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A Páginas Tantas

O que é um paradoxo?

Em sentido lato, a palavra paradoxo designa uma declaração aparentemente verdadeira que leva a uma contradição lógica ou a uma situação que contradiz a intuição comum.

Ilustração: Michaela Shoemaker

Existem quatro tipos principais de paradoxos:

Na matemática e nas ciências naturais, os paradoxos podem ser muito mais do que simples brincadeiras. Podem levar a descobertas importantes. Para os antigos pensadores gregos constituía um paradoxo irritante o facto de não conseguirem medir com rigor a diagonal de um quadrado de lado unitário, por mais apertada que fosse a escala da régua usada. Este facto perturbante abriu o caminho ao vasto domínio da teoria dos números irracionais.

Para os matemáticos do século XIX era enormemente paradoxal a possibilidade de se estabelecer uma correspondência biunívoca entre todos os elementos de um conjunto infinito e os elementos de um dos seus subconjuntos, bem como o facto de poderem existir dois conjuntos infinitos entre cujos elementos não se pode estabelecer correspondência biunívoca. Estes paradoxos levaram ao desenvolvimento da moderna teoria dos conjuntos, a qual, por sua vez, influenciou significativamente a filosofia da ciência.

Pode aprender-se muito com os paradoxos. Tal como os bons truques de magia, são tão surpreendentes que não resistimos a tentar descobrir os seus princípios de funcionamento.


“Esta frase é falsa”: o paradoxo do mentiroso

O computador louco
Há muitos anos, forneceu-se o paradoxo do mentiroso: — “Esta frase é falsa” — a um computador concebido para testar a veracidade ou falsidade de frases.

O pobre computador enlouqueceu, oscilando indefinidamente entre verdadeiro e falso.

Computador: Verdadeiro-falso-verdadeiro-falso...

O primeiro computador eletrónico concebido exclusivamente para resolver problemas de lógica binária foi construído em 1947 por William Burkhart e Theodore Kalin, então estudantes da Universidade de Harvard. Quando pediram à máquina que avaliasse o paradoxo do mentiroso, esta entrou em oscilação, fazendo, nas palavras de Kalin, “uma algazarra dos diabos”.

Num conto de Gordon Dickson, “The monkey wrench”, publicado em agosto de 1951, conta-se a história de um grupo de cientistas que teve de neutralizar um computador para salvar a vida. A técnica utilizada consistiu em dizerem ao computador: “Tens de rejeitar a afirmação que estou a fazer, porque todas as afirmações que faço são incorretas”.

Fonte: Gardner, M. (2024). Ah, apanhei-te! Gradiva.

“It is not enough to be in the right place at the right time. You should also have an open mind at the right time.” – Paul Erdős