Jornal Escolar AE Muralhas do Minho | 2023-2024
Contos Imperfeitos
Escrita Criativa | 26-01-2024
Treinar a escrita é um desafio. Através de diferentes exercícios de escrita criativa, os alunos foram desafiados a escrever pequenos contos. Assim nasceram os Contos Imperfeitos.
Uma amizade inesperada
Bia Ferreira, n.º 1, 10.º B
Há muito tempo, numa aldeia que ficava nas montanhas italianas, vivia um rapaz chamado Enzo, nome que ninguém conhecia, pois ele era sempre chamado Bola de Unto. Era um menino muito infeliz, porque era gozado por todos por ser gordalhufo.
Uma bela manhã, o Enzo estava no seu moinho a ouvir o canto dos melros, quando apareceu um rapaz conhecido por ser manganão. Ao ver o Enzo, preparava-se para lhe pregar uma partida, mas, nesse momento, chegou uma menina toda catita que ajudou o Enzo.
— Que queres tu, esburacado? — Perguntou ela.
— Deixa o meu amigo em paz!
— Estás a defender esse Bola de Unto? — Respondeu o manganão surpreendido.
— Vocês são todos uns remelosos e tu um luneta! — Afirmou ela.
Ao ouvir isso, o rapaz foi embora com cara de zangado. Já o Enzo estava muito feliz, pois nunca o tinham defendido. Enzo quis saber de onde era a menina, porque nunca a tinha visto antes.
Ela contou-lhe que veio visitar os seus idílios avós, que não via há muito tempo.
Durante a tarde, deram um longo passeio pela montanha. Passaram o resto das férias juntos e nasceu uma grande amizade entre eles.
Uma surpresa do futuro
Daniela Purificação, 10.º B
Num moinho vivia um moleiro viúvo e a sua gata castanha e gordalhufa, chamada Bola de Unto.
O moleiro perdeu a sua mulher há alguns anos devido a uma doença e, a partir do momento em que foi abandonado, perdera a motivação para tudo. O seu coração ficara esburacado. Tudo o que lhe restava era somente a gatinha e o moinho.
Ao som dos melros, numa manhã de primavera, o moleiro, ainda com os olhos um pouco remelosos, ouve três batidas à porta do moinho. Ao abrir a porta, depara-se com um senhor bastante manganão e com uma grande luneta no seu olho esquerdo. Este informa-o de que tem uma grande herança à sua espera, deixada pela esposa no outro lado do mundo. Esta foi recusada, pois o viúvo negou-se a deixar a sua gata e o seu moinho para a receber.
Passados alguns meses, o moleiro vê-se encurralado. Encontrava-se perto de uma crise, sem possibilidades de pagar as contas e sem possibilidades de se sustentar e à Bola de Unto. Perante isto, o moleiro foi obrigado a percorrer o mundo atrás da herança da mulher.
Quando chegou ao seu destino, um homem, com um fato todo deveras catita, entrega-lhe uma enorme fortuna. O moleiro ainda sem acreditar como é que a mulher, com quem tivera um longo e bonito idílio, conseguira tanto dinheiro.
O moleiro volta logo para casa e jura à Bola de Unto que as suas vidas estão prestes a mudar, mas o segredo da mulher ficará por desvendar.
O renascer do moinho encantado
Eliana Alves, 10.º B
Numa aldeia cercada por campos verdejantes, erguia-se um moinho esburacado pelo tempo. A comunidade daquela aldeia era liderada pela gordalhufa D. Beatriz e eles encontravam conforto sob a sombra do moinho, enquanto desfrutavam da única iguaria da região, que era a famosa “Bola de Unto”.
D. Beatriz, com os seus olhos brancos como flocos de neve, era a guardiã da tradição culinária. O seu avental, que estava sempre sujo de farinha, testemunhava os segredos transmitidos de geração em geração. O aroma da “Bola de Unto” fluía como uma canção e atraía moradores e visitantes.
Na praça central, onde o moinho dominava a paisagem, vivia o manganão da aldeia, o Sr. Joaquim. Sua luneta desajeitada não escondia a habilidade em criar idílios temporários. As mulheres sorriam com os seus gestos remelosos, mas todas sabiam que o coração do Sr. Joaquim estava tão esburacado quanto o moinho que estava pendurado sobre a comunidade.
Num dia especial, a catita D. Margarida captou a atenção do Sr. Joaquim. Sob a sombra do moinho, eles começaram um encantador idílio. Enquanto as crianças corriam pelos campos, os melros entoavam suas canções, a “Bola de Unto” de D. Beatriz tornava-se o centro de todas as atenções.
Contudo, a felicidade da aldeia estava ameaçada. O moinho, símbolo da sua história, estava em estado de decadência. A sua estrutura esburacada clamava por renovação. A comunidade, decidida a preservar as suas tradições, uniu forças.
Jovens e velhos trabalharam incansavelmente, como uma sinfonia de esforços harmonizados. O som dos martelos e serras misturava-se com as melodias dos melros, criando uma atmosfera de renascimento. A restauração do moinho tornou-se um símbolo de resiliência da aldeia.
Quando o moinho renasceu, mais imponente do que nunca, a aldeia celebrava em festa. A “Bola de Unto” de D. Beatriz, agora recheada de um sabor renovado, era compartilhada entre todos. O Sr. Joaquim, com a sua luneta polida, encontrou uma nova perspetiva na catita D. Margarida.
Sob as estrelas cintilantes, a aldeia testemunhou não apenas a restauração do moinho, mas a renovação dos seus laços comunitários. O esforço coletivo transformou não apenas a estrutura física, mas também os corações e mentes dos moradores e visitantes.
À medida que as estações mudaram, o moinho tornou-se mais do que um simples símbolo restaurado, tornou-se um farol de esperança e perseverança para as futuras gerações daquela aldeia. As melodias suaves dos melros pairavam no ar, contando a história do renascimento da aldeia. O aroma da “Bola de Unto” de D.Beatriz continuava a ser a trilha sonora de cada celebração, um tributo à resiliência e à herança da aldeia.
O Sr. Joaquim, antes conhecido como o manganão, redescobriu a sua verdadeira essência. Os seus gestos remelosos agora eram de bondade e generosidade, refletindo o espírito renovado da comunidade. Ele e a catita D. Margarida tornaram-se pilares de apoio, inspirando outros a abraçarem a mudança com corações abertos.
O moinho, agora iluminado à noite, simbolizava a luz que cada pessoa trouxera para a restauração da comunidade e sob o brilho das estrelas, a aldeia reunia-se em noites tranquilas, compartilhando histórias e risadas. Cada buraco no moinho contava uma história, uma lembrança da jornada árdua e recompensadora que uniu todos.
O renascer do moinho encantado não era apenas o fim de uma jornada, mas sim, o início de um novo capítulo, onde a aldeia olhava para o futuro com uma esperança renovada e a certeza de que, assim como o moinho, estavam prontos para enfrentar os ventos da vida, sabendo que a sua força residia na união e na preservação das tradições que as tornam únicas.
Os melros das relações
Gonçalo Pires, 10.º B
Num dia quente de verão, Alice, uma mulher muito catita, estava a trabalhar no moinho dos pais.
Os pais de Alice tinham problemas em arranjar trabalho, pois tinham características que não os favoreciam: o pai era manganão, já a mãe era gordalhufa, por esse motivo, não queria trabalhar.
Certo dia, Alice foi dar um passeio pela sua aldeia e deparou-se com
um rapaz com ar catita, que era alto e tinha olhos verdes. Ela vai ter
com ele e pergunta:
— Como te chamas?
— Zé Abreu.
— És de cá?
— Sou! Porquê? — pergunta ele com um ar surpreendido.
— É que nunca te tinha visto.
— Fiquei surpreendido, mas podemos ir dar uma volta pela aldeia?
— Sim, então vamos lá! — respondeu ela com um tom animado.
Entretanto, ele perguntou se tinha algum local onde gostaria de ir e ela disse-lhe para irem ao Moinho dos pais dela, onde acabaram por ir.
Quando chegaram lá, depararam-se com alguns melros, que os acolheram e ficaram a tomar conta deles.
Quando Alice foi alimentar os melros, Zé Abreu ficou a pensar que ela era o idílio que ele esperava há muito tempo. Ele aproveitou também para experimentar uma luneta que ela tinha lá guardada.
Quando a ouve a chamar por ele, começou a correr para ver o que se
passava, e ela diz:
— Olha para a parede.
— Como é possível estar toda esburacada? — pergunta ele.
— Não sei. Temos de resolver isto.
Enquanto tratam desse problema, Alice, admite que é um pouco remelosa, característica com que o Zé Abreu não tem problema em lidar, o que a aliviou muito.
Passado algum tempo, Zé Abreu começou a gostar de Alice e pediu-a em namoro ao lado da “bola de unto”. Ela acabou por aceitar e, dessa maneira, os dois ficaram juntos na aldeia.
O tesouro
Gonçalo Almeida, 10.º B
Era uma vez um moinho abandonado, localizado numa colina esburacada. Dentro do moinho vivia um gato preto, de seu nome Remeloso, que tinha como passatempo observar o mundo e as estrelas através da sua luneta.
Certo dia, Remeloso encontrou uma bola de unto, um tanto misteriosa, mas para ele bastante divertida. Curioso, decidiu investigar. Enquanto explorava o que tinha sido em tempos uma antiga bodega, encontrou uma gata chamada Fifi, muito faladora, extrovertida e um pouco gordalhufa, mas catita. Esta contou a Remeloso tudo o que sabia sobre um tesouro tão falado por aquelas bandas que diziam existira no bosque mais próximo. Fifi já há muito tempo ambicionava encontrar e descobrir o que de tão valioso todos os gatos desejavam, mas sozinha era impossível. Junta com o seu parceiro, embarcaram na aventura da descoberta. No caminho, encontraram um sábio maganão, que lhes deu vários conselhos valiosos para não caírem nos perigos do bosque. Depois de muito caminharem, passaram por um grupo de melros que cantarolavam alegremente, perto de uns belos idílios no verdejante campo. Após a descoberta de muitas pistas e a realização de complicados desafios, finalmente encontraram o tesouro. Cuidadosamente abriram o baú, mas o que deveria ser um valiosíssimo tesouro, era apenas um papel a dizer “Conseguiram!”.
Desolada e cansada, a dupla conscientemente percebeu a verdadeira riqueza do tesouro. Esta estava nas experiências e momentos partilhados ao longo da aventura. Assim, com os seus corações cheios de gratidão, voltaram para o moinho, para juntos viverem mais aventuras.
Sempre foi mais que uma amizade…
Inês Esteves, 10.º B
Numa acolhedora manhã de Natal, com o som dos melros que viviam no moinho, a Joana acordou. Dirigiu-se à cozinha para tomar o pequeno-almoço que a avó gordalhufa lhe tinha preparado e vestiu a roupa mais catita que tinha no roupeiro. Ia sair para se encontrar com um amigo de infância que tinha chegado da Suíça para passar o Natal com ela e com a sua família.
Enquanto caminhava ao encontro do Pedro, o seu amigo de infância, cruzou-se com o velho remeloso da cidade, conhecido por ser manganão. Este estava a pedir dinheiro e não estava disposto a desistir até que ela lhe desse uns “trocadinhos”, mesmo depois de ela lhe ter dito que não tinha. Não estava com cabeça para se chatear com algo que era diário, então, apenas seguiu em frente ignorando a presença do velho desprovido de juízo, que, por vezes, mais parecia ter o cérebro esburacado. Até porque tinha ficado de se encontrar com o Pedro às onze e meia, perto da pista de gelo e já estava quase na hora. Apressou-se, e assim que o viu correram em direção um ao outro mantendo-se num abraço apertado que transbordava saudade, por longos minutos. Quando finalmente se afastaram e se olharam nos olhos, o brilho de ambos era inigualável, o sentimento de felicidade transbordava. E para melhorar, o Pedro tira do bolso um idílio que tinha escrito com todo o amor que um amigo pode sentir. A Joana ficou encantada por não estar à espera disso vindo dele, que era uma pessoa com dificuldade em mostrar emoções.
Entretanto, já em casa, os jovens ouviam música, enquanto a mãe de Joana preparava as sobremesas para a ceia de Natal. Estava muito atarefada e chamou-os para que a ajudassem. Pediu a Joana que fosse buscar a bola de unto que ia usar para o seu famoso pudim “Abade de Priscos”, indispensável à mesa. Porém, estava na prateleira mais alta da dispensa. Visto que não chegava à mesma, pediu ajuda ao Pedro, o que originou um contacto que resultou num beijo romântico pelo qual nenhum dos dois esperava. Ficaram calados por um instante e voltaram para a cozinha fingindo que nada tinha acontecido.
No entanto, mais tarde, nessa noite, o Pedro foi ao encontro de Joana, que estava a observar as estrelas com a sua luneta, algo que fazia todas as noites desde o dia que ele lha oferecera, quando eram pequenos. Sem falar sentou-se ao seu lado. Ambos sabiam que havia muito a dizer, mas tinham receio. Até que quebraram o silêncio, e numa longa conversa admitiram o que sentiam um pelo outro, que ambos sabiam que não era algo novo. Comprometeram-se a não se renderem ao medo que tinham de estragar a amizade, mas admitindo saber que já há muito tempo que passava disso, ganharam coragem e deram, finalmente, liberdade ao amor que vivia preso dentro deles há muito tempo.
Prometeram nunca mais se separar. Assim, viveram algo que muitos, por falta dessa coragem nunca teriam vivido. Uma história extraordinariamente inesquecível.
A misteriosa bola de unto
Joana Rodrigues, 10.º B
Numa bela aldeia encantada, entre enormes montanhas e vales, vivia um pequeno povo que guardava misteriosos segredos dos quais ninguém desconfiava.
Certo dia, uma estranha bola de unto surgiu no centro da povoação. Fascinou todos os habitantes daquela pequena aldeia. Gordalhufa, a bruxa da aldeia, com a sua sabedoria e experiência nesses assuntos, com as suas lunetas fundo de garrafa, foi chamada para desvendar o fascinante mistério.
Enquanto a bruxa observava a misteriosa bola de unto, no antigo moinho, apercebeu-se que o carro parado lá fora começara a trabalhar sem ninguém dentro. Os habitantes com aspeto remeloso olhavam intrigados para este acontecimento. Uma semana se passou e coisas estranhas aconteceram.
Numa tarde chega à aldeia um senhor com aspeto de maganão, dirige-se aos habitantes a reclamar do desaparecimento da sua bola de unto. Ele explicou que aquela bola era algo muito especial e poderosa, que fazia com que tudo à sua volta se começasse a mexer sem parar, sem explicação. Todos ficaram boquiabertos com a explicação. A verdade é que desde que a bola tinha chegado à aldeia tudo se mexia. Os melros chilreavam de um lado para o outro sem parar, carros andavam sem controlo. A aldeia tornou-se perigosa.
O senhor foi ter com a bola de unto e explicou que a relação deles era como se fosse um idílio. Neste momento, a bola sentia-se esburacada por não estar com ele, pois só ele sabia como a controlar.
Felizmente, o famoso mistério resolveu-se e tudo voltou ao normal.
Aldeia encantadora
José Neto, 10.º B
Numa pequena aldeia, onde as casas eram de palha e os campos dourados, erguia-se um grande moinho de vento, com as suas hélices desgastadas pelos tempos passados. Ao redor da aldeia, as crianças corriam pelas ruas esburacadas.
Numa tarde ensolarada, as crianças reuniram-se na praça principal, pois estavam ansiosas para jogar com uma bola de unto. Entre eles havia uma criança que se destacava: “Pedro”, conhecido pelo seu olhar travesso.
A bola de unto era o centro das suas brincadeiras, e no meio do alvoroço aparecia sempre por lá um rapaz chamado “João”, um rapaz gordalhufo. Ele observava as crianças ansioso por participar no jogo.
Numa reviravolta, a bola de unto, numa jogada descontrolada, acertou em cheio e “Pedro” teve que ser substituído. No entanto, não havia ninguém para o substituir. João viu uma oportunidade para mostrar o seu talento. João é um rapaz remeloso, conhecido pelas suas habilidades catitas e o seu olhar aguçado, através da luneta herdada de seu avô. Com um toque, surpreendeu-os ao criar uma apresentação única, equilibrando copos e pratos nas pontas de seus pés. As crianças ficaram espantadas com a apresentação e esqueceram a substituição.
A luneta do João tornou-se parte integrante da performance, transformando a sua apresentação numa experiência idílica. As risadas criaram memórias pelas ruas esburacadas que se tornariam parte dos idílios daquela pequena aldeia.
A bela gordalhufa
Margarida Carvalho, 10.º B
Há muito tempo, existira uma pequena aldeia onde a população vivera em sintonia, exceto uma donzela. Chamava-se Maria Madalena, mais conhecida como “Bola de unto”. Vivia num moinho distante para se refugiar dos mexericos a seu respeito que percorriam a pequena aldeia.
Certo dia, um belo e elegante senhor aparecera na humilde aldeia. Num piscar de olhos, atraíra todas as jovens e galdérias, até mesmo Maria Madalena. Esta observava-o com uma luneta e descobrira que tanto se chamava Zé Lindinho como também tinha diversas amantes. Dias depois, Maria Madalena decidiu ir até à aldeia falar com o senhor catita. Mal chegou a falar com ele e este chamou-a logo de gordalhufa. Os habitantes começaram a rir-se tanto que Maria Madalena fugiu para o seu refúgio.
Maria chorava tanto que até os seus olhos remelosos se tornaram em cascatas sem fim. Minutos depois, reparou que uma velha senhora estava a observá-la pela janela do velho moinho. A pobre senhora entrou e sugeriu um acordo que levou Maria a aceitar. Transformou-se numa bela donzela e até os melros cantavam melodiosamente a sua beleza. Como troca teria de pôr fim à vida de Zé Lindinho.
Esta tal senhora praticava bruxaria e sabia que Zé era um manganão. Atraíra jovens para roubar as suas joias. Sendo assim, quando Zé captou a beleza de Maria, acabou por não conseguir largá-la mais. Acabaram por ter um idílio, colocando o plano de Maria e da bruxa em andamento.
Passaram-se meses e meses, até que Maria se sentiu preparada. De noite, quando Zé adormeceu, Maria pegou numa faca e espetou-a vezes sem conta no corpo indefeso de Zé. Este acabou por morrer enquanto Maria observava o seu corpo esburacado. Sentia-se livre e contente, pois ganhara o respeito dos habitantes da aldeia e ficara satisfeita com o seu novo corpo.
A bola de unto da Dona Margarida
Pedro Sousa, 10.º B
Na aldeia esburacada do Vale Encantado, Dona Margarida, a gordalhufa senhora do moinho, era conhecida pela sua habilidade única na confeção da famosa bola de unto. Com o seu avental catita e o seu sorriso caloroso, ela encantava os remelosos moradores da região.
Um dia, o forasteiro Manganão, com a sua luneta sempre à mão, chegou à aldeia. Os seus olhos remelosos observaram curiosos os melros idílios que dançavam entre as árvores. Cativado pela simplicidade da aldeia, decidiu experimentar a especialidade local.
Dona Margarida, ao perceber o forasteiro, ofereceu-lhe uma fatia da sua bola de unto. Manganão, ao saborear a iguaria, sentiu que cada esburacado pedaço do pão contava a história daquelas terras.
A presença do forasteiro trouxe uma nova perspetiva à aldeia, transformando-a num lugar onde as lunetas capturavam não apenas imagens, mas também momentos de pura harmonia. Vale Encantado, antes remeloso em relação a estranhos, acolheu Manganão com corações abertos.
Assim, o moinho tornou-se o ponto de encontro para histórias compartilhadas entre Dona Margarida, Manganão e os habitantes da aldeia. A bola de unto, mais do que um simples alimento, tornou-se o símbolo da união entre aqueles que valorizavam a simplicidade da vida em comunidade.
Maus vizinhos
Rodrigo Barbosa, 10.º B
Numa belíssima manhã de primavera, estava o Senhor Alfredo a dormir no seu moinho, quando os melros começaram a cantar e acabaram por o acordar.
O senhor Alfredo, já com os seus setenta e três anos e reformado, não se importou nada em acordar, na verdade não morava definitivamente naquele moinho. Morava no sul, na zona do Alentejo, onde tem a sua casa e é lá que os seus filhos e os seus netos moram, mas depois de a sua esposa falecer de causas naturais, ele começou a viajar para o norte, para o moinho que os pais lhe tinham deixado em testamento.
Ele só fazia essa viagem, porque tinha sido criado no norte, na zona de Viana do Castelo, em Ponte de Lima, e ele, realmente, gostava de se mudar para lá, mas como tinha toda a sua família no sul não o podia fazer frequentemente.
O senhor Alfredo levantava-se todas as manhãs e ia lavar os olhos muito remelosos, de seguida vestia-se e ia tomar o seu pequeno-almoço. Depois de alimentado, ia trabalhar para a sua querida horta, que era recheada de cenouras, alfaces, batatas e tomates. A horta, esse bem precioso, era um dos motivos que o levaram a gostar tanto de morar ali porque, sempre que voltava para o sul, levava cestos cheios de legumes. Graças a ter o moinho em ótimo estado e funcional, ele também o usava, mas já começava a ficar farto de duas coisas. Uma delas era o caminho para o moinho estar todo esburacado. Ele bem pedia ao trolha da zona para arranjar aquilo, mas ele nunca aparecia; a segunda era que dois empresários vinham ao moinho todos os anos para tentar comprá-lo para construir um hotel. Um deles era um homem que o senhor Alfredo achava muito catita derivado a andar sempre de fato, e a outra era uma mulher que, na opinião dele, ela era bastante gordalhufa, ele até lhe chamava “bola de unto”, porque ela era uma verdadeira bola.
Sempre que eles apareciam, o senhor Alfredo recusava a proposta que tinham para ele, porque tinha muita estima por aquele lugar e muitas memórias de quando via o pai com a sua luneta a apreciar os pássaros, e, inspirado nele, seguiu a carreira de ornitologia.
Outro motivo para não querer vender o terreno era os seus pais terem vivido ali momentos de grande idílio. Deste modo, não podia deixar que destruíssem aquele sítio, que lhe deu tanta felicidade. Cada vez que ele recusava a proposta, o homem, com o seu ar de manganão, aumentava ainda mais o valor, mas o dinheiro não significava nada para o senhor Alfredo e, durante o resto da sua vida, não vendeu o moinho.
No seu leito de morte, pediu ao filho para não vender o terreno, porque queria que os seus netos lá morassem e percebessem como é boa a vida no campo.
A jornalista
Sara Esteves, 10.º B
Carol era uma jornalista do jornal Melro. Ela estava sentada no seu escritório, a apreciar o som da sua máquina de escrever, enquanto terminava uma pequena notícia sobre o novo café da cidade e a sua receita que tinha ganho a alcunha de “Bolas de Unto”, quando a sua redatora-chefe bateu à porta.
— Carol, — a redatora-chefe sorriu — aparentemente, o senhor Santos foi assassinado na sua casa. E eu não posso ter a minha melhor escritora a escrever sobre croissants, enquanto há notícias interessantes.
— Vou a caminho, senhora! — Carol voou da sua cadeira, entusiasmada, agarrou a sua máquina fotográfica, caderno e caneta e saiu a correr.
O senhor Santos era um homem de negócios bem-sucedido pelo que vivia numa mansão onde Carol já tinha estado para uma entrevista e que, felizmente, não ficava muito longe.
Carol segurou a sua boina vermelho-escura, enquanto corria, pois o céu estava cinzento da chuva de há pouco e ela não tinha a roupa apropriada para outra chuvada. Tinha vestida uma camisa catita da cor da sua boina, calções pretos e as suas botas pretas favoritas.
Não demorou muito a chegar e, como esperado, a polícia já estava no local.
— Segundo andar, terceira porta à esquerda — a agente Sedene disse. — Já conheces o protocolo, Carol. Não comprometas provas. — Ela avisou.
A jornalista quase caiu ao tropeçar no tapete esburacado à porta da mansão. Subiu e entrou na terceira porta à esquerda.
A sala era uma espécie de biblioteca com livros de culinária, idílios, geografia e muitos outros. No meio da sala estava o corpo do senhor Santos virado para o chão com uma faca espetada nas costas. Havia mais dois agentes na sala e entrava vento por uma janela aberta.
Carol começou a tirar notas e depois fotografou a cena do crime: primeiro o corpo, segundo a crescente mancha de sangue na carpete verde e o relógio alto de madeira escura na sala. O relógio estava amassado e partido como se alguém tivesse ido contra ele.
— Foram identificados alguns suspeitos? — Carol dirigiu-se a um dos agentes.
— As únicas pessoas na casa eram três empregadas que estavam a limpar o primeiro andar: a mulher do senhor Santos e o irmão, Teo Santos, — ele declarou. — Neste caso, deve ter sido alguém do exterior. Forçaram a entrada pela janela e assassinaram o senhor Santos. O detetive está a investigar o resto da casa neste momento, deve estar a voltar.
Momentos depois, a agente Sedene entrou na sala acompanhada por uma empregada gordalhufa, a senhora Santos, que tinha os olhos azuis remelosos e cheios de lágrimas e se assoava a um lenço, Teo Santos, um cavalheiro alto de cabelos ruivos, que exibia uma expressão de tristeza, outras duas empregadas e um detetive de cabelos avermelhados e olhos verdes.
Sem dizer uma palavra, o detetive Danny andou à volta da sala com uma lupa na mão. Carol mexia na sua luneta apontando as suas ideias.
— Teo Santos é o culpado. — Danny anunciou calmamente. — Observando o resto da mansão, pode-se constatar que não existem quaisquer sinais de arrombamento e, observando a janela, pode verificar-se o mesmo. Visto que esteve a chover, não haveria nenhuma razão para esta ser aberta. A partir destes factos, podemos concluir que o assassino se encontrava dentro da mansão e abriu a janela para pensarmos que entrara e saíra através desta.
— Isso é uma acusação muito grave, detetive! — Teo exclamou, furioso e indignado. — Esses factos não provam que eu seja culpado, e não tenho motivos para matar o meu irmão!
— Ainda não acabei. — O detetive olhou-o, aborrecido. — A vítima e o culpado lutaram. Neste incidente, a vítima era forte e empurrou o culpado contra o relógio. Isto mostra que o culpado seria igualmente forte, ou seja, um homem. — Danny aproximou-se do relógio e apontou a sua lupa. — E como indicado pelo cabelo cor-de-laranja que pode ser encontrado preso no relógio, ruivo. Quanto ao motivo: ciúmes! A mansão, os moinhos ou as outras propriedades do seu irmão. O Teo é um maganão e um assassino.
Os agentes levaram Teo que lutava, em vão, para se libertar.
Carol acompanhou o detetive Danny para o exterior da mansão.
— Mais um caso resolvido. — Ele comentou. — A Carol e eu devíamos ser uma equipa, já que acabamos sempre por nos encontrar. — Sorriu.
— Que tal um café, então? — Carol entusiasmou-se com a oportunidade de uma entrevista exclusiva.
O Moinho do Remeloso
Tiago Garceis, 10.º B
Era uma vez, numa pequena aldeia chamada Catita, um moinho abandonado no topo de uma colina. O moinho, conhecido como “O Moinho do Remeloso”, era famoso pelas suas lendas e histórias misteriosas.
Certo dia, um grupo de melros curiosos decidiu explorar o moinho esburacado. Eles voaram até lá, ansiosos para descobrir o que havia dentro. Ao chegarem, depararam-se com uma bola de unto no chão, brilhando à luz do sol. Era uma visão estranha e intrigante.
Os melros, com suas lunetas afiadas, começaram a observar o unto mais de perto. Com suas vozes gordalhufas, eles discutiam o que poderia estar por trás daquele objeto peculiar.
Enquanto isso, um manganão, um pássaro raro da região, aproximou-se com curiosidade. Ele tinha ouvido falar das lendas do moinho e queria saber o que estava a acontecer. Os melros, com o seu estilo idílico, contaram-lhe sobre a bola de unto e o mistério que a envolvia.
Intrigado, o manganão decidiu investigar por conta própria. Ele voou em direção à bola e, com as suas garras ágeis, começou a desvendar os seus segredos. Aos poucos, ele percebeu que a bola de unto era, na verdade, um tesouro escondido há séculos.
Enquanto o manganão explorava o tesouro, os melros cantavam alegremente, espalhando a notícia pela aldeia de Catita. Logo, todos os habitantes reuniram-se ao redor do moinho, ansiosos para ver o que o manganão havia descoberto.
O tesouro revelou uma coleção antiga de lunetas, cada uma com a sua própria história. Os moradores ficaram maravilhados com a riqueza de detalhes e a beleza desses objetos. Os idílios começaram a imaginar as histórias por trás das lunetas. Eles perguntavam-se por que tinham sido escondidas no Moinho do Remeloso.
Enquanto os moradores exploravam as lunetas, um homem, conhecido como Sr. Zé, aproximou-se. Ele era um antigo habitante da aldeia e sabia muitas histórias sobre o moinho.
O Sr. Zé contou aos curiosos sobre um antigo artesão que vivia na aldeia. Ele era conhecido por criar lunetas e era obcecado por encontrar a luneta perfeita. No entanto, ele desapareceu misteriosamente, deixando as suas criações no moinho.
Com a descoberta das lunetas, os moradores decidiram preservá-las como um tesouro da aldeia.
E assim, a história do Moinho do Remeloso ganhou um novo capítulo. Os melros continuaram a cantar alegremente, os moradores reuniram-se para compartilhar as histórias do Sr. Zé, tornando-se uma lenda da aldeia.
A Gordalhufa
Tomás Gomes, 10.º B
Num reino distante havia uma terra onde a magia fluía como o vento entre as árvores. Nesse lugar, vivia a Gordalhufa Catita, uma bruxa bondosa, conhecida pelas suas poções curativas e pela sua varinha mágica, que usava para acalmar corações aflitos.
Um dia, enquanto Catita observava o horizonte, através da sua luneta, avistou um moinho abandonado, onde os remelosos e manganões melros haviam feito os seus ninhos esburacados. Preocupada com os melros, ela decidiu visitar o local.
Ao chegar lá, Catita descobriu que os manganões melros estavam em perigo, pois um malvado feiticeiro havia enfeitiçado o moinho, tornando-o um lugar perigoso para as aves. Após o feiticeiro a insultar, chamando-a de “Bola de Unto”, esta, com a sua varinha e a sua sabedoria, enfrentou-o e quebrou o encanto, devolvendo a paz ao moinho e salvando os melros.
Desde então, o moinho tornou-se um paraíso para os melros e Catita continuou espalhando a sua bondade e magia por toda a terra encantada. E assim, a Gordalhufa Catita tornou-se numa lenda, lembrada pela sua coragem e compaixão.
Turma 10.º B, ano letivo 2023-2024 / Fonte de inspiração: “No moinho”, Eça de Queirós
“I can shake off everything as I write; my sorrows disappear, my courage is reborn.” – Anne Frank