Jornal Escolar AE Muralhas do Minho | 2024-2025
‘Contos Imperfeitos’ regressam para mais uma missão de escrita criativa
Turma 11.º B | 28-11-2024
Os contos do mês de novembro surgem em colaboração com o Clube Ciência Viva, sendo dedicados especialmente às ciências.
Mais uma vez, a imaginação dos alunos do 11.º B não teve limites, brindando-nos com narrativas simples e interessantes, pondo à prova as ciências e a imaginação.
Ben e Lia, uma história de pura química
Ana Catarina Rodrigues, 11.º B
Num oceano vasto de moléculas flutuantes, duas entidades destacavam-se: Lia, uma molécula de hidrogénio, e Ben, um oxigénio robusto e charmoso. Vagavam separados, mas compartilhavam um destino comum: estavam prontos para reagir. Lia sempre fora leve e livre, com a sua nuvem eletrónica distribuída como um vestido suave, flutuando pelos espaços moleculares com uma leveza que a deixava vulnerável ao caos dos elementos. Já Ben era intenso, com uma configuração eletrónica que brilhava como um magnetismo quase irresistível. Ele tinha uma eletroafinidade forte e uma carência profunda que atraía a atenção de todos. Mas nenhuma molécula realmente o compreendia... até que ele conheceu Lia.
Eles aproximaram-se numa colisão controlada, num movimento coordenado pelas leis da termodinâmica. No primeiro encontro, a energia de ativação foi intensa. Houve um choque, uma troca de olhares na escala molecular. Lia sentiu os seus eletrões tremularem ao toque da nuvem eletrónica de Ben. O seu orbital mais externo sentiu a atração. Ben, por sua vez, sentiu uma conexão além das ligações comuns. “Eu... nunca senti isto antes,” confessou Ben, com a sua estrutura a vibrar. “O meu nível de energia completa-se contigo.” Lia sorriu, sentindo a sua vibração harmonizar-se com a dele. E como que por uma magia quântica, os seus orbitais sobrepuseram-se, criando uma ligação covalente forte. Unidos, eles formaram algo maior do que cada um sozinho. Tornaram-se uma molécula de água, tão simples e tão indispensável para a vida.
Agora, Lia e Ben não eram apenas duas moléculas separadas, eram uma ligação estável, uma substância com propósito. Navegavam juntos no grande oceano, movidos pelas correntes, com os seus destinos entrelaçados numa dança eterna de polaridade e atração. Na imensidão do universo molecular, Lia e Ben seguiram juntos, vivendo uma paixão tão essencial quanto a água para a vida.
O menino que descobriu o invisível!
Bia Ferreira, 11.º B
Era uma vez um menino chamado Luís, que adorava observar as estrelas. Uma noite, enquanto olhava para o céu, ele perguntou à sua avó Mariana por que motivo as estrelas brilhavam tanto. Ela explicou que as estrelas produzem energia através de uma reação chamada fusão nuclear, onde os átomos se juntam, libertando muita luz e calor. Luís ficou curioso e quis saber mais. A sua avó contou que no espaço não há pressão como na Terra, mas as estrelas têm tanta massa que criam a sua própria força. Luís imaginou como seria flutuar no espaço sem gravidade. Enquanto olhava novamente para o céu, pensou nas estrelas e nos processos que a sua avó explicou. Imaginou o quanto ainda havia para aprender, não apenas sobre o espaço, mas sobre as pequenas coisas ao seu redor.
No dia seguinte, Luís decidiu fazer uma experiência. Então, colocou um pouco de água ao sol e viu que, ao fim de algum tempo, ela desaparecera lentamente.
— Isto é a evaporação! — gritou ele, observando que a temperatura estava alta.
A sua avó sorriu e explicou que, ao aquecer, as moléculas de água ganham energia cinética e transformam-se em vapor. Luís colocou gelo num copo e observou o processo inverso, a condensação. Fascinado, começou a entender que tudo ao seu redor era movido por essas forças invisíveis.
Com um caderno na mão, Luís começou a anotar tudo o que observava: a transformação da água, o movimento das nuvens, até o calor do sol sobre a sua pele. Cada detalhe era uma nova descoberta, e ele estava determinado a entender o que havia além do que os olhos podiam ver.
Alecrim
Daniela Purificação, 11.º B
Estava um dia de sol escaldante e a população de Locistre desfrutava do seu resto de domingo no pequeno lago situado na aldeia. Nessa aldeia vivia Cira, uma menina de doze anos bastante inteligente e curiosa, mas muito solitária. Passava os dias a brincar sozinha, e o seu único amigo era o seu gato obeso e ancião, o Alecrim.
Nessa mesma tarde, os pais de Cira resolveram juntar-se à aldeia e desfrutar do escasso lago, contudo Cira recusou acompanhá-los, portanto permaneceu na sua residência.
Quando os pais abandonam o local, Cira desloca-se até ao quarto, onde encara Alecrim a dormir na sua almofada. A menina dá-lhe um beijinho na cabeça e vai brincar com os seus brinquedos, espalhados pelo chão.
Passadas algumas horas de brincadeira, pressente um cheiro estranho a percorrer as suas narinas, algo que lhe era familiar. Fogo! A menina levanta-se com muita velocidade e desespero, contempla a paisagem e avista um grande incêndio, que estava prestes a encurralar e a destruir a biodiversidade presente na sua aldeia e arredores. Com a aflição a dominar-lhe o corpo, Cira agarra em Alecrim, ainda sonolento, dirige-se para a porta de entrada e corre até ao limite da propriedade. A exaustão comandava a menina, o sol já se estava a pôr e Cira só queria descansar, logo deitou-se com o seu gatinho, ao lado de um arbusto confortável.
Quando despertou do seu sono, deparou-se com um ambiente diferente. Encontrava-se num hospital. Muito calmamente, a enfermeira explicou à menina que os seus progenitores estavam muito preocupados por ter saído de casa sem os avisar, de modo que pediram auxílio à polícia para a encontrarem. Quando a encontraram, estava a dormir num arbusto a arder, junto com o seu gato, o qual não sobreviveu, por isso mandaram-na para o hospital para tratamento, pois tinha algumas queimaduras de células e tecidos, e permaneceu em coma durante quatro horas. Pelo lado positivo, todos os seus órgãos estavam a funcionar bem e dali a alguns dias já podia voltar para casa. Também tinham chamado os bombeiros da zona, que conseguiram apagar os fogos antes que se espalhassem por todo o lado.
Quando regressou a casa, correu imediatamente para os braços dos pais e chorou desesperadamente pelo destino de Alecrim: ela acabara de ficar sem amigos.
A mãe explica a Cira que Alecrim teve uma vida excecional a seu lado e que foi um gesto muito nobre tê-lo levado com ela e nunca o ter deixado para trás. Dito isto, o pai colocou um gatinho bebé no colo da menina, chamando-lhe Bola de Fogo, em homenagem a Alecrim por ter falecido num incêndio.
Uma Aventura em Elementópolis
Diogo Fernandes, 11.º B
Era uma vez uma pequena cidade chamada Elementópolis, onde a física e a química não eram apenas disciplinas escolares, mas forças vivas que moldavam a realidade. Nessa cidade, tudo girava em torno de dois irmãos gémeos: Físico e Químico.
Físico era um rapaz inquieto, sempre à procura de entender as leis do universo. Ele adorava experimentar a gravidade, construindo pequenas catapultas e observando como as coisas caíam. A sua curiosidade levava-o a escalar árvores para ver o mundo de cima, sempre maravilhado com a forma como a luz se refratava nas folhas.
Químico, por outro lado, era mais introspetivo. O seu laboratório era o lugar onde passava horas a misturar substâncias, a observar reações e a criar novas combinações. Ele adorava ver as cores a misturarem-se, as bolhas a subirem e as mudanças que aconteciam quando diferentes elementos se encontravam. O seu sonho era descobrir a fórmula de uma poção que fizesse as pessoas sentirem-se felizes.
Um dia, enquanto Físico testava um novo projeto de foguete no quintal, ocorreu um acidente. Um dos seus dispositivos falhou e causou uma explosão de fumo e luz, fazendo com que as partículas de ar se aglomerassem de forma inesperada. Assim que o fumo se dissipou, Físico percebeu que um novo elemento havia surgido: a “Alegria”.
Intrigado, Físico chamou Químico, que imediatamente ficou fascinado. “Podemos isolá-la e estudá-la!”, exclamou. Juntos, começaram a trabalhar na Alegria, misturando-a com outros elementos e realizando experiências.
A cada tentativa, algo incrível acontecia. Quando a Alegria se combinava com a Luz, gerava uma energia tão intensa que iluminava a cidade inteira. Quando se unia à Água, criava um rio de risos que corria pelas ruas, fazendo todos os que passavam sorrir sem parar.
Contudo, havia um problema. A Alegria era instável e, se não fosse mantida em equilíbrio, poderia causar um efeito adverso, transformando risos em lágrimas. Físico e Químico sabiam que precisavam de encontrar a combinação perfeita para estabilizar este novo elemento.
Após dias de trabalho intenso, descobriram que a Alegria precisava da presença do Amor, um elemento raro, mas fundamental. Combinando os três elementos — Alegria, Luz e Amor — conseguiram criar uma poção que não só iluminava a cidade, mas também unia as pessoas.
Quando partilharam a sua descoberta com Elementópolis, todos se reuniram numa grande celebração. A cidade nunca tinha sido tão feliz. Físico e Químico finalmente perceberam que as suas áreas de estudo não eram tão diferentes assim e tornaram-se heróis locais, mostrando que a união entre a física e a química poderia trazer a verdadeira magia ao mundo.
E assim, em Elementópolis, a ciência não era apenas um campo de estudo, mas uma forma de vida, onde cada experiência era uma nova oportunidade de criar algo belo e significativo.
O Guardião das Finanças
Eliana Alves, 11.º B
Numa cidade movimentada, onde as ruas eram tão agitadas quanto as águas de um rio turbulento, vivia um comerciante chamado Miguel. Ele era conhecido pela sua habilidade em lidar com moedas e finanças, sempre um passo à frente nos negócios.
Miguel tinha um dom especial: o poder de identificar o verdadeiro valor do dinheiro, não apenas em termos de números, mas também em relação ao poder de compra das pessoas comuns. Ele entendia que a inflação podia consumir os salários e diminuir o poder de compra das famílias, e estava determinado a ajudar a sua comunidade a crescer, apesar dos desafios económicos.
Um dia, quando a cidade estava a sofrer com uma crise de inflação, Miguel viu uma oportunidade de usar o seu conhecimento para fazer a diferença. Estudou os padrões de oferta e procura, observando atentamente as mudanças nos preços que afetam os consumidores e os comerciantes locais.
Com base na sua análise, Miguel começou a oferecer conselhos e orientações aos moradores da cidade. Ensinou-os a administrar os seus recursos de forma mais eficaz, a investir em bens que mantivessem o seu valor ao longo do tempo e a procurar maneiras de diversificar as suas fontes de renda.
À medida que as suas ideias se espalharam pela cidade, Miguel ganhava reputação como um líder em questões financeiras. Os seus conselhos ajudaram as famílias a proteger o respetivo poder de compra e a enfrentar a inflação com mais confiança.
Com o tempo, a cidade começou a recuperar, e as pessoas tornavam-se mais conscientes de como as forças económicas afetavam as suas vidas. Graças ao trabalho de Miguel, a comunidade tornou-se mais resiliente e preparada para enfrentar os desafios financeiros que o futuro pudesse trazer.
No final, Miguel percebeu que seu verdadeiro poder não estava apenas na sua habilidade de lidar com moedas e finanças, mas sim na sua capacidade de capacitar os outros a entender e a controlar o seu próprio destino económico.
A Física
Gonçalo Almeida, 11.º B
Era uma vez uma turma cheia de alunos curiosos e inquietos. Entre eles estava Júlia, uma menina que achava a Física uma das disciplinas mais complicadas do mundo. Ela não entendia o porquê de precisar de saber sobre a velocidade, a gravidade, e todas aquelas fórmulas que pareciam magia incompreensível.
Um dia, a professora Maria decidiu fazer algo diferente. Ela levou todos para fora da sala e pediu que observassem o céu. “Vocês já pensaram no que mantém a Lua ali em cima, a orbitar ao redor da Terra, infinitamente?” perguntou ela, com um sorriso.
Os alunos olharam para o céu, intrigados. “É só a Lua. Está lá desde sempre,” respondeu um dos colegas, encolhendo os ombros.
“Na verdade,” disse a professora, “há forças invisíveis e leis que mantêm tudo no seu respetivo lugar, como uma dança organizada entre os astros. E é isso que estudamos na física: as regras que governam o universo.”
A professora Maria pegou numa maçã e lançou-a ao ar. Ela subiu por um instante, mas logo de seguida voltou para a mão dela. “A gravidade puxa tudo para baixo, certo? Mas, e se estivéssemos na Lua? Lá a maçã cairia mais devagar!”
Nesse momento, algo despertou na Júlia. A física, que antes parecia uma série de números e letras, começou a ganhar vida. Era como se tudo ao seu redor tivesse uma razão invisível para acontecer, e ela queria descobrir cada segredo escondido.
Nos dias seguintes, Júlia dedicou-se a desvendar as fórmulas, e quanto mais entendia, mais o mundo ao seu redor fazia sentido. Ela descobriu que a física não era apenas uma disciplina, mas uma forma de ver o mundo.
E, com isso, cada queda de uma folha, cada raio de sol, cada som e cada movimento ganharam uma beleza que ela nunca tinha notado antes. A física, afinal, não era sobre entender números, mas sobre entender o universo e como ele funciona.
Transformações Alquímicas
Gonçalo Pires, 11.º B
Dizem que Laura sempre foi fascinada por reações químicas. Desde pequena, observava encantada a efervescência do fermento no bolo, imaginando-se uma verdadeira alquimista. Quando cresceu, esse encanto transformou-se em paixão por misturas homogéneas e pela descoberta de como as substâncias interagem.
No laboratório, ela manipulava soluções tampão, fascinada pela capacidade dessas substâncias de resistirem a variações de pH. Adorava as experiências de equilíbrio químico, onde via como os reagentes e produtos se ajustavam, buscando estabilidade. Laura estudava cada reação endotérmica e exotérmica, observando a troca de energia com o ambiente, como se fossem diálogos entre os elementos.
Anos depois, tornou-se uma cientista de renome. Para ela, cada experiência era uma explosão de conhecimento e empolgação, uma verdadeira combustão de curiosidade, onde a paixão pela química nunca deixou de reagir em equilíbrio com a sua busca pelo saber.
O grande mistério nas montanhas
Inês Esteves, 11.º B
No coração de uma vila escondida por montanhas, vivia Ricardo, um rapaz curioso, sempre de olhos atentos às pequenas maravilhas do mundo. Certa manhã, saiu com o seu caderno, determinado a registar o que o cercava, à procura de entender o que chamava ele de “grande mistério”.
Ao longo do caminho, observou o rio que corria ao seu lado, desenhando linhas suaves entre as pedras. Havia ali um padrão, um ritmo calculado, como uma fórmula da natureza. Mais à frente encontrou algumas flores e observou as suas pétalas, como se cada cor carregasse uma combinação única. Encantado, lembrou-se de como tudo parecia ter uma ordem invisível, uma complexidade de formas e ciclos.
Ricardo anotava tudo com cuidado, usando palavras estranhas que aprendera: falou sobre “células”, “estruturas” e “forças”. Sentia que, de alguma forma, tudo estava conectado: os elementos da terra, os astros no céu e até as antigas histórias que ecoavam nas pedras da vila.
Quando voltou, ao entardecer, tinha a sensação de já ter conseguido desvendar um fragmento do seu grande mistério, ainda que o universo continuasse, sempre, um pouco mais além do alcance de suas palavras e dos números que ele rabiscava.
A Dança das Marés
Joana Rodrigues, 11.º B
Na pacífica baía de Mar Azul, o ecossistema marinho florescia num ciclo delicado e perfeito. Desde os corais coloridos até aos peixes que nadavam em cardumes, a vida seguia. No coração desse ecossistema, estava uma antiga tartaruga-marinha, chamada de Kaena pelos cientistas locais. Ela era conhecida por voltar sempre à mesma praia para desovar, um ritual que fazia parte de um ciclo a que os biólogos chamavam de “migração de retorno”.
A cada dois anos, Kaena seguia a sua jornada de milhares de quilómetros até áquela praia específica. Para ela, guiada por instintos ancestrais e talvez pelo magnetismo terrestre, aquilo era uma necessidade. A sua viagem, porém, não era apenas uma busca individual; era um elo numa longa corrente que conectava o oceano aberto à costa, e a vida marinha à terrestre.
Os habitantes da vila vizinha, que viviam da pesca e conheciam o movimento dos mares, sempre aguardavam a chegada das tartarugas como um sinal da mudança das marés. Quando Kaena e outras tartarugas desovavam, pequenos filhotes nasciam e começavam a sua perigosa corrida em direção ao mar. Esses pequenos seres tornavam-se presas de aves e peixes maiores, que, por sua vez, atraíam predadores maiores. O nascimento das tartarugas alimentava a cadeia alimentar inteira, do mais pequeno animal até os tubarões.
Mas certo ano, algo estranho aconteceu. Kaena chegou à costa no seu período habitual, mas algo estava diferente. A praia, que antes era um santuário, estava tomada por luzes, ruídos e máquinas. Uma nova empresa de turismo procurava atrair visitantes, instalara uma série de postes de iluminação que brilhavam a noite toda, criando um espetáculo de luzes na areia. Com isso, as pequenas tartarugas que nasceram naquela estação confundiram-se e ao invés de correrem em direção ao mar, seguiram em direção às luzes, perdendo-se na areia e morrendo antes mesmo de chegar ao oceano.
Os biólogos locais, liderados por Lara, uma bióloga apaixonada por conservação marinha, observaram o impacto desse desequilíbrio. Lara, que dedicara anos ao estudo da biologia marinha e dos ecossistemas costeiros, entendeu que o brilho artificial estava a interromper um ciclo milenar. As tartarugas filhotes não eram as únicas a sofrer: com a diminuição drástica de tartarugas jovens alcançando o mar, a quantidade de presas naturais dos peixes maiores caiu, e isso desequilibrou toda a cadeia alimentar. Espécies que dependiam das tartarugas para sobreviver começaram a desaparecer, e os pescadores locais, sem entender o motivo, notaram a diminuição na captura.
Preocupada, Lara tentou alertar os empresários e as autoridades locais sobre os impactos das luzes. Ela apresentou dados, gráficos e registos que demonstravam o papel essencial das tartarugas no ecossistema local. Explicou que o ciclo de vida de Kaena e das suas descendentes não era uma questão isolada, mas parte de uma rede complexa, onde cada elemento dependia do outro. Mostrou, também, que a redução nas tartarugas afetaria diretamente a economia local, já que a pesca era a base de renda para a vila.
Mas convencer a empresa de turismo e as autoridades não foi fácil. Para eles, as luzes traziam lucro e pareciam inofensivas. Foi então que Lara teve uma ideia: ela organizou uma noite de observação aberta ao público, onde moradores e turistas podiam ver o desovar das tartarugas sob uma luz natural e segura. Durante o evento, explicou como cada filhote representava uma esperança para a continuidade da vida marinha na baía.
Comovidos, muitos perceberam o impacto devastador da intervenção humana sobre aquele frágil ecossistema. Após isso, a empresa de turismo decidiu desligar as luzes à noite, permitindo que as tartarugas pudessem cumprir seu ciclo natural. Além disso, a comunidade criou uma área protegida para que Kaena e as suas futuras gerações desovassem em paz.
Nos anos seguintes, o equilíbrio voltou à baía do Mar Azul. Os filhotes voltaram a correr em direção ao mar, sustentando o ciclo vital da baía. Lara continuou o seu trabalho, feliz por ver que, ao respeitar a dança das marés e o ciclo natural das tartarugas, a comunidade aprendeu a ver a natureza como uma parceira.
A história de Kaena passou a ser contada de geração em geração, como um lembrete de que o equilíbrio da natureza dependia da harmonia entre cada ser vivo, e que cada pequena escolha humana pode afetar até mesmo as profundezas do mar.
Raízes da Vida: O Caminho da Superação
José Neto, 11.º B
Era uma bela manhã tranquila na floresta, onde a luz do sol se filtrava suavemente pelas copas das árvores, iluminando o chão coberto de folhas caídas. No centro dessa paisagem descansava uma pequena semente, quase invisível entre o musgo e as raízes. Ela sabia que o seu destino era grandioso, mesmo sendo tão pequena.
Qual era o seu sonho? Tornar-se numa árvore majestosa, exorbitante, desafiando o tempo e o ciclo da natureza.
Com o passar das semanas, a semente esperava pacientemente o momento certo. Com as primeiras gotas de chuva, o solo tornava-se húmido e fértil, permitindo que a semente germinasse. As suas primeiras raízes estendiam-se para baixo, em busca de nutrientes e estabilidade. Era como uma magia oculta: raízes que se expandiam, células que se multiplicavam. Cada célula era essencial, e a fotossíntese transformava a luz do sol em energia, nutrindo o seu crescimento abundante.
Porém, o seu caminhar estava repleto de desafios. A jovem planta enfrentava insetos que tentavam devorá-la, animais que quase a pisoteavam e as mudanças climáticas, que testavam a sua resistência. A natureza exigia adaptações constantes. A planta percebeu que a vida era uma série de transformações e que cada obstáculo a fortalecia. Era a biologia em ação, revelando as leis da evolução e da sobrevivência.
Passaram-se anos, e a pequena semente transformou-se num alto e imponente carvalho. Olhando à sua volta, a árvore podia observar novas plantas germinando, florescendo, e o solo acolhendo mais sementes como ela própria tinha sido um dia. Ela percebeu que a sua influência sobre o ciclo da vida era apenas uma pequena parte de um todo. Todas as árvores, folhas e seres vivos individuais tinham uma história exclusiva. E ela erguia-se com serenidade na floresta, um emblema de renovação e resiliência e testemunho do poder transformador da biologia.
Química e mitos
Margarida Carvalho, 11.º B
Há muito tempo, numa terra distante, existia uma criatura que, na opinião dos habitantes, era imortal. Vivia num castelo no topo de uma montanha e apenas saía de noite para caçar. Havia rumores de que o seu nome era Drácula e muitos achavam que matava pessoas e lhes sugava o sangue. Até que um dia, a criatura desaparecera sem deixar rasto...
Passados dois séculos, foi organizada uma visita de estudo, relacionada com Físico-Química, a uma organização que desenvolvia teorias e experiências sobre a gravidade. Na verdade, por coincidência, a visita seria na mesma região onde o tal Drácula caçava e desaparecera sem deixar rasto. Quando as turmas chegaram ao local, estavam todos curiosos em saber as origens das regras e teorias da gravidade, à exceção de um grupo de amigos. Estes sempre se tinham interessado por coisas míticas e sobrenaturais, logo sabiam perfeitamente que, naquela terra, existia uma criatura extraordinária e intimidante há mais de cem anos. Então, sem que ninguém notasse, fugiram e foram explorar os vestígios de Drácula.
A primeira ideia que tiveram foi a de ir à biblioteca municipal procurar informações sobre os habitantes da época e seguir as pistas, para talvez conseguirem encontrar o corpo da criatura. Várias horas depois, conseguiram descobrir onde Drácula morava. Descobriram também que este tinha graves problemas em controlar a sua sede de sangue. A seguir, com as informações recolhidas, foram a caminho do castelo abandonado e questionaram-se se seria melhor estar numa visita de estudo de Físico-Química ou em ir em direção a um sítio assombrado. Ao mesmo tempo, os colegas deram por falta deles e os professores entraram logo em contacto com as autoridades para relatar o desaparecimento do pequeno grupo de aventureiros.
Horas depois, o grupo conseguiu chegar ao castelo e entrou sem recear pelas suas vidas, pois o Drácula já não aparecia há muito tempo. Um dos membros sugeriu separarem-se para explorar mais rapidamente e assim o fizeram. Como eram quatro, um foi para o salão, outro para o quarto principal, o terceiro para as masmorras e o último para uma divisão que se situava numa das torres do castelo.
O primeiro não encontrou nada de relevante, à exceção de um quadro que estava pendurado numa das paredes do enorme salão. A pintura retratava o tão famoso Drácula e uma linda mulher ao seu lado. O jovem deduziu que a mulher seria a esposa de Drácula, que havia sido queimada, por suspeitas de bruxaria, pelos aldeões da terra em que viviam. Como o jovem já sabia da história, foi ter com o colega que tinha ido até às masmorras.
Entretanto, o membro que foi ao quarto principal, o quarto de Drácula, nada havia encontrado, à exceção de uma decoração triste, sombria, fria e solitária. Sendo assim, foi ter com o amigo que se encontrava numa das torres. Por sua vez, o que estava no salão já se reunira ao que tinha ido às masmorras. De facto, as masmorras estavam vazias à exceção de uma, que tinha diversas correntes presas nas paredes e no chão, incluindo o sangue que coloria as frias paredes da cela. Os dois, com medo, decidiram ir embora e encontrarem-se com o amigo que estava numa das torres.
A caminho da torre, os três amigos comentaram as coisas que cada um vira e pensara. Todavia, quando chegaram à entrada da torre, não podiam acreditar no que viam. O jovem que estava lá parecia congelado, a olhar para um caixão em cima de uma mesa. Dentro do caixão estava Drácula, a dormir um sono extremamente profundo.
Com isto, os quatro amigos não sabiam bem o que fazer. Passaram milhares de ideias nas suas cabeças. Inspirados pelas atividades experimentais que tinham feito nas aulas de Físico-Química, decidiram fazer uma experiência extremamente radical para reanimar Drácula e trazê-lo de volta.
Depois de várias tentativas falhadas, conseguiram finalmente achar um antídoto para o reanimar. Assim, quando Drácula acordou, ficou espantado por ver quatro adolescentes à sua frente e perguntou por que razão eles o tinham trazido de volta ao mundo. O grupo apenas disse que todos os seres vivos, mesmo os imortais, apesar de nem sempre serem as melhores criaturas, deveriam ter uma segunda oportunidade.
Drácula ficou admirado com a justificação, mas concordou que ele não era o melhor e que não tinha feito coisas propriamente boas na sua longa vida. Com isto, fez o que a sua própria natureza lhe mandou e sugou o sangue do grupo de amigos. Drácula era, e é, uma criatura fria, triste e vingativa, três aspetos de que os amigos não se lembraram no momento em que ele acordou do seu longo sono.
Com o Drácula de volta à rotina, a polícia, os outros colegas e os professores do grupo estavam a fazer buscas de noite, em volta da floresta e arredores do castelo. Como Drácula havia tirado a vida ao grupo, decidiu também matar as pessoas que rondavam o castelo.
No final, Drácula era apenas solitário, pois os humanos tiraram a vida à sua amada mulher e ele decidiu vingar-se nas pessoas que viviam na sua terra. Drácula assim continuará com a sua rotina para sempre, mas nunca se esquecerá que foi trazido de volta por um grupo de alunos que tinham muita experiência e conhecimento em Físico-Química.
Física é vida
Miguel Lameira, 11.º B
Mais um dia normal, e acorda o Ricardo, e tal como sempre, irritado, levanta-se decidido a parar com o toque infernal do seu despertador e arranjar-se, uma vez que era segunda-feira e teria aulas às nove da manhã.
Revoltado com a vida, já que odeia ir para a escola, Ricardo teve Educação Física, a única disciplina de que gostava, mas como tudo o que é bom dura pouco, após essa aula, ele iria ter Física e Química, a disciplina mais detestada por ele e por mais de metade da turma, mas o que ele não sabia é que nesse dia tudo iria mudar.
Nesse dia, a professora estava disposta a transformar o pensamento da turma em relação à disciplina. A grande razão pela qual os alunos a odiavam era porque pensavam que a disciplina era inútil e que não iria fazer nenhuma diferença na vida deles. Mas a professora, com toda a confiança, entrou na sala de aula a dizer que os faria gostar de Física e Química em apenas uma aula.
Os alunos, desconfiados com a afirmação da professora, e Ricardo também, perguntou-lhe como é que ela planeava fazê-lo. Então, a professora começou a explicar para que serviam tanto a física como a química, dando exemplos, tais como: se a química e os seus elementos não existissem, neste momento não estaríamos vivos, uma vez que precisamos, por exemplo, do oxigénio; e necessitamos de fios de cobre para conduzir a eletricidade.
Convencidos de que realmente a química era importante, eles perguntaram sobre a física, para que é que ela servia? Atendendo ao pedido, a professora explicou-lhes que se a física não existisse, nós não teríamos nada que nos fizesse ficar presos ao chão, uma vez que não haveria gravidade, também não poderíamos construir casas como as que conhecemos e estamos habituados, e tudo no universo seria diferente.
Após um longo tempo a discutir sobre alguns assuntos, Ricardo e o resto da turma chegaram à conclusão que essa disciplina realmente era importante, e a partir daí foram mais empenhados para as aulas.
A Matemática Revelada: Uma Jornada da Turma 11.º B
Pedro Sousa, 11.º B
Era uma manhã chuvosa e a turma 11.º B estava entediada, olhando para o quadro branco. A professora Alexandra, com seu sorriso contagiante, entrou na sala com uma grande caixa misteriosa.
— Olá, turma! — ela disse. — Hoje vamos resolver o quebra-cabeças dos números que faltam.
Os alunos entreolharam-se, curiosos. Alexandra explicou que dentro da caixa havia um quebra-cabeças matemático que, se resolvido, revelaria uma mensagem secreta. Tirou da caixa um cartão contendo uma sequência de equações que, quando resolvidas, formavam uma frase oculta. Entusiasmados, os alunos começaram a resolver as equações, cada um tentando encontrar as respostas corretas. Some aí, subtraia acolá, e logo a frase tomou forma.
Finalmente, as palavras foram reveladas: “A matemática está ao nosso redor”. A turma 11.º B sorriu ao perceber que, graças à professora Alexandra, a matemática se havia tornado mais do que números; era um mistério a ser resolvido juntos, com prazer e companheirismo.
As decisões
Rodrigo Barbosa, 11.º B
Pedro encarava o quadro repleto de gráficos e fórmulas, enquanto sentia a pressão da disciplina de Economia. Era uma aula sobre escolhas racionais, mas o professor Faria, conhecido pelas suas provocações, lançou uma pergunta para o ar: “Economia é uma ciência exata?”
A turma ficou em silêncio, até que Pedro respondeu: “Claro, professor. Temos números, gráficos… economia é lógica.”
O professor sorriu e retorquiu: “E quando o feirante aumenta o preço das batatas, acha que ele usa cálculos rigorosos de oferta e demanda?”
Todos riram, e Pedro ficou pensativo. O professor continuou:
“A economia tenta prever o comportamento humano. Mas somos mesmo previsíveis?”
O professor contou histórias sobre crises económicas, de como decisões irracionais transformaram mercados e afetaram milhões de vidas.
“A matemática é apenas uma ferramenta!” disse. “A essência da economia está nas escolhas que fazemos, racionais ou não.”
A aula terminou, mas Pedro saiu com uma nova visão. Percebeu que a economia não era apenas números frios, mas sim uma tentativa de entender a complexidade humana. Era uma disciplina que dançava entre a lógica e a incerteza. Naquele dia, ele decidiu que estudaria a economia não só pelas fórmulas, mas pelo desafio de desvendar os mistérios das nossas decisões.
Fantasmas na morgue
Sara Esteves, 11.º B
Elena era um prodígio. Aos oito já havia memorizado a Tabela Periódica e conhecia todos os cantos do corpo humano. Graduou-se como aluna de excelência na mais respeitada universidade de medicina.
Em pouco tempo, Elena tornara-se numa incrivelmente bem-sucedida médica que se focava na área da patologia forense, trabalhando para um respeitável instituto de pesquisa. Ela tinha criado métodos de investigação médica e escrito vários livros.
A médica era sempre chamada para qualquer cena do crime e apanhava sempre o culpado.
Contudo, o sucesso na investigação policial de Elena era influenciado por outro fator. Quando tinha cinco anos, ocorrera um acidente de carro no qual devia ter morrido. Devido à sua proximidade com a morte, Elena podia ver e comunicar com os espíritos dos mortos.
Assim, Elena oferecia ajuda aos fantasmas dos que tinham sido assassinados e, por tal facto, estavam condenados a assombrar o mundo dos vivos até encontrarem descanso.
Ela encontrava a felicidade no seu trabalho e ajuda para com a sociedade, e vivia uma vida tranquila, sem pedir mais nada.
Infelizmente, essa vida acabou de forma trágica. Elena foi assassinada na morgue onde trabalhava, enquanto seguia as pistas de um caso.
Agora, Elena estava condenada ao mesmo destino das outras almas. E assim, sem que ninguém a ouça ou resolva o mistério da sua morte, o seu fantasma vai permanentemente assombrar a morgue, enquanto observa outros homicídios a serem resolvidos, sem hipótese de poder deixar o plano dos vivos.
O Conhecimento da Física e da Química
Tiago Garceis, 11.º B
No coração de uma antiga escola, uma sala de aula simples abrigava o mistério de leis naturais complexas. As janelas deixavam entrar a luz do sol, iluminando o quadro negro, onde símbolos matemáticos e fórmulas químicas se entrelaçavam. O professor escrevia com precisão, desvendando, linha a linha, os mistérios da física e da química.
Naquela aula, os alunos estavam focados em compreender a estrutura da matéria e a energia que se manifestava em cada interação. Primeiramente, exploraram a natureza das forças fundamentais que mantinham o universo coeso — a gravidade, o eletromagnetismo, as forças nucleares — e tentaram imaginar, por um momento, como essas forças invisíveis se aplicavam no mundo ao seu redor, sustentando desde as estrelas até ao movimento de uma bola de papel amassado que rolava pela mesa de um aluno distraído.
Em seguida, a química assumiu a cena. Substâncias misteriosas enfileiravam-se na bancada, cada uma em pequenos frascos de vidro com rótulos enigmáticos. A turma começou a misturar reagentes, observando com fascínio, enquanto cores mudavam, líquidos efervesciam, e um vapor leve se formava em alguns recipientes, revelando as transformações invisíveis dos elementos em novas substâncias. Cada reação representava a transformação de partículas minúsculas, átomos reagrupando-se para dar origem a novos compostos.
A cada novo conceito, a cada fórmula riscada no caderno, os alunos mergulhavam mais fundo no entendimento das estruturas invisíveis que formam o universo. A física e a química, na sua complexidade, deixavam de ser apenas teorias abstratas e tornavam-se numa janela para algo maior, para o funcionamento intrincado da própria existência, visível apenas para aqueles que ousassem investigar.
Quando o sino tocou, eles saíram da sala em silêncio, carregando um conhecimento que, embora invisível, parecia ressoar em tudo ao seu redor — no ar, nas árvores do pátio, no som distante de uma corrente de água…
O baloiço das descobertas
Tomás Gomes, 11.º B
Maria, aos 12 anos, fascinava-se pelo movimento dos baloiços no parque. Um dia, uma pergunta surgiu: “Por que é que o baloiço sobe tão alto?”
Observando atentamente, ela notou forças agindo, enquanto balançava. Compartilhou as suas descobertas com o professor de Físico-Química, Carlos, que explicou: “Acabaste de descobrir os princípios básicos da mecânica! A força para trás é a gravidade, a leveza no topo é a energia potencial máxima e a ‘força’ que empurra de volta é a transformação em energia cinética.”
Maria ficou encantada. O balanço tornou-se numa aula prática sobre conservação de energia e forças. Nos dias seguintes, ela fez experiências no parque, alterando posições e impulsos. O parque tornou-se no seu laboratório, e o baloiço, no seu instrumento de estudo.
Maria percebeu que a física estava em todo lado, até numa brincadeira. A sua curiosidade sobre o baloiço marcou o início da sua jornada na ciência, provando que grandes descobertas começam com perguntas simples.
Contos Imperfeitos, 6.ª edição, 2024-2025
“If a story is in you, it has to come out.” – William Faulkner