A Páginas Tantas
Dez razões para não confiares inteiramente na Wikipédia
A Wikipédia disponibiliza aos utilizadores da internet milhões de artigos e aparece normalmente em primeiro lugar nos motores de busca. No entanto, embora alguns sejam excelentes, nem todos obedecem a critérios de qualidade. Para te ajudar a compreender a Wikipédia, apresentamos dez razões para não confiares inteiramente na informação que contém.
1. Nunca deves confiar numa única fonte de informação
As publicações científicas têm uma secção com correções, na qual se admitem erros cometidos anteriormente. Deves ter uma abordagem crítica em relação a tudo o que lês. O foco da tua pesquisa deve ser encontrar informação fiável e formar uma ideia geral sobre o assunto. Na internet, qualquer pessoa pode publicar um artigo. Pesquisa sempre a informação em diversas fontes.
2. Não confies nos artigos que não tenham a identificação do autor
São poucos os editores e os autores de artigos da Wikipédia que usam o seu verdadeiro nome ou fornecem informação sobre si próprios. Para avaliar adequadamente os conteúdos da internet, deves interrogar-te: “Quem escreveu isto?” e “Com que intenção?”.
3. Incorreções e inverdades
Há alguns anos atrás, um estudante que estava a fazer um trabalho sobre a globalização da informação, decidiu publicar informação falsa na Wikipédia. Foi retirada diversas vezes pelos editores, até que acabou por prevalecer. O seu autor ficou siderado quando verificou que alguns dos jornais de maior tiragem tinham publicado a informação, confirmando a sua suspeita sobre a forma questionável como os jornalistas utilizam a Web e a Wikipédia, considerando-as fontes fiáveis de informação. Acabou por enviar um e-mail aos jornais, informando-os de que o texto era forjado.
4. O poder dos administradores
Os administradores da Wikipédia têm o poder de apagar ou de não permitir a publicação de comentários ou de artigos com os quais discordam, apoiando apenas pontos de vista idênticos aos seus. O cientista britânico William Connolley escreveu e rescreveu mais de cinco mil artigos para a Wikipédia nos quais abordava questões como a mudança climática e o aquecimento global. No entanto, utilizou os seus privilégios como administrador para banir mais de duas mil contribuições que apresentavam pontos de vista contrários aos seus.
5. Conteúdos suspeitos que se mantêm online durante meses
Devido ao facto de qualquer pessoa com acesso à internet poder editar a Wikipédia, há entradas que são falsificadas. Embora os revisores eliminem esses textos, a informação falsa pode ocasionalmente permanecer online durante longos períodos de tempo.
6. Pouca diversidade de editores
A maioria dos editores da Wikipédia vive na Europa e nos Estados Unidos. Embora muitos defendam o rigor da informação, sem a perspetiva de um conjunto mais diversificado de editores, o site está longe de fornecer “a soma de todo o conhecimento humano”.
7. Tornou-se mais difícil publicar contribuições pontuais
As contribuições pontuais são atualmente em menor número. Há um conjunto de editores cuja diversidade demográfica é reduzida com um maior controlo sobre os conteúdos que se publicam.
8. As contribuições de fontes fiáveis podem ser silenciadas
Quando o repórter do New York Times David Rohde foi raptado no Afeganistão, em 2008, o jornal convenceu a Wikipédia e 40 agências noticiosas a não divulgarem a informação, com o argumento de que isso poderia comprometer a segurança do jornalista, que, mais tarde, seria libertado.
9. Falta de qualidade do texto em português
Em português, os artigos são frequentemente más traduções dos conteúdos originais. O vocabulário é muitas vezes inadequado e a estrutura frásica deficiente.
E finalmente, a principal razão para não confiares cegamente na Wikipédia:
10. Assim o diz a própria Wikipédia
Os avisos que publica nos seus “Termos de Utilização” são explícitos:
o utilizador deve fazer um juízo de valor sobre a informação que está a
ler.
Apesar de tudo, quando compreendida e usada corretamente, a Wikipédia é um
valioso instrumento de trabalho.
“Research is formalized curiosity.” – Zora Neale Hurston