A Páginas Tantas
Bopsy
Jack Canfield e Mark V. Hansen
O menino estava gravemente doente, mas a mãe, apesar da tristeza que sentia, tinha um forte sentimento de determinação. Como qualquer mãe ou pai, desejava que o filho crescesse e realizasse todos os seus sonhos. Agora isso já não era possível, mas ela ainda queria que os sonhos do filho se concretizassem. Pegou-lhe na mão e perguntou:
— Bopsy, alguma vez pensaste no que gostarias de ser quando crescesses? Já sonhaste ou imaginaste o que farias?
— Mamã, eu sempre quis ser bombeiro.
A mãe sorriu-lhe e disse:
— Vamos ver se podemos transformar o teu desejo em realidade.
Mais tarde, naquele dia, dirigiu-se ao Corpo de Bombeiros em Phoenix, Arizona, nos Estados Unidos, onde conheceu o bombeiro Bob, que tinha um coração tão grande quanto a cidade de Phoenix. Explicou o último desejo do filho e perguntou se seria possível dar a volta ao quarteirão com o menino de sete anos, num carro de bombeiros.
O bombeiro Bob disse:
— Olhe, podemos fazer mais do que isso. Se o seu filho estiver pronto às sete horas da manhã de quarta-feira, faremos dele um bombeiro honorário por um dia. Poderá vir ao Corpo de Bombeiros, comer connosco, sair em todas as chamadas de incêndio, acompanhar todo o nosso trabalho! E, se nos der as suas medidas, mandamos fazer um uniforme de bombeiro para ele, com um capacete de bombeiro de verdade — não de brincar — com o emblema do Corpo de Bombeiros de Phoenix, um impermeável amarelo como o nosso e botas de borracha. São fabricados aqui mesmo em Phoenix e, portanto, podem ser feitos rapidamente.
Três dias depois, o bombeiro Bob foi buscar Bopsy, vestiu-lhe o uniforme de bombeiro e escoltou-o do hospital ao camião com guincho e escada que os aguardava. Bopsy sentou-se na parte traseira do camião e ajudou a conduzi-lo de volta ao posto de bombeiros. Sentia-se nas nuvens.
Naquele dia, houve três chamadas de incêndio em Phoenix e Bopsy saiu em todas elas. Andou em vários carros de bombeiros, na viatura dos paramédicos e até no carro do chefe dos bombeiros. Além disso, foi também filmado para o telejornal local.
Tendo realizado o seu sonho, Bopsy ficou tão profundamente tocado que viveu três meses além do que qualquer médico julgava possível.
Uma noite, todos os seus sinais vitais começaram a cair drasticamente e a enfermeira-chefe lembrou-se do dia que Bopsy tinha passado como bombeiro e telefonou ao chefe do Corpo de Bombeiros, perguntando se poderia enviar um bombeiro fardado ao hospital, para estar com o menino nos seus últimos instantes de vida. O chefe respondeu:
— Podemos fazer mais do que isso. Estaremos aí em cinco minutos. A senhora faz-me um favor? Quando ouvir as sirenes e vir as luzes a piscar, pode anunciar no sistema de altifalantes que não trata de um incêndio? É apenas o Corpo de Bombeiros que veio ver um dos seus melhores elementos mais uma vez. E a senhora poderia abrir a janela do quarto dele? Obrigado.
Cerca de cinco minutos depois, um camião com guincho e escada chegou ao hospital, estendeu a escada até à janela aberta de quarto de Bopsy, no terceiro andar, e um grupo de bombeiros subiu e entrou no quarto do menino. Com a permissão da mãe, abraçaram-no, seguraram-no e disseram-lhe palavras de conforto.
Bopsy olhou para o chefe dos bombeiros e perguntou:
— Chefe, sou mesmo um bombeiro agora?
— Sim, Bopsy, és.
Bopsy sorriu e fechou os olhos.
“The noblest pleasure is the joy of understanding.” – Leonardo da Vinci