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A Páginas Tantas

As Mil e Uma Noites

As Mil e Uma Noites, um clássico da literatura universal, é uma coletânea de histórias sobre a cultura árabe, preservadas pela tradição oral. A sua divulgação no Ocidente deveu-se a Antoine Galland, que recolheu e traduziu uma série de contos orientais e os publicou em 1704, em francês, com o título que hoje conhecemos.

A narrativa revela a coragem e a inteligência de uma mulher que conseguiu, através do dom de contar histórias, aplacar a ira e a raiva de um rei traído pela maldade e infidelidade de outra mulher.

A história começa em tempos muito remotos, na Pérsia, onde reinava a dinastia dos Sassânidas. Os dois herdeiros, Xarir e Xazaman, tinham cada um o seu reino: um na Índia; o outro, na China. Um dia, Xarir, o mais velho, cheio de saudades do irmão, pediu-lhe que o visitasse.

Xazaman, muito contente, fez os preparativos para a viagem e, quando foi despedir-se da esposa, encontrou-a adormecida nos braços de um criado. Retirou a espada e matou-os imediatamente.

Xarir recebeu o irmão com honras, presentes e festas, mas Xazaman sentia uma tristeza profunda e inabalável. Um dia, Xarir foi caçar sozinho e o irmão ficou no palácio, passeando pelos jardins. Foi então que Xazaman descobriu a traição da rainha, esposa de Xarir, e das suas servas, deitadas com os escravos. Apesar de lamentar a sorte do irmão, sentiu-se menos só na sua tristeza. Quando Xarir regressou da caçada, contou-lhe o que tinha presenciado. Depois de se certificar da traição, louco de fúria, Xarir ordenou ao vizir que matasse a rainha, as servas e os escravos.

Em seguida, tomou uma decisão: daí em diante não manteria nenhuma esposa viva para além da noite de núpcias. E assim aconteceu. Todos os dias Xarir pedia ao vizir que lhe escolhesse uma esposa e, no dia seguinte, mandava-a executar. O terror invadiu o reino, e todas as famílias com filhas elegíveis temiam o dia em que a terrível sorte as atingisse.

Até que um dia, Xerazade, uma das duas filhas do vizir, foi ter com o pai e lhe pediu para ser entregue como noiva ao rei. Xerazade, bela, inteligente, culta e educada pelos maiores sábios, tinha concebido um plano para acabar com a loucura do rei. O vizir, desesperado, tentou demovê-la da sua decisão, mas nem lágrimas, nem palavras conseguiram vencer a obstinação de Xerazade que, antes de partir para o casamento no palácio, pediu a ajuda da irmã Dinarzade para levar a bom termo o seu plano.

Depois da noite de núpcias e antes do amanhecer, Xerazade pediu a Xarir que lhe concedesse um último desejo, o de ver e despedir-se da irmã. Quando Dinarzade chegou, sentou-se junto do leito real e pediu à irmã que lhe contasse uma história, que o rei também quis ouvir. Xerazade deixou o rei preso nas suas palavras e, quando a manhã interrompeu a narrativa, Xerazade disse-lhe que o que havia contado não se comparava com o que teria para lhe contar na noite seguinte.

Desejoso de saber a continuação da história, Xarir permitiu que Xerazade vivesse mais um dia e, depois, outro dia e, ainda, mais outro...

Durante mil e uma noites, Xerazade estimulou a imaginação do rei com histórias belas, fantásticas e inteligentes. Até que, à milésima e uma noite, Xerazade lhe pediu que a resgatasse do destino que a aguardava.

Xarir apercebeu-se de que a amava e decretou grandes festas no reino, durante trinta dias, para celebrar a sua união com a mulher de quem nunca mais se separaria.

Das narrativas contadas por Xerazade, ficaram famosas as viagens de Sindbad, o Marinheiro, as aventuras de Aladino e a Lâmpada Mágica, e a mirabolante história de Ali Babá e os Quarenta Ladrões. Estes contos, que não integravam os manuscritos originais, tornaram-se extremamente populares quando, a partir do século XVIII, passaram a ser incluídos nas versões europeias de As Mil e Uma Noites.

Escape Room As Mil e Uma Noites

“Stories are a communal currency of humanity.” – Tahir Shah