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A Páginas Tantas

Epidemias que mudaram a História

Um sofrimento atroz

A comunidade científica aprecia um bom mistério e se houve epidemia que lhe interessou foi a primeira de que há registo na modernidade — a chamada peste de Atenas, que atingiu a pólis grega entre 430 e 429 a.C. e em 427 a.C., contribuindo para o fim da Idade de Ouro da Grécia. Ébola? Peste bubónica? Dengue? Gripe? Sarampo? Afinal, qual foi a doença que matou uma grande parte da população de Atenas, sobretudo durante o cerco das tropas espartanas?

“Se alguém já estava doente, a sua enfermidade transformava-se na peste. Os outros, sem nenhum sinal de aviso, eram tomados inicialmente por um forte calor na cabeça, vermelhidão e inflamação dos olhos. As partes internas, como a garganta e a língua, ficavam sanguinolentas e emitiam um hálito fétido e repugnante. Esses sintomas eram seguidos por espirros e rouquidão, e logo depois a doença descia ao peito, manifestando-se por uma tosse violenta. Depois, fixava-se na boca do estômago, revolvendo-o; e seguiam-se descargas de bílis de todos os tipos catalogados pelos médicos, acompanhados por sofrimento atroz.”

Esta descrição foi-nos deixada por Tucídides, na sua História da Guerra do Peloponeso. Mas Tucídides era historiador e não médico. Por melhor que soubesse descrever os sintomas da epidemia que acabou por vitimar o próprio líder ateniense, Péricles, foi preciso chegarmos a 2006 para o mistério ser resolvido. Nesse ano, uma equipa de investigadores da Universidade de Atenas analisou dentes recuperados de uma sepultura coletiva escavada na cidade, confirmando a presença de Salmonella entérica serotipo Typhi, a bactéria que causa a febre tifoide.

Tucídides, sempre ele, escreveu que a peste de Atenas chegou ao porto de Pireu vinda da Etiópia. Já em relação à epidemia mortífera mais recente — a gripe espanhola de 1918 —,são várias as teorias sobre a sua origem. Em março desse ano, houve um primeiro caso registado num acampamento militar no Kansas, nos Estados Unidos da América, mas também há referências a soldados indochineses doentes que lutaram em França, logo no início da Primeira Guerra Mundial.

Certo é que esta estirpe do vírus Influenza A do subtipo H1N1 contaminou cerca de 500 milhões de pessoas em todo o mundo, acreditando-se que 50 a 100 milhões tenham morrido em consequência dele.

Verdadeiro ou falso?

“The noblest pleasure is the joy of understanding.” – Leonardo da Vinci