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Uma mulher de destaque na história de Portugal

Carolina Beatriz Ângelo (1878-1911) foi a primeira mulher a votar e a realizar uma cirurgia em Portugal.
No dia 28 de maio de 1911 realizaram-se, no país, as primeiras eleições gerais após a proclamação da República. Inédito foi também o facto de, em toda a Europa ocidental, uma mulher se atrever a votar. A política era um assunto até então reservado aos homens.
Carolina apercebeu-se que a legislação, redigida de fresco, não especificava quem podia votar: se apenas os homens ou se todos os cidadãos portugueses. Ela era uma cidadã portuguesa e uma mulher com formação superior: era médica ginecologista.
Foi duas vezes a tribunal para reivindicar o seu direito ao voto e, no dia marcado, acompanhada por dez mulheres da Associação de Propaganda Feminista, foi votar.
Ao chegar ao recinto, Carolina deparou-se de imediato com a primeira dificuldade: não queriam deixá-la entrar. Para o homem que controlava a entrada, era óbvio que uma mulher não podia estar autorizada a participar nas eleições legislativas. Estava enganado. Carolina entrou e votou com o número de eleitor 2513, deixando o seu nome para sempre inscrito nos anais da história.
A lei, no entanto, foi rapidamente alterada de modo a incluir o género feminino como fator de exclusão ao sufrágio, impedindo as mulheres de votar. Foram precisos 63 anos e uma revolução para que se declarasse, em Portugal, o sufrágio universal.
Carolina Ângelo foi pioneira em várias frentes: integrou o primeiro grupo de mulheres a defender direitos e deveres iguais para homens e mulheres; foi a primeira mulher na Europa ocidental a votar; foi a primeira mulher a realizar uma cirurgia e a defender o serviço militar obrigatório para as mulheres.
“It isn’t what we say or think that defines us, but what we do.” – Jane Austen