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A Páginas Tantas

Diz alguma coisa

Esta é a história de uma rapariga que descobre que, por vezes, mantermos o silêncio e ignorarmos certas situações não é a melhor escolha.

Há um miúdo na minha escola com quem todos implicam. Penso que se sente triste porque mantém a cabeça baixa quando passa no corredor e raramente diz “olá”. Não me meto com ele. Na verdade, sinto pena dele.

Há um outro miúdo que é gozado. Chamam-lhe nomes. Quando passa pelos colegas, empurram-no e dizem-lhe que é lento. Eu afasto-me e não o trato do mesmo modo.

Uma rapariga que vai comigo no autocarro senta-se sempre sozinha. Por vezes, os outros miúdos atiram-lhe objetos e chamam-lhe nomes. As raparigas que vão no banco de trás riem-se. Eu não me rio. Não digo nada.

Um dia, quando os meus amigos não estavam, sentei-me sozinha a uma mesa, no bar. Alguns miúdos aproximaram-se e começaram a contar piadas. Ri-me até ao momento em que as piadas me foram dirigidas.

O meu rosto escaldava. Olhei para a mesa. Sentei-me em cima das mãos para as impedir de se moverem. Tentei não chorar, mas era demasiado difícil conter-me e, quando os miúdos viram as minhas lágrimas, desataram a rir.

Queria parar de chorar. Desejei desaparecer.

Quando se foram embora, olhei à minha volta. Fiquei surpreendida quando reparei que o bar estava cheio. Havia até miúdos que eu conhecia, sentados na mesa ao lado. Estavam a olhar para mim e apercebi-me de que sentiam pena.

Quando fui para casa, contei ao meu irmão mais velho como estava zangada com os miúdos que tinham presenciado a cena. Ele encolheu os ombros e disse: “Porquê? Eles não fizeram nada.”

“Exatamente,” respondi.

No dia seguinte, no autocarro, sentei-me ao lado da rapariga que vai sempre sozinha. É super divertida!

Adaptado de: Moss, P. (2013). Say something. Tilbury House Publishers.

Diz alguma coisa! Mas o quê?

“You cannot do kindness too soon, for you never know how soon it will be too late.” – Ralph Waldo Emerson