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Os anos da ditadura
Numa ditadura, os poderes do Estado estão concentrados numa só pessoa, num partido único, num grupo ou numa classe que os exerce com autoridade absoluta.
Em 1928, António de Oliveira Salazar assumiu o cargo de ministro das Finanças do governo do presidente Óscar Carmona e afirmou-se gradualmente como o líder político da ditadura militar. Para o apoiar, foi criada a União Nacional, o único partido autorizado pelo Governo.
Em 1933, uma nova Constituição instituiu um novo regime em Portugal, o Estado Novo, que se orientava por princípios tradicionais, como a Igreja, a Pátria e a Família.
A nova Constituição manteve a Censura Prévia, que tinha por objetivo limitar a liberdade de expressão. Os jornais passaram a ser obrigados a enviar à Comissão da Censura quatro cópias de cada página. A publicação era proibida ou aprovada com cortes. O “lápis azul” riscou notícias, fados, peças de teatro e livros, apagou anúncios publicitários, caricaturas e pinturas de parede.
Foi sobretudo a partir dos anos 1930 que os portugueses deixaram de ter liberdade para falar sobre o que se passava no país. Quem criticava o governo era perseguido, torturado e preso.
Em 1936, Salazar criou aquilo a que chamou organizações patrióticas: a Mocidade Portuguesa, destinada a crianças e jovens, e a Legião Portuguesa, uma espécie de exército que tinha por objetivo defender a nação.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Portugal manteve a neutralidade e exportou, para os países em guerra, grandes quantidades de volfrâmio e produtos agrícolas. O dinheiro obtido foi depois usado na construção de infraestruturas: estradas, caminhos de ferro, pontes e barragens.
No entanto, o país, apesar de ter aumentado as suas reservas de ouro, enfrentava dificuldades e, na década de 1940, começou a faltar comida e houve greves e protestos nos campos agrícolas e nas fábricas. Muitos portugueses foram obrigados a emigrar.
Nem com as habituais campanhas de propaganda, o ditador conseguiu melhorar a sua imagem aos olhos do povo.
Por esta altura o cenário na Europa tinha mudado com a queda das grandes ditaduras europeias, como a italiana e a alemã. Em Portugal, os opositores ao regime formaram o Movimento de Unidade Democrática (MUD), mas Salazar ripostou, criando a Polícia Internacional de Defesa do Estado (PIDE), perseguindo comunistas, republicanos, monárquicos e os socialistas do MUD.
Almeida, P. C. (2007). Anos de ditadura: Salazar. QuidNovi.
“Revolution is not a one time event.” – Audre Lorde