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A Páginas Tantas

Porque é que um copo produz som quando passamos um dedo humedecido pelo bordo?

Assim como tamborilar distraidamente o tampo de uma mesa, passar um dedo pelo bordo de um copo produz uma espécie de música – uma música estranha e fantasmagórica.

As ondas sonoras são o resultado de vibrações que atravessam uma matéria, seja esta metal, madeira ou vidro. É por isso que quando batemos num diapasão, que produz um tinido semelhante, podemos vê-lo e senti-lo vibrar. O som alcança os nossos ouvidos porque as vibrações do diapasão fazem vibrar o ar em seu redor. Ondas de moléculas de ar atingem os nossos tímpanos, fazendo-os vibrar também.

Quando fazes correr um dedo pelo bordo de um copo de vidro ou de um cálice de cristal é um pouco como se estivesses a dar pancadinhas no vidro. Estás a fazê-lo vibrar. Um objeto como um copo de vinho possui também a sua própria frequência ressoante – ou frequência natural – de vibração, que é medida em ciclos por segundo. Quando o teu dedo produz uma vibração próxima da frequência natural do copo, este ressoará mais sonoramente.

E porque é que o teu dedo tem de estar molhado? Os cientistas dizem que, se o dedo estiver seco, haverá demasiada fricção entre o vidro e o dedo, que, desse modo, não poderá deslizar ao longo do bordo. Por outro lado, um dedo engordurado desliza com demasiada facilidade, o que produz pouca vibração. Mas, tal como um arco sobre as cordas de um violino, um dedo humedecido é ideal para fazer um copo vibrar fortemente. E o resultado é um estranho som que parece vindo de outro mundo.

Os copos vibram a diferentes frequências, dependendo do material de que são feitos – vidro comum ou cristal –, bem como do seu tamanho, forma e espessura. O seu curioso som depende também da quantidade de líquido que contêm. Assim, ao encheres um copo com mais ou menos água, poderás alterar a nota musical que ele produz. Um conjunto de copos com níveis de água diversos pode criar uma escala de notas, formando um instrumento musical completo – uma espécie de harpa de vidro.

O estadista e inventor Benjamin Franklin inventou a Harmónica de Vidro em 1761. Trabalhou em colaboração com um artesão de vidro de modo a criar taças de diferentes tamanhos, cada uma delas destinada a produzir uma nota específica, sem necessidade de água. As taças eram montadas num eixo giratório, para facilitar o seu manuseamento; o “músico” usava um pedal para as fazer girar. Certa noite, a mulher de Franklin acordou com a música etérea da Harmónica de Vidro proveniente do sótão e, por momentos, julgou que tinha morrido e estava a ouvir a música dos anjos.

Fonte: Sabes o porquê à tua volta? Kathy Wollard. Gradiva Júnior.

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