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A Páginas Tantas

Como se formou o planeta Terra?

O nosso sistema solar encontra-se na galáxia a que chamamos Via Láctea, num subúrbio estelar de um dos braços em espiral da Via Láctea, o Braço de Oríon. A Via Láctea é um dos membros de um grupo de cerca de 50 galáxias, conhecido, de forma pouco romântica, como o «Grupo Local». Este encontra-se nas regiões exteriores do Aglomerado de Virgem, que contém cerca de mil galáxias. Este faz parte do Superaglomerado Local, que inclui centenas de grupos de galáxias. Para o atravessar, teríamos de viajar durante cem milhões de anos à velocidade da luz.

Em 2014, descobriu-se que o Superaglomerado Local integra um vasto império cósmico com, talvez, cem mil galáxias; para o atravessar, seria necessário viajar durante 400 milhões de anos à velocidade da luz. Este império é o Superaglomerado Laniakea (palavra havaiana que significa «céu incomensurável»). Esta é a maior entidade estruturada que conhecemos no universo. Pensa-se que o Laniakea está formado em redor de um andaime de matéria negra cuja força gravitacional mantém juntas todas estas galáxias enquanto o universo se expande.

Viajemos agora de volta aos subúrbios do Laniakea, para o nosso próprio grupo local, para a nossa galáxia e para o Braço de Oríon, onde encontramos o nosso Sol e o planeta Terra. Depois de a Terra se ter formado por acreção, um toque final de escultura com motosserra conferiu-lhe a sua estrutura interna distinta. Os geólogos chamam a este processo diferenciação.

A jovem Terra aqueceu e derreteu-se. Foi aquecida pelas colisões violentas da acreção, pela presença de elementos radioativos (criados na supernova que forneceu muito do material para o nosso sistema solar) e pelo aumento da pressão enquanto aumentava de tamanho. Por fim, a Terra ficou tão quente que grande parte dela se derreteu numa lama pastosa e, à medida que se liquefazia, as suas diferentes camadas diferenciaram-se por densidade, dando-lhe a estrutura que tem hoje.

Com o movimento giratório da Terra, o núcleo desenvolveu um campo magnético que protegeu a superfície das danosas partículas carregadas do vento solar.

Rochas mais leves, como os basaltos, reuniram-se acima do núcleo para formar uma segunda camada, uma região a três mil quilómetros de profundidade de rocha semifundida misturada com gás e água conhecida como o manto. É daí que vem a lava vomitada pelos vulcões. As rochas mais leves, sobretudo granitos, flutuaram para a superfície, onde arrefeceram e se solidificaram para formar uma terceira camada: o estrato fino como casca de ovo conhecido por crosta, que está hoje coberto pelos oceanos e continentes.

No fundo dos oceanos, a crosta tem por vezes apenas cinco quilómetros de espessura, mas, sob os continentes, pode atingir os 50 quilómetros. Os elementos mais pesados, sobretudo o ferro, o níquel e alguma sílica, afundaram-se na lama quente em direção ao centro, para formarem o núcleo metálico da Terra.

A crosta é quimicamente interessante. Nela, encontramos sólidos, líquidos e gases, e foi repetidamente aquecida e arrefecida por vulcões, por impactos de asteroides, pela luz agressiva do jovem Sol e pela condensação dos primeiros oceanos da Terra. Aqui e no manto, o calor e a circulação de elementos geraram, talvez, 250 novos minerais. Gases, incluindo dióxido de carbono e vapor de água, irromperam do manto através dos vulcões e de rachas na superfície para formarem uma quarta camada: a primeira.

Fonte: A história da origem, David Christian

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