos”.
Um livro que recomendo para uma leitura descontraída e esclarecedora de preconceitos, a bem do Planeta e da Ciência.
João Ferreira
Chocolate à Chuva
#Livros
Chocolate à Chuva é uma obra de Alice Vieira, editada pela Caminho.
Esta obra conta-nos a história de Mariana, uma jovem de 13 anos oriunda
de uma família de classe média, que vivia com os pais, a avó e a irmã
Rosa, de três anos.
A narrativa, contada na primeira pessoa, começa com a programação de uma
viagem a Espanha, diversas vezes cancelada. Seguem-se vários episódios
da vida de Mariana, tais como o acampamento que a mãe autorizou a ir
fazer a Espanha com a turma. Foi uma viagem cheia de aventuras, entre as
quais tiveram que distrair a Maria do Céu para não enjoar na viagem,
montar uma tenda que se voltava a desmontar, apoiar a Susana cujos pais
a impediam de viver a adolescência e jogar ao “caça espiões”.
Quando Mariana regressou a casa, descobriu que os pais da sua melhor
amiga, Rita, iam divorciar-se. Marina ajuda-a a perceber que a separação
dos pais não é o fim do mundo e mantém-se ao seu lado, sempre a
apoiá-la.
Neste livro, as personagens fazem-nos valorizar o sentimento da amizade.
A Mariana e as amigas são frontais e ainda que, às vezes, tenham os seus
problemas, estão presentes para se ajudarem.
O título dado ao livro – Chocolate à Chuva – é a forma que Mariana
encontra para acalmar as suas inquietações, os seus medos. A história
termina com ela e Rita a comerem chocolate enquanto observam a chuva.
Na minha opinião, este livro é muito interessante, pois transmite as
preocupações de uma jovem adolescente, a sua frontalidade, o amor pelos
outros e o grande sentido de amizade e solidariedade.
Rodrigo Paço, 8.º A
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“Everyone is entitled to his own opinion, but not his own facts.” – Daniel Patrick Moynihan