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A Páginas Tantas

Quem foi William Shakespeare?

William Shakespeare é um dos dramaturgos mais influentes do mundo ocidental e, no entanto, tudo quanto se sabe a respeito da sua vida resume-se a meia dúzia de factos: nasceu em Stratford-upon-Avon, constituiu família, mudou-se para Londres, tornou-se ator e escritor, regressou a Stratford, fez testamento e morreu.

Ilustração: David de Ramon

Perante a riqueza do seu legado literário e a pobreza de informações biográficas, os estudiosos têm-se concentrado de forma obsessiva naquilo que conseguem saber. Contaram todas as palavras que Shakespeare escreveu, registando os mais ínfimos pormenores. Assim, sabemos que as suas obras contêm 138198 vírgulas e 15785 pontos de interrogação. Legou-nos um total de 884647 palavras e 31959 falas, divididas por 118406 versos.

A linguagem de Shakespeare era, sob muitos aspetos, bastante moderna. Inventou 2035 palavras, ou, mais concretamente, foi o primeiro a usá-las, logo no início da sua carreira como dramaturgo.

Durante os reinados de Isabel I e Jaime I, as peças eram propriedade da companhia, não do autor. Por isso, no espólio de Shakespeare, não foram encontrados manuscritos de peças nem minutas. No final do século XVI, para os autores e para os atores, o mundo do teatro era um lugar de trabalho árduo e insano. Para prosperar, um teatro londrino necessitava de dois mil espetadores por dia, umas duzentas vezes por ano. Para que os espetadores voltassem ao teatro era necessário mudar constantemente a peça em representação. A maioria das companhias representava cinco peças diferentes por semana, por vezes seis. A procura de novo material era premente, mas, surpreendentemente, apesar das circunstâncias, a época viu surgir produções de grande qualidade.

Foi a partir de três representações de Shakespeare que todas as outras tiveram origem: uma gravura medíocre, uma estátua pintada, em tamanho natural, no local onde Shakespeare está sepultado, e aquele que ficou conhecido como o retrato de Chandos. Nada se sabe sobre a origem deste último, mas desde há muito que se afirma tratar-se da imagem do dramaturgo. Na verdade, ninguém sabe exatamente qual era a sua aparência. Nas palavras de Bill Bryson, Shakespeare é, simultaneamente, a mais famosa e a mais obscura de todas as figuras.

Fonte: Shakespeare: dos oito aos oitenta, Bill Bryson.

“Love all, trust a few, do wrong to none.” – William Shakespeare