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Jornal Escolar AE Muralhas do Minho | 2023-2024


Contos Imperfeitos: abril

Tão eterno quanto o cravo: um amor sob o céu de abril

Ana Catarina Rodrigues, 10.º B

Numa pequena vila portuguesa, sob o manto estrelado da noite de 25 de abril de 1974, Ana e Miguel encontravam-se à sombra de uma antiga oliveira. Os grilos cantavam, enquanto os seus olhares se cruzavam num misto de amor e medo. Ela, filha de um fervoroso apoiante do regime anterior, e ele, filho de um líder sindicalista.

Compartilhavam um amor tão proibido quanto intenso. Enquanto o país se dividia entre a esperança de um novo amanhã e o medo do desconhecido, o amor de Ana e Miguel florescia em segredo, desafiando as fronteiras impostas pela política e pela sociedade conservadora. Nas noites silenciosas, trocavam juras de amor sob o brilho das estrelas, prometendo enfrentar juntos os desafios que estavam por vir. Encontravam refúgio nos braços um do outro, onde o tempo parecia desacelerar e apenas o pulsar dos seus corações preenchia o ar. Sentiam-se leves. Dançavam ao som de canções proibidas onde cada olhar era uma declaração de amor verdadeiro que desafiava as convenções da sociedade. Mas a sombra do perigo pairava sobre eles, pois as suas famílias representavam lados opostos do conflito político. E quando a revolução se aproximava do seu auge, Ana e Miguel viram-se confrontados com a dolorosa escolha entre seguir os seus corações ou obedecer às expectativas e ideologias das suas famílias.

No dia em que as ruas de Portugal se encheram com o aroma do cravo vermelho, símbolo da revolução pacífica, Ana e Miguel encontraram-se uma última vez. Num abraço cheio de emoções contidas, prometeram que o amor deles seria uma chama eterna, capaz de transcender as barreiras do tempo e das circunstâncias, que permaneceria como uma estrela guia, iluminando o caminho através das sombras do passado e apontando para um futuro de esperança e liberdade.

Assim, enquanto o país se reconstruía e se reinventava, o amor de Ana e Miguel tornou-se um dos testemunhos silenciosos da coragem de seguir os próprios sentimentos, mesmo em tempos de mudança e incerteza.


Renascer em Grândola

Tiago Garcéis, 10.º B

Nas ruínas de um mundo devastado pelo caos, Grândola Vila Morena erguia-se como um farol de esperança. Entre os escombros das grandes cidades, os seus habitantes procuravam não só sobreviver, mas também preservar os valores que definiam a sua essência: a paz, a liberdade, a democracia e a independência.

No coração desta vila resiliente vivia Maria, uma jovem corajosa, que liderava o seu povo com determinação e bondade. Sob o seu comando, a comunidade mantinha viva a chama da esperança, mesmo nos dias mais sombrios.

Entre os símbolos mais preciosos de Grândola estavam os cravos, flores que brotavam entre as rachaduras do asfalto, lembrando a todos que a vida ainda pulsava ali, apesar das adversidades. Cada cravo era um lembrete do passado glorioso e um símbolo de resistência contra a opressão.

Numa noite em que o céu se tingia de tons de laranja e rosa, Maria reuniu os habitantes na praça central. Diante deles, ergueu-se com determinação, a sua voz ecoando pelas ruas estreitas. Ela falou sobre os valores que os uniam, sobre a importância de defender a democracia e a independência contra qualquer ameaça que surgisse.

Enquanto Maria discursava, uma sensação de esperança envolvia-os. Era como se a própria vila estivesse vibrando em harmonia com as suas palavras, reafirmando o seu compromisso com a liberdade e a justiça.

Na manhã seguinte, os habitantes de Grândola despertaram com renovado vigor. Sob a liderança de Maria, organizaram-se para fortalecer as defesas da vila, garantindo que nenhum inimigo pudesse ameaçar a sua liberdade.

Com o passar dos dias, Grândola floresceu como nunca antes. As ruas, antes vazias, agora estavam repletas de vida, os campos que cercavam a vila eram férteis e abundantes. E em cada esquina, os cravos continuavam a florescer, recordando a todos que, enquanto houvesse paz, liberdade e democracia, Grândola Vila Morena permaneceria como um símbolo de esperança e renovação.


O Grande Dia

Rodrigo Barbosa, 10.º B

Numa noite fria de abril, os cravos floresciam nos cabelos das pessoas, enquanto marchavam pelas ruas.

O rádio ecoava com a voz do povo clamando por paz e liberdade. O General Humberto Delgado, símbolo da luta pela independência, liderava a revolução contra o regime opressivo de António de Oliveira Salazar.

Em Grândola, a música da resistência embalava os corações dos que sonhavam com uma nova era. A PIDE tentava sufocar os gritos da Democracia, mas o povo não recuava. A vontade de eleições justas e livres era mais forte do que qualquer ameaça.

Finalmente, a aurora da liberdade despontou. O sol nasceu sobre um país que respirava independência. Os cravos vermelhos adornavam cada esquina, enquanto a Democracia florescia. O General Humberto Delgado sorria, vendo o país livre do jugo opressivo.

Naquele dia, Portugal abraçou o futuro com esperança, guiado pela voz do povo e pelo sonho de uma nação onde todos são livres.


Cravos da Liberdade

Eliana Alves, 10.º B

Numa pequena vila, nas montanhas de Portugal, onde os cravos cresciam em excesso na primavera, vivia um homem solitário chamado Humberto Delgado que era conhecido por todos como General Humberto Delgado. Ele passava os seus dias cuidando do seu pequeno jardim, distante das preocupações do mundo.

Um dia, enquanto colhia cravos para enfeitar a sua modesta casa, o General encontrou uma velha caixa coberta de pó, enterrada sob um arbusto. Dentro dela, descobriu um diário antigo pertencente a um homem chamado António de Oliveira Salazar. Intrigado, começou a ler.

As páginas revelavam os pensamentos e segredos de Salazar, o líder que havia governado Portugal com mão de ferro décadas antes. Entre as linhas, o General descobriu menções e eleições fraudulentas, delatores que espreitavam em cada esquina e um povo oprimido que clamava por liberdade.

A leitura do diário coincidiu com um período de agitação na vila. O povo reunia-se em segredo, sussurrando sobre uma iminente revolução. O General, antes alheio aos problemas políticos, sentia, agora, um fervor crescente em seu peito. A paz que ele conhecera na sua imensa solidão estava ameaçada, mas a promessa de liberdade e democracia atraía-o como um farol na escuridão.

Decidiu agir. Usando o conhecimento do diário, ele convenceu os habitantes da vila a unirem-se em prol da independência e da justiça. Os cravos que ele cultivava tornaram-se símbolos da resistência, enfeitando as roupas e os cabelos dos manifestantes.

A revolução surgiu com fervor, e o povo lutou valentemente pela sua liberdade. Os delatores foram desmascarados, a tirania foi derrotada e, no final, a vila conheceu a tão desejada democracia.

O General, agora visto como um herói local, voltou ao seu jardim. Com um sorriso, plantou mais cravos, não apenas como uma lembrança do passado, mas como um lembrete de que a luta pela liberdade nunca termina, e que a paz só pode ser alcançada com justiça e coragem.


A Revolução dos Cravos

José Neto, 10.º B

Há muito tempo, numa manhã de abril, os cravos que ficavam na beira das ruas de Lisboa, desabrocharam, pintando a cidade com o tom de vermelho brilhante e esperança. Era o 25 de Abril de 1974, que ficaria destacado na História de Portugal.

A Rádio de Renascença transmitia as notícias clandestinas, sussurrando aos ouvidos do povo que clamava por mudança. O povo estava cansado das opressões, das sombras da PIDE, a polícia secreta do regime de António Oliveira de Salazar. O General Humberto Delgado era uma figura carismática que sonhava com a liberdade e a democracia do país.

Naquela manhã, as ruas estavam lotadas de pessoas, Homens e Mulheres, jovens e idosos, todos unidos, proclamando o desejo de liberdade. Os detetores da PIDE estavam atentos, mas o povo não se intimidou. Eles marcharam em direção ao quartel-general, onde os militares se encontravam e se rebelaram contra o regime autoritário.

Os tanques saíram às ruas, e os soldados distribuíram cravos aos manifestantes. As balas foram substituídas por flores, e a revolução ganhou um novo nome: a Revolução dos Cravos. A paz estava finalmente alcançada.

As eleições começaram, o povo votou com muito entusiasmo. A democracia floresceu, e Portugal havia de ter um futuro de esperança e liberdade. O General Delgado, embora não estivesse mais entre nos, tornou-se um símbolo pela luta da justiça…

E assim, o 25 de Abril permanece como uma conquista na história de Portugal, lembrando-nos que a força do povo pode mudar o futuro da nação. Os cravos continuaram a florescer, recordando a importância de nunca esquecer o passado e de sempre lutar pela liberdade.


A Canção da Revolução

Gonçalo Pires, 10.º B

Numa noite estrelada em Lisboa, os cravos floresciam nos canos dos fuzis, enquanto as ondas da rádio Renascença ecoavam “Grândola, Vila Morena”. Era o sinal da revolução. O povo clamava por paz e liberdade, cansado da tirania de António de Oliveira Salazar e da opressão da PIDE.

Nas ruas, a voz do General Humberto Delgado ecoava, incitando à independência e à democracia. As eleições tornaram-se um sonho palpável, um direito que o povo ansiava exercer.

Os soldados, outrora ao serviço da ditadura, agora erguiam-se ao lado do povo, em defesa da democracia. Nas praças, as bandeiras tremulavam, celebrando a nova era de esperança e igualdade.

A revolução culminou na aurora de uma nação renovada, onde a voz do povo ecoou mais alto do que as ordens de um déspota. E assim, Portugal abraçou a liberdade, guiado pela canção de Grândola, rumo a um futuro de paz e justiça.


A Liberdade

Bia Ferreira, 10.º B

Há muitos anos, num pequeno país chamado Portugal, vivia um povo muito triste e pobre. As crianças não podiam brincar juntas, pois os meninos e as meninas tinham de estar separados. As meninas não podiam usar calças. As mulheres não podiam viajar sozinhas para fora do país sem autorização escrita do marido.

Portugal era um belo país, mas as pessoas não eram felizes, pois viviam com medo, medo de rir, medo de falar umas com as outras, medo de serem ouvidas, medo de serem observadas e medo de serem presas. Tudo isso, porque viviam numa ditadura liderada por António de Oliveira Salazar. E a PIDE controlava o povo e todos os que pretendiam revoltar-se contra Salazar.

No dia 25 de abril de 1974, um grupo de jovens militares levou a cabo um golpe de Estado que, em menos de 24 horas, derrubou a ditadura. Essa revolução foi chamada de Revolução dos Cravos porque foi uma revolução pacífica, na qual os soldados tinham cravos vermelhos ao peito ou nas suas espingardas e ninguém ficou ferido.

Através da rádio, explicaram à população que pretendiam que o país fosse de novo uma democracia, com eleições e liberdade. E punham no ar músicas de que a ditadura não gostava, como Grândola Vila Morena, de José Afonso.

Um ano depois, os portugueses votaram pela primeira vez em liberdade e em democracia.

Depois da revolução, o povo encontrou a paz e começou a viver em liberdade. Passou a haver muitos partidos políticos. Tanto os homens como as mulheres podiam votar no partido que mais gostassem. A imprensa ficou livre.

Desde então, nesse pequeno país, passaram todos a dizer: “Viva a Liberdade, Viva o 25 de Abril”.


A Liberdade e União

Pedro Sousa, 10.º B

Numa terra distante, onde os cravos floresciam todo o ano, havia uma pequena estação de rádio chamada Rádio Renascença. Era dirigida por um homem sábio e bondoso conhecido como General Humberto Delgado. Ele não era um general de verdade, mas o povo da cidade deu-lhe esse título pela sua liderança e proteção.

A cidade era conhecida pela sua paz e liberdade. Todos os cidadãos tinham voz e eram ouvidos na Rádio Renascença, onde partilhavam histórias, músicas e sonhos. O General Delgado acreditava que a liberdade era o direito de todos e trabalhava incansavelmente para garantir que cada pessoa vivesse sem medo.

Mas nem tudo era perfeito. Havia um grupo sombrio conhecido como PIDE, que tentava semear discórdia e controlar as mentes das pessoas. Eles não gostavam da Rádio Renascença nem do General Delgado, pois ambos representavam tudo o que eles detestavam: esperança e unidade.

O povo sabia que uma revolução era necessária para manter a liberdade. Não seria uma revolução de violência, mas uma revolução de ideias e palavras. Sob a orientação do General Delgado, eles usaram a Rádio Renascença para espalhar mensagens de amor e fraternidade.

Quando a PIDE tentou fechar a estação, o povo uniu-se como nunca antes o fizera. Armados apenas com cravos e canções, eles cercaram a rádio, protegendo-a com as suas próprias vidas. A PIDE foi assim derrotada não por armas, mas pela força do povo unido.

No final, a Rádio Renascença permaneceu no ar, o General Delgado continuou a ser um farol de luz, e os cravos tornaram-se um símbolo eterno de paz e liberdade. A revolução do povo mostrou ao mundo que a verdadeira força vem da união e do amor.


Grândola

Gonçalo Almeida, 10.º B

Era uma vez, numa pequena vila chamada Grândola, onde os cravos floresciam e a esperança de paz e liberdade pairava no ar. O povo ansiava por uma revolução, cansado do regime autoritário de António de Oliveira Salazar.

Numa manhã de abril, as ondas da Rádio Renascença soaram pelas ruas, anunciando a independência do povo. A música de “Grândola, Vila Morena” foi o sinal para a ação. O povo saiu às ruas, com cravos vermelhos, símbolo da revolução.

A PIDE, a polícia política do regime, tentou resistir, mas não havia mais espaço para aquela ditadura. As eleições foram convocadas, e a democracia começou.

A vila de Grândola, outrora um lugar de silêncio forçado, agora vibrava com o som da liberdade. As pessoas reuniam-se nas praças, discutindo as suas ideias e sonhos para o futuro.

A revolução marcou o início de uma nova era em Portugal, onde a paz, a liberdade e a democracia se tornaram pilares da sociedade. O povo encontrou a sua voz e nunca mais permitiu que ela fosse silenciada.

E assim, a história de Grândola tornou-se num exemplo de coragem e determinação.


Renascimento da Liberdade

Diogo Fernandes, 10.º B

Havia uma pequena vila chamada Brandola, aninhada entre colinas verdejantes e campos dourados, onde os cravos floresciam em profusão durante a primavera. Era um lugar onde o tempo parecia ter desacelerado, mantendo viva a memória dos dias turbulentos do passado.

Naquela vila, a rádio Renascença transmitia as melodias suaves que acariciavam os ouvidos dos moradores todas as tardes. As ondas sonoras traziam um senso de paz e conforto, mas também sussurravam histórias antigas de opressão e resistência.

A sombra do passado ainda pairava sobre Brandola, lembrando os dias sombrios em que o povo vivia sob o domínio de António de Oliveira Salazar e o seu regime ditatorial. A PIDE, a polícia secreta do regime, espalhava o medo e a repressão, silenciando qualquer voz discordante.

Mas, mesmo nas horas mais sombrias, havia um sentimento de esperança e determinação entre os habitantes da vila. Eles reuniam-se secretamente para discutir a liberdade e sonhar com um futuro melhor, inspirados pela canção “Grândola, Vila Morena”, um hino de resistência que ecoava nos corações do povo.

Então, numa manhã de abril, o destino de Brandola mudou para sempre. As ondas da rádio Renascença trouxeram notícias emocionantes: o povo de Portugal estava a insurgir-se num ato de coragem e determinação. Era o dia da independência, o dia em que a democracia finalmente triunfaria sobre a opressão.

O 25 de Abril marcou o início de uma nova era para Portugal e para Brandola. As ruas, antes silenciosas, encheram-se de alegria e celebração, enquanto os cravos vermelhos eram erguidos em sinal de liberdade. A PIDE foi desmantelada e a voz do povo foi finalmente ouvida.

As eleições democráticas trouxeram um novo governo, e o nome de Brandola ecoou por todo o país como um símbolo da luta pela liberdade. A vila tornou-se um farol de esperança, lembrando a todos que a coragem e a determinação podem derrubar até mesmo os regimes mais opressivos.

E assim, esta pequena vila encontrou a sua paz, não apenas nos campos florescentes e nas melodias suaves da rádio Renascença, mas na liberdade que eles haviam conquistado com tanto sacrifício e coragem. E a cada ano, no 25 de abril, as pessoas reúnem-se para celebrar não apenas a independência de Portugal, mas também o espírito indomável do povo que nunca desistiu de lutar pela sua liberdade e pela democracia.


Herança de Grândola

Tomás Gomes, 10.º B

Há muito tempo, numa pacata aldeia chamada Grândola Vila Morena, onde os cravos desabrochavam em profusão, vivia um povo simples, mas sonhador. O eco da Rádio Renascença era a trilha sonora de suas vidas, transmitindo mensagens de paz e esperança.

Numa reviravolta inesperada, o General Humberto Delgado, um homem destemido, desafiou as sombras do regime de António de Oliveira Salazar, que havia sufocado a aspiração de liberdade e independência do povo. Sob o olhar atento da PIDE, ele pregava a mensagem da democracia e da justiça para todos.

Enquanto a nação ansiava por mudança, as sementes da revolução começaram a brotar silenciosamente em Grândola. O povo, inspirado pela coragem do General Delgado, começou a reivindicar os seus direitos, buscando uma voz nas decisões que moldavam o seu destino.

À medida que a agitação se espalhava, as eleições locais tornaram-se um marco crucial. Pela primeira vez, o povo teve a oportunidade de expressar a sua vontade, de escolher líderes que os representassem verdadeiramente. Era um momento de renovação, uma demonstração viva da aspiração do povo por uma verdadeira democracia.

Enquanto a revolução se desenrolava, os cravos tornaram-se o símbolo da resistência pacífica, uma expressão visual do desejo coletivo de mudança. Aos poucos, a sombra do medo cedeu diante da crescente luz da liberdade.

A Rádio Renascença, como guardiã da voz do povo, amplificou os anseios e as conquistas da comunidade, tornando-se um farol de esperança e inspiração. A mensagem de unidade e progresso ecoou pelas colinas de Grândola e além, fortalecendo os laços de solidariedade entre as pessoas.

A revolução em Grândola não foi marcada por tumultos ou conflitos, mas sim pelo poder transformador da determinação coletiva. O legado do General Delgado perdurou como um lembrete eterno da força do povo quando unido em busca de um ideal comum.

E assim, Grândola Vila Morena não apenas testemunhou a mudança, mas tornou-se uma fonte de inspiração, uma lembrança viva da herança de paz, liberdade e democracia que o povo carregaria adiante, moldando o destino da nação para as gerações futuras.


A viagem no tempo com um diário

Daniela Purificação, 10.º B

Estava na casa do meu avô, a remexer nas suas velharias, quando encontrei um baú, que abri sem hesitação. Dentro desse baú, deparei-me com um diário coberto de pó. Fiquei a pensar se o deveria abrir, pois podia ser algo pessoal, no entanto, folheei-o. Encontrava-se totalmente em branco, o que me desapontou. Todavia, quando olhei ao meu redor, já não me situava na casa do meu avô, estava perdido numa humilde casa, coberta por um enorme silêncio e com o diário aberto sobre as mãos.

Decidi investigar este lugar bizarro. Na cozinha, encontrei uma senhora que ficou deveras assustada com a minha presença. Fez-me inúmeras perguntas, das quais só consegui responder ao meu nome, não sei qual de nós estava mais confuso nesta situação. Em seguida, questionei que lugar era este, e ela, muito carinhosa e paciente, disse-me que estava na sua casa e, ao longo da conversa, percebi que aquela mulher era a irmã mais velha do meu avô, mas muito mais nova.

Aparentemente, viajei no tempo, para o 25 de abril de 1974, mais precisamente quando sucedeu a Revolução dos Cravos. Corri imediatamente para fora de casa, pois queria presenciar o momento em que se iniciou a libertação de Portugal. Comecei a ouvir Grândola Vila Morena, de Zeca Afonso, na rádio Renascença, o método utilizado pelos militares para transmitir ao povo que pretendiam obter a democracia do país, e, nesse instante, inúmeros militares cercaram o quartel da GNR, pois era lá que se refugiava Marcello Caetano, um dos donos do poder. Nesse conjunto de militares, chamou-me à atenção um, que aparentava ser o meu avô, sempre muito sério e sem perder a compostura, até que reparou no meu olhar fixo e intenso, que me devolveu com um piscar de olhos.

A população começou a juntar-se aos militares, e eu apressei-me para nenhum grandalhão me tapar a vista, mas, logo depois, surgi uma vendedora de flores, a qual se parecia imenso com a minha avó – será que foi aí que se conheceram? – e distribuiu cravos, que os militares colocaram nas espingardas e os civis ao peito. Estava tudo em paz e em liberdade, e eu encantado com o que acabara de presenciar.

Olho para as minhas mãos e noto que ainda não fechei o diário, por isso fecho-o e, de repente, situo-me na casa do meu avô, como inicialmente. Guardo o diário novamente no baú, para ninguém desconfiar, e volto para casa com a intenção de regressar mais tarde, pois este mistério terá de ser investigado.


Numa pequena vila escondida

Joana Rodrigues, 10.º B

Numa pequena vila escondida entre montanhas verdejantes, onde o sol se demorava a pôr e os campos repletos de flores eram abraçados pelo vento, Grândola erguia-se como um oásis de tranquilidade. No entanto, por trás da serenidade aparente, fervilhava o desejo de mudança.

Era o tempo de uma revolução que soava por todo o país, ansiando por paz, liberdade e justiça. Os cravos vermelhos eram símbolos de resistência e o povo de Grândola, com a sua força silenciosa, era parte desse movimento. Nas praças e ruas, entre o perfume das flores e o canto dos pássaros, soavam os desejos por uma vida digna, por direitos garantidos. As sombras do passado, representadas pela sinistra presença da PIDE, a polícia política do regime ditatorial, tentavam resistir à marcha implacável da História. Mas os ideais de liberdade eram como um fogo imparável, acendendo a chama da esperança nos corações dos oprimidos. Chegou o dia das eleições, e Grândola engalanou-se. Nas ruas enfeitadas, os sorrisos brilhavam como estrelas, numa noite sem medo. Homens, mulheres e crianças marchavam juntos, com a certeza de que estavam a lutar por um futuro feito com as próprias mãos. No largo da vila, erguia-se um palco improvisado, onde líderes locais discursavam sobre os princípios da democracia, sobre a importância de cada voto e a responsabilidade de cada cidadão. Os olhos atentos da multidão refletiam a sua determinação.

Enquanto isso, nos bastidores, os últimos homens do antigo regime lutavam para manter o poder que lhes escorregava por entre os dedos. Mas era tarde demais. O povo despertou, e nada nem ninguém poderia detê-lo. Assim, entre cravos e bandeiras da liberdade, Grândola tornou-se o símbolo de uma nova era. Nas páginas da história, a sua jornada seria para sempre lembrada como um testemunho da coragem do povo, da sua capacidade de resistir e lutar pelos seus direitos mais fundamentais.

E, enquanto os ventos da mudança sopram, e esses ventos levam o passado sombrio, Grândola ergue-se como um farol de esperança, guiando o país a um rumo e a um futuro de democracia e dignidade para todos.


Campo de Cravos

Sara Esteves, 10.º B

Tomie era uma jovem confiante que desejava, mais do que tudo, tornar-se uma aventureira. Durante a sua vida, ela treinara a lutar com uma espada e as suas habilidades de navegação, para que um dia pudesse explorar o mundo tal como os seus pais o tinham feito.

Infelizmente, havia um obstáculo na vida de Tomie que a impedia de realizar o seu sonho. Ela vivia com a tia numa cidade rodeada por grandes muros. Nessa cidade, apenas aventureiros experientes e comerciantes com licença podiam entrar e sair livremente. O povo não tinha essa liberdade e ninguém iria deixar uma jovem sair sozinha da cidade.

Tomie entrou na Sociedade de Aventureiros na esperança de que a enviassem em missões, mas, não tendo experiência, ela só podia fazer trabalhos simples na cidade.

Um dia, quando se dirigia para casa, depois de fazer algumas entregas, Tomie viu uma rapariga num vestido chamativo rosa, amarelo e laranja, que estava a cantar e a dançar para as crianças da cidade. Tomie ficou encantada com as canções e a energia da rapariga, e decidiu aproximar-se.

Ficou a ouvir as canções até que viu um polícia aproximar-se da rapariga, gritando algo sobre como as atuações públicas eram proibidas por lei.

— Parece que é tudo por hoje, crianças! Eu volto assim que puder! — Entre os suspiros desapontados das crianças, a rapariga começou a correr pela rua, a fugir do polícia.

Tomie apressou-se para a ajudar, segurando-lhe a mão e guiando-a para um beco escuro. Ficaram escondidas até ouvirem o polícia a afastar-se.

A rapariga agradeceu com um sorriso luminoso e disse que se chamava Emma. Contou a Tomie que o seu sonho era poder trazer sorrisos a todas as pessoas que encontrasse e que, para isso, ia tornar-se uma artista e viajar. As duas começaram a conversar, tornando-se muito próximas e prometeram uma à outra que iriam explorar o mundo para que ambas concretizassem os seus sonhos.

Tomie e Emma decidiram fugir juntas da cidade.

Escalar os muros estava fora de questão! Então, a melhor solução seria fugir às escondidas ou disfarçadas. Numa cidade com leis tão restritas era difícil manter a paz entre o povo por muito tempo e a melhor altura para escapar seria durante um protesto.

A sorte sorriu às duas raparigas, porque uma grande revolução ia acontecer em breve. Todos os protestantes iam juntar-se na rua principal e lutar para mudar o governo, para poderem participar em eleições e escolher as suas leis.

Enquanto a polícia e os guardas estavam a lidar com o povo descontente, Tomie e Emma disfarçaram-se de aventureiras e fugiram a cavalo pelo portão principal.

Depois de algum tempo a cavalgar, a aventureira e a cantora pararam para descansar num campo cheio de cravos, uma flor que elas nunca tinham visto antes. As duas ficaram a contemplar a beleza de uma paisagem sem muros e pensaram nas possibilidades para o seu futuro. Agora eram livres para viajar pelo mundo e podiam finalmente alcançar os seus sonhos juntas.


Avatar Liberdade

Margarida Carvalho, 10.º B

Há muito tempo, o mundo estava unido num só. Os humanos e os espíritos viviam em sintonia, apesar das suas diferenças. E por muito que as coisas fossem diferentes, o mais diferente era um humano ter um irmão espírito. Humberto Delgado e António de Oliveira Salazar eram os famosos e rebeldes irmãos de que toda a gente ouvia falar. Contudo, a vida muda e, com ela, as pessoas também e infelizmente foi o que aconteceu com estes irmãos.

Quando eram adolescentes, saíram para explorar o bosque, tal como faziam todos os dias. Humberto, sendo humano, não podia fazer certas coisas que António fazia. E como bom irmão que António era, ajudava Humberto a desviar-se de possíveis perigos que poderiam acontecer. Contudo, aquilo com que não contavam era com um perigo verdadeiro à espreita. Um espírito estava ferido e quando sentem emoções negativas, transformam-se em coisas terríveis. Como António era um espírito, estava a tentar acalmá-lo, mas os impulsos de sobrevivência de Humberto eram maiores e acabou por matar o espírito. Começando, assim, uma revolução no mundo.

Depois do conflito, o mundo dividiu-se em dois e tanto os humanos como os espíritos se odiavam mutuamente. Anos mais tarde, Humberto tornou-se governador dos humanos e, eventualmente, António dos espíritos. Apesar do ódio que todos sentiam, existia uma jovem que sentia que estas diferenças deviam ser postas de parte e o mundo deveria voltar a unir-se como um só. O seu nome era Liberdade. E como o seu nome indica, ela só queria paz e liberdade no mundo.

Certo dia, Liberdade decidiu arriscar e falar ao mundo na rádio Renascença. Eventualmente, o seu discurso não teve muito sucesso, pois o ódio era grande demais, mas o povo ficou a pensar seriamente no assunto. Ficaram pensativos, porque o que Liberdade disse sobre si própria era realmente estranho. Ninguém ouve todos os dias que existe um humano e um espírito num só. Sim, a Liberdade era o que se considera uma ponte entre o mundo dos humanos e o mundo dos espíritos. Chamavam-lhe Avatar.

Sendo assim, com o passar dos dias, a notícia de haver um Avatar tornou-se conhecida no mundo inteiro. Muitos humanos e espíritos começaram a aderir à causa da Liberdade, mas outros gostavam de ter a sua própria independência. Humberto e António tiveram conhecimento do que estava a acontecer e, como bons líderes que eram, apesar das suas diferenças, decidiram ir a eleições. Continuar cada um com a sua independência ou o mundo unir-se novamente.

Quando as eleições chegaram ao fim, o que Liberdade queria realmente tornou-se realidade. Os votos indicaram que o mundo iria unir-se como um só e, finalmente, as diferenças iriam ser postas de parte.

No fim, os dois irmãos tornaram-se os melhores amigos outra vez e, como ponte entre mundos, Liberdade tornou-se a líder desta tal comunidade. Como símbolo de paz eterna, o Avatar definiu que o cravo seria a representação física do mundo e que deveria ser cuidado para manter o equilíbrio.


Cravos Perdidos

Inês Esteves, 10.º B

Um dia, uma menina chamada Aurora decidiu sair de casa e ir apanhar cravos para oferecer à mãe, mas queria que fosse surpresa, porque a mãe fazia anos e eram as suas flores preferidas. A filha nada disse, inventou uma breve desculpa, dizendo que ia ter com uns amigos e que voltava cedo. A mãe, como já era costume a filha ir brincar com os amigos, não se chateou e aceitou a proposta da filha, só lhe disse o que dizia sempre, antes de ela sair de casa:

— Aurora, tem cuidado com pessoas que não conheces!

Como já era hábito ouvir isso da mãe, ela nem a deixou acabar a frase, simplesmente saiu porta fora.

Durante o caminho pela floresta, deparou-se com uma borboleta majestosa, que era de tirar o fôlego. Ficou muito atraída por ela e decidiu segui-la, afastando-se completamente do caminho. Quando Aurora se apercebeu de que estava perdida, descobriu uma porta escondida numa árvore e, quando a abriu, foi parar a um mundo completamente diferente do seu.

Era um mundo muito colorido, cheio de animais exóticos e um povo muito estranho, mas o mais bizarro era que lá, a magia existia.

Quando Aurora se deparou com tantas mudanças e coisas que para ela não podiam ser reais, ficou apavorada, mas, ao mesmo tempo, encantada, porque sempre acreditou muito na magia, mas nunca tinha tido provas de nada.

Nesse mundo, conheceu muitas pessoas e animais, fez muitos amigos e teve milhares de aventuras, mas chegou um dia que se lembrou do real motivo pelo qual ela tinha saído de casa. Pensou, então, que já se tinham passado muitos dias naquele mundo e a mãe dela deveria de estar apavorada por não saber onde estava a filha.

Então, Aurora despediu-se de todos com muita pena porque tinha adorado os momentos que tinham vivido, mas voltou para o seu mundo.

Uma amiga que tinha feito no outro mundo disse que tinha mandado uma borboleta ajudá-la para ela voltar a encontrar a sua casa, e assim foi, ao passar por aquela porta uma borboleta esperava por Aurora para lhe mostrar o caminho de volta. No caminho, lembrou-se dos cravos para a mãe e colheu-os para lhos dar. Quando a borboleta já tinha posto Aurora no bom caminho, despediu-se e foi-se embora. Aurora foi a correr o resto do caminho com pavor da reação que a mãe poderia ter, mas quando finalmente chegou a casa, a mãe, ao ver a filha, fez cara de admirada e não de assustada por não a ver há vários dias, e Aurora ficou confusa com o que a mãe disse:

— Já voltaste, Aurora? A brincadeira foi curta, só demoraste uma hora com os teus amigos?

Aurora respondeu:

— Uma hora? Como assim uma hora? Para mim foram dias…

A mãe começou a rir-se pela estupidez que a filha tinha dito e perguntou-lhe o que trazia ela na mão.

Aurora mostrou-lhe um ramo de cravos e estendeu a mão para lhos dar, dizendo que eram prenda de aniversário para ela.

A mãe de Aurora ficou reluzente de felicidade e agradeceu muito à filha pelo gesto que ela teve para consigo.


Liberdade, Paz e Amor

Inês Eiras, 10.º B

Era uma vez um lugar onde os cravos floresciam em todas as esquinas, simbolizando a paz, o amor e a liberdade que reinava naquela terra. No entanto, nem sempre foi assim.
Há muitos anos, uma revolução tinha sido travada contra um regime que tentava impor um limite à liberdade do povo. A rádio Renascença foi um dos principais meios de comunicação que apoiou a luta pela democracia e pelos direitos do povo.
As eleições foram finalmente realizadas, e por fim o povo pôde escolher os seus representantes de forma livre e justa. A democracia estava a triunfar, e o abuso da Pide, a polícia política do antigo regime, foi finalmente deixado para trás.
Os cravos continuavam a florescer, embelezando as ruas e lembrando, assim, todos os cidadãos da luta pela liberdade. O povo sabia que, apesar dos desafios, a democracia e a paz eram agora conquistas que valia a pena proteger a todo o custo. E assim, a história da revolução que trouxe luz e esperança para aquela terra viveu para sempre na memória daqueles que passaram por ela.

Contos Imperfeitos: abril / Turma 10.º B, ano letivo 2023-2024 / Ilustração: Inês Martins

“Liberty means responsibility. That is why most men dread it.” – George Bernard Shaw