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A Páginas Tantas

Luís de Camões: quem tem um olho é rei

Imagem: Bruno Ferreira

Não se pode ser português sem se ouvir falar do poeta Luís Vaz de Camões. O Dia de Portugal é também o Dia de Camões.

Nas escolas, os textos de Camões têm sido estudados por gerações sucessivas. Escreveu centenas de poemas, algumas peças de teatro e, claro, Os Lusíadas, nada mais nada menos do que 1100 estrofes de oito versos, sempre a rimar direitinho até ao fim, sem falhar uma sílaba. Para escritor, não está nada mal, mas Camões teve uma vida tão aventurosa que não se percebe como arranjou tempo para escrever tanto.

Não se sabe muito acerca da sua vida. Terá nascido em 1524 ou 1525, talvez em Lisboa. O que é certo é que tinha uma cultura inesgotável. Camões devia ser uma espécie de enciclopédia com pernas, o que quer dizer que talvez tenha feito estudos superiores em Coimbra.

Cumpriu o serviço militar em Ceuta e, num combate contra os mouros, perdeu um olho — e é por isso que aparece em estátuas e retratos com uma pala, o que lhe dá um ar de pirata. Regressado a Lisboa, envolveu-se numa luta, tendo ferido Gonçalo Borges, um homem com alguma importância na corte, o que o levou à prisão. Acabou por ser libertado, porque foi perdoado pelo agredido.

No mesmo ano, pôs-se a caminho da Índia. A viagem foi agitada, com direito a uma tempestade no cabo da Boa Esperança. O tema principal d’ Os Lusíadas é a viagem que Vasco da Gama tinha feito à Índia, anos antes, em 1498. Camões poderia ter usado a imaginação para reconstituir a viagem, mas a verdade é que fez o mesmo percurso, o que quer dizer que viu tudo aquilo que escreveu.

Viveu vários anos na Índia, onde continuou a escrever, tendo-se relacionado com pessoas importantes, como o vice-rei D. Francisco Coutinho ou Garcia de Orta. Diz-se que ainda terá estado em Macau. No regresso a Goa, naufragou na foz do rio Mecão e terá perdido uma mulher por quem estava apaixonado.

Entretanto, ao tentar regressar a Portugal, passou uma temporada em Moçambique, onde Diogo de Couto, outro grande escritor, o encontrou a viver na pobreza. Com a ajuda de amigos, regressou a Lisboa, onde terminou Os Lusíadas. Diz-se que leu a obra toda ao próprio rei D. Sebastião, que lhe ofereceu uma tença, isto é, um subsídio. Ainda assim, viveu os últimos anos na miséria, vindo a morrer, ao que parece, em 1580.

É considerado o rei dos poetas, e a sua obra é estudada por todo o mundo.

Fonte: Contos arrepiantes da História de Portugal. Rui Correia e António F. Nabais.

“Coisas impossíveis, é melhor esquecê-las que desejá-las.” – Luís de Camões