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Como foi a Revolução dos Cravos, que pôs fim à ditadura em Portugal
Já passava da meia-noite do dia 25 de abril de 1974 quando a canção “Grândola, Vila Morena”, do cantor e compositor Zeca Afonso, foi transmitida na rádio.
A canção tinha sido proibida pela ditadura que governava Portugal e era o sinal que civis e militares do Movimento das Forças Armadas (MFA) aguardavam para iniciar a revolta que colocou fim a 48 anos de ditadura.
Começava a “Revolução dos Cravos”, assim chamada porque a população distribuiu cravos vermelhos aos soldados, que os colocaram nos canos das suas armas.
A revolta, rápida e pacífica, foi orquestrada por cerca de 200 capitães e majores, e pôs fim a um dos regimes autoritários mais longos do século XX. Na época, Portugal vivia uma grave crise económica e enfrentava guerras de independência nas colónias em África.
As Forças Armadas Portuguesas foram enviadas para o continente africano para combater focos de guerrilha em Moçambique, Guiné-Bissau e Angola. Os conflitos duraram 13 anos e estima-se que 10 mil soldados portugueses e 45 mil civis tenham morrido.
Quase metade do orçamento de Portugal passou a ser destinado ao setor militar.
A crise económica e o desgaste provocado pelos conflitos começaram a gerar uma grande insatisfação nas Forças Armadas e na população, levando ao aparecimento de movimentos contra a ditadura.
Partidos e movimentos políticos eram proibidos, e diversos líderes da oposição estavam na prisão ou no exílio.
A iniciativa da revolta partiu dos oficiais Otelo Saraiva de Carvalho e Vasco Lourenço. Ambos tinham concluído que os problemas não seriam resolvidos com requerimentos e papéis, mas com um golpe de Estado e eleições.
Com a queda do regime, as liberdades civis e democráticas foram retomadas e outros direitos, como o do voto, foram conquistados. As colónias em África passaram por processos de independência e uma nova Constituição entrou em vigor em Portugal.
Barrucho, L. (2023, abril 25). Como foi a Revolução dos Cravos, que pôs fim à ditadura em Portugal. Folha de S. Paulo.
“The first duty of a man is to think for himself.” – Jose Marti