Jornal Escolar AE Muralhas do Minho | 2024-2025
Inventores geniais que a história demorou a reconhecer
Ciência e Tecnologia | 20-09-2024
Da lavagem das mãos à análise de proteínas, eis algumas inovações que mudaram o mundo, mas não foram imediatamente reconhecidas.
O progresso humano tem sido definido pelo brilhantismo do seu engenho e pelas invenções que produzimos, mas por vezes pode demorar um pouco para que as mentes mais brilhantes obtenham o reconhecimento que merecem. Eis alguns exemplos.
Ada Lovelace
Augusta Ada Byron, conhecida por Ada Lovelace, foi a única filha legítima do poeta Lord Byron.
Apesar de ter nascido em Londres em 1815 e de ter morrido prematuramente em 1852, Lovelace é amplamente considerada uma das intelectuais pioneiras da computação moderna. É reconhecida por ter escrito o primeiro algoritmo para ser processado por uma máquina, a máquina analítica de Charles Babbage. Durante o período em que esteve envolvida no projeto de Babbage, desenvolveu os algoritmos que permitiriam à máquina calcular os valores de funções matemáticas. Por esse trabalho, é considerada a primeira programadora da história.
Ignaz Semmelweis
As grandes ideias são por vezes ignoradas quando sugeridas pela primeira vez. Um exemplo disso é o caso de Ignaz Semmelweis, que foi quase totalmente rejeitado pela comunidade científica por ter afirmado que os médicos deviam lavar as mãos.
No entanto, a descoberta do cientista húngaro mudou o rumo da humanidade. Hoje em dia, os benefícios para a saúde de lavar as mãos são um dado adquirido, mas, em 1847, a ideia foi revolucionária.
Semmelweis era médico na primeira clínica obstétrica do Hospital Geral de Viena. Observou que muitas das mulheres morriam de febre pouco depois do parto e que a taxa de mortalidade era consideravelmente mais elevada no espaço onde trabalhavam os médicos e os estudantes de medicina do que na enfermaria das parteiras.
Apercebeu-se de que, como na enfermaria dos médicos se faziam autópsias a cadáveres, o pessoal contaminava acidentalmente doentes saudáveis. Semmelweis ordenou ao seu pessoal que começasse a limpar as mãos e os utensílios com cloro. Surpreendentemente, a taxa de mortalidade diminuiu imediatamente.
A sua descoberta, porém, não foi bem aceite. Pouco depois, a enfermaria deixou de utilizar cloro e Semmelweis foi despedido.
Alice Ball
Nascida em 1892 em Seattle, nos Estados Unidos, Alice Ball era uma aluna de topo e fez história só por ter obtido o mestrado. Quando se licenciou em química em 1915, foi a primeira mulher e a primeira afro-americana a fazê-lo na Universidade do Havai.
O impressionante currículo académico de Ball valeu-lhe um emprego na área da investigação de tratamentos para a lepra. Na altura, a doença era altamente estigmatizada e as pessoas infetadas eram frequentemente enviadas para colónias de leprosos para morrerem. Apesar da falta de conhecimento de potenciais tratamentos no âmbito da medicina ocidental, a medicina tradicional indiana utilizava o óleo da árvore de chaulmoogra para tratar a lepra.
O problema é que este óleo era difícil de aplicar topicamente e não podia ser injetado devido à sua textura espessa e viscosa. Com apenas 23 anos, Ball desenvolveu a metodologia de saponificação do óleo, transformando-o em sabão. Criou também um ácido que podia ser combinado com um líquido e injetado.
Infelizmente, tudo isto aconteceu pouco antes da sua morte, em 1916, aos 24 anos. Ball nunca publicou os resultados e o seu orientador de estudo, Arthur Dean, atribuiu o seu próprio nome à descoberta.
Atualmente, Ball é reconhecida pelo seu contributo. Foi mencionada pela primeira vez num artigo de jornal em 1922, que renomeou a técnica para “método Ball”. Em 2007, a Universidade do Havai atribuiu-lhe a Medalha de Honra.
Carol Robinson
Em pleno século XXI, Carol Robinson fez história em duas das principais instituições britânicas, ao tornar-se a primeira mulher professora de Química na Universidade de Oxford, em 2001, e na Universidade de Cambridge, em 2009.
Quando iniciou a sua investigação em espetrometria de massa – a ferramenta analítica que deteta a composição das moléculas – acreditava-se que as proteínas não podiam ser estudadas nas suas fases gasosas, porque não conservariam a estrutura.
Robinson desenvolveu a técnica de “espetrometria de massa nativa”, que preserva as proteínas no seu estado natural para serem analisadas. A descoberta fez avançar não só a descoberta de medicamentos, mas também a medicina personalizada.
Em 2013, Carol Robinson foi nomeada Comendadora da Ordem do Império Britânico.
Fonte: Euronews
“Don’t be afraid of hard work. Nothing worthwhile comes easily.” – Gertrude B. Elion