Jornal Escolar AE Muralhas do Minho | 2024-2025
‘Contos Imperfeitos’ de dezembro: união e bondade iluminam corações em tempos difíceis
Turma 11.º B | 13-12-2024
A turma do 11.º B junta-se ao espírito natalício com a publicação de mais uma série de contos. Com esta magia, a turma deseja a todos um Feliz Natal, cheio de paz.
O Milagre de Natal na Vila
Tomás Gomes, 11.º B
Na véspera de Natal, a Vila dos Pinheiros enfrentava um problema: o grande pinheiro da praça, um símbolo icónico nesta altura do ano, havia tombado durante uma tempestade. Sem ele, a vila estava desanimada, especialmente as crianças, e sem o espírito natalício que era costume.
Clara, de oito anos, decidiu agir. Com o seu amigo Miguel, foi até à floresta em busca de uma solução. Após horas caminhando, encontraram um feixe de luz e um pinheiro majestoso. Ao aproximarem-se, um homem idoso, de manto verde, apareceu e explicou que o pinheiro tinha uma magia especial e não o poderia oferecer, mas ofereceu-lhes uma semente brilhante para ser plantada na vila.
De volta à praça, Clara e Miguel plantaram a semente, que rapidamente cresceu, tornando-se num pinheiro ainda mais bonito. Os moradores reuniram-se para decorá-lo, celebrando o Natal mais especial da história da vila.
Clara e Miguel aprenderam que o verdadeiro espírito do Natal está na união e no amor entre as pessoas.
O pequeno milagre de Natal
Tiago Garceis, 11.º B
Na aldeia de Monte Faro, o Natal era sempre uma época mágica, mas aquele ano parecia diferente. A neve tinha coberto tudo de branco, mas havia um silêncio estranho, como se o espírito natalício tivesse ficado preso nalgum lugar distante.
Miguel, um menino curioso de dez anos, caminhava pela floresta ao entardecer da véspera de Natal. Estava a recolher lenha para aquecer a casa, quando viu algo brilhante entre os ramos de um pinheiro pequeno e torto. Aproximou-se e descobriu um pequeno pássaro com uma asa ferida, tremendo de frio.
Sem pensar duas vezes, Miguel tirou o cachecol do pescoço e embrulhou o pássaro com cuidado. Levou-o para casa e, com a ajuda da sua avó, cuidou da asa do pequeno animal. A avó colocou o pássaro numa caixinha perto da lareira e disse:
— Cuida bem dele, Miguel. Os animais também fazem parte do milagre do Natal.
Na manhã seguinte, Miguel acordou com o som de trinados suaves. O pequeno pássaro estava a saltitar alegremente e, ao bater as asas, soltou um brilho dourado que iluminou a sala inteira. Nesse instante, ouviu-se um coro de sinos a tocar na aldeia, e as pessoas saíram de casa para partilhar risos, histórias e cânticos.
O pássaro voou pela janela aberta, mas o brilho que deixou para trás parecia ter aquecido todos os corações. Naquele Natal, Monte Faro voltou a sentir a magia e a união que tanto precisavam, tudo por causa do pequeno gesto de bondade de Miguel.
Saco de presentes
Sara Esteves, 11.º B
O Natal é uma época de alegria e felicidade para as crianças bem
comportadas, enquanto os traquinas e mal educados recebem carvão.
Na sua vila, o João era o mais mal comportado de todos. Sempre a ser
repreendido por todos e com as piores notas que se possa imaginar.
Carvão ainda é um presente, apenas é preciso encontrar uma utilidade.
Apesar de o que o João previa, carvão não ia ser o seu presente.
Na noite de Natal, um vulto com um grande saco desceu a chaminé da sua
casa, enquanto todos dormiam. Em vez de se dirigir à árvore enfeitada,
dirigiu-se ao quarto do rapaz.
Com o barulho da porta a abrir, o João acordou vendo um vulto de casaco
vermelho.
Em vez de melodias natalícias, ouviram-se correntes a arrastar e sinos
enferrujados.
Em vez de barbas brancas, tinha chifres.
Em vez de pés, tinha cascos.
Em vez de carvão, vem esta criatura meio cabra meio demónio.
Em vez de presentes, o seu grande saco carrega as crianças más.
Em vez de bolachas e leite, alimenta-se de carne e ossos.
Nunca mais se viu o João.
Uma primeira vez
Rodrigo Barbosa, 11.º B
Léo, de apenas oito anos, olhava fascinado para as luzes piscando na árvore de Natal. Era o primeiro Natal com sua nova família adotiva. Após anos em lares temporários, nunca imaginara viver algo assim. A sala cheirava a biscoitos de gengibre, e risos ecoavam enquanto todos embalavam presentes. A sua nova irmã mais velha chamou-o para ajudá-la com o papel de embrulho. Ele hesitou, mas o seu pai adotivo sorriu e disse:
— Aqui, segura a fita.
Enquanto trabalhavam, sentiu algo novo: carinho e acolhimento. Mais tarde, na hora da ceia, a mãe adotiva colocou uma estrela dourada nas suas mãos.
— Queres colocá-la no topo da árvore?
Com cuidado, Léo subiu numa pequena escada, guiado por mãos firmes. Ao encaixar a estrela, ouviu palmas e viu olhares cheios de amor.
Naquela noite, enquanto as luzes dançavam no escuro, ele sussurrou para si mesmo:
— Acho que agora sei o que é o Natal.
Finalmente, ele tinha uma família.
Reunião de véspera de Natal
Pedro Sousa, 11.º B
Numa noite fria de Natal, Rodrigo caminhava sozinho pelas ruas desertas da cidade. O vento gelado soprava forte, mas ele não se importava. O seu coração estava pesado, sentindo-se distante da alegria natalícia que parecia brilhar em cada janela iluminada. Ao passar pela praça, viu uma pequena figura sentada num banco. Era uma menina com um lenço vermelho segurando uma vela acesa. Curioso, ele aproximou-se.
— Por que é que estás aqui sozinha? — perguntou Rodrigo.
— Estou à espera do Natal, — ela respondeu com um sorriso tranquilo.
— Mas o Natal já está em toda parte, — disse ele, apontando para as luzes e decorações ao seu redor.
— Não estou a falar sobre isso, — respondeu a menina. O verdadeiro Natal está no coração das pessoas. Às vezes só precisamos de alguém com quem compartilhá-lo.
Rodrigo ficou em silêncio por um momento e, sem saber exatamente porquê, sentou-se ao lado dela. Juntos, compartilharam histórias e risadas, e ele sentiu o calor do espírito natalício crescer dentro dele.
Quando voltou a olhar para o lado, a menina havia desaparecido, deixando apenas a vela acesa no banco. Naquele Natal, Rodrigo percebeu que o verdadeiro presente não estava nas coisas, mas nos momentos compartilhados.
Na vila de São Nicolau…
Miguel Lameira, 11.º B
Na vila de São Nicolau, todas as famílias acendiam velas nas janelas na noite de Natal, como sinal de esperança. Todas, menos uma: a da Dona Beatriz, uma idosa que há anos vivia isolada.
Beatriz perdeu o entusiasmo pelas festas. A sua casa permanecia escura, enquanto as luzes da vila brilhavam na neve. Naquela véspera de Natal, porém, algo aconteceu. Ao cair da noite, uma pequena vela foi deixada na sua soleira, acompanhada de uma mensagem: “Que esta luz aqueça o teu coração”.
Beatriz hesitou, mas decidiu acendê-la e colocá-la na janela. Ao fazê-lo, apercebeu-se de algo mágico: os vizinhos, um a um, olhavam para a sua casa e sorriam. A chama parecia conectar-se às das outras janelas, iluminando não só a vila, mas também o coração de Beatriz.
Na manhã de Natal, a idosa desceu à vila. Pela primeira vez em anos, sentiu-se parte daquela comunidade, e a solidão deu lugar à alegria.
A vela acesa na sua janela tornou-se tradição. E todos passaram a acreditar que, na noite de Natal, até a mais pequena chama pode trazer um grande milagre!
Um Natal sem luz
Margarida Carvalho, 11.º B
Era uma noite fria de Natal em Nova Iorque. A cidade, geralmente era vibrante e cheia de vida, mas parecia mais fria e seca para a pequena Sophie, uma menina de apenas 10 anos, que recentemente havia perdido os seus pais. A tragédia deixou-a órfã e sozinha, sem familiares para cuidarem dela. Vivia num apartamento sombrio e passava a maior parte dos seus dias e noites a olhar pela janela, observando a vida a passar lá fora, sentindo-se completamente isolada do mundo.
Enquanto a neve caía suavemente, cobrindo as ruas e os telhados de um manto branco, Sophie sentia uma enorme saudade dos seus pais e do calor que estes traziam. Esta época festiva costumava ser cheia de alegria e amor, mas agora só intensificava o seu sentimento de solidão. De repente, um clarão inesperado cortou o céu escuro, iluminando toda a vizinhança, seguido de um estrondo ensurdecedor. O clarão fez Sophie sobressaltar-se, e os seus olhos arregalaram-se de surpresa e curiosidade.
A menina aproximou-se da janela, pressionando o rosto contra o vidro gelado. Lá fora, no telhado do prédio ao lado, algo inacreditável estava a acontecer. Uma enorme figura vestida de vermelho estava caída sobre a neve, e não era mais nem menos que o próprio Pai Natal! Sophie piscou os olhos várias vezes, incrédula com o que via. Ao redor do Pai Natal, pequenos duendes moviam-se agitadamente, tentando ajudá-lo a levantar-se, enquanto lutavam contra uma criatura negra e monstruosa.
A criatura, uma sombra sinistra, parecia absorver a alegria e a magia do Natal. Os duendes, pequenos e valentes, lançavam flechas brilhantes contra a figura sombria, mas estas eram simplesmente absorvidas, tornando o ser ainda mais forte e ameaçador. O Pai Natal, com uma expressão de desespero, tentava acender a sua lanterna mágica, uma fonte de luz e de esperança. No entanto, a criatura negra conseguiu apagá-la com facilidade, rindo-se sinistramente a cada tentativa fracassada.
Sophie assistia à cena, horrorizada e impotente. O seu coração acelerava, enquanto ela observava a batalha sobrenatural que se desenrolava diante dos seus olhos. A jovem menina desejava poder fazer algo para ajudar, mas sentia-se completamente desamparada. De repente, a figura sombria lançou-se sobre o Pai Natal, envolvendo-o na sua escuridão gelada. Um raio de luz cortou o céu novamente, cegando Sophie por um breve momento.
Quando a luz desapareceu e a normalidade voltou a aparecer, Sophie olhou para o telhado do prédio ao lado e percebeu que tanto o Pai Natal como os seus duendes haviam desaparecido. O lugar estava agora vazio e silencioso, como se nada tivesse acontecido. Sophie, sentindo-se ainda mais solitária e desamparada, caiu de joelhos e chorou em silêncio, as suas lágrimas a escorrer pelo rosto enquanto a escuridão se apoderava lentamente da cidade.
No seu coração, uma pequena chama de esperança começou a brilhar. Talvez, pensou ela, existisse alguma forma de trazer de volta a alegria e a magia do Natal. Afinal, se o Pai Natal e os seus duendes existiam, talvez também houvesse outras forças de luz e bondade no mundo, esperando apenas para serem descobertas e despertadas. E assim, a pequena Sophie prometeu a si mesma que não desistiria, não importava o quão sombria a noite pudesse parecer.
A Magia do Velho Sótão
José Neto, 11.º B
Subia pelo sótão um cheiro a madeira podre e os cómodos da D. Cecília exalavam um mau cheiro a pó. No mês de dezembro, uma garotinha de oito anos, Joana, sua neta, decidiu explorar o sótão pela primeira vez, naquela tarde silenciosa. Entre móveis cobertos de poeira e mesas desgastadas pelo tempo, a menina descobriu um encanto escondido na serenidade do lugar. Numa placa antiga, encontrou palavras gravadas: “Os sonhos guardados florescem no momento certo.”
Curiosa, Joana , abriu uma pequena gaveta de um armário antigo, que parecia prestes a desabar. Dentro dela, encontrou um bilhete com letras desbotadas que dizia: “A porta abre-se para quem ousa acreditar.” Joana ficou intrigada com as palavras e, enquanto olhava ao redor, reparou num baú no canto do sótão, coberto por uma manta manchada. Ao puxar a manta, percebeu que havia um cadeado enferrujado protegendo o baú.
Joana tocou o cadeado com cuidado, como se o objeto pudesse revelar algo apenas pelo contacto. Sem uma chave à vista, desceu correndo até à sala e chamou pela avó:
— Vovó, você sabe de um baú trancado lá no sótão?
Dona Cecília levantou os olhos do bordado que fazia, parecendo procurar na memória. Após um momento, respondeu com um sorriso:
— Esse baú era do seu avô. Ele sempre dizia que guardava ali algo especial, mas nunca me contou o que era. Acho que ele queria que alguém curioso como você descobrisse.
Joana insistiu:
— E a chave? Você sabe onde está?
Cecília apontou para uma pequena caixinha na prateleira do armário. Dentro dela, havia uma chave dourada.
— Essa deve ser a chave. Vá em frente, querida, e veja o que o seu avô deixou para nós.
Joana subiu de volta ao sótão, sentindo o coração acelerar. Com mãos cuidadosas, encaixou a chave no cadeado. Um clique suave soou, e ela levantou a tampa do baú, que revelava algo inesperado: uma luminária antiga, decorada com estrelas e luas. Ao lado dela, um pequeno diário. Joana acendeu a luminária, e um brilho quente encheu o sótão, iluminando o espaço com uma luz acolhedora. No diário, as primeiras palavras saltaram aos seus olhos:
“Acredite na luz que você pode espalhar. Ela sempre iluminará o caminho.”
Era véspera de Natal
Joana Rodrigues, 11.º B
Era véspera de Natal, e Maria e João, dois irmãos que moravam numa pequena vila cercada por montanhas nevadas, estavam ansiosos para a grande ceia na casa da avó. As luzes coloridas piscavam nas janelas das casas, e o cheiro de pão de mel e pinho fresco tomava conta do ar. Era uma noite mágica, mas Maria sentia que algo de especial estava para acontecer.
João, sempre curioso e um pouco desastrado, chamou Maria, enquanto ela decorava os biscoitos na cozinha.
— Maria, acreditas mesmo que o Pai Natal vem aqui? — perguntou ele, segurando um chapéu de lã quase caindo da cabeça.
— Claro que sim! Mas só se te portares bem, — respondeu Maria com um sorriso.
De repente, uma batida suave na janela chamou a atenção dos dois. Ao abrirem a cortina, viram uma figura pequena e brilhante. Era um gnomo com roupas vermelhas e verdes, que carregava um saco quase maior que ele.
— Vocês são a Maria e o João? — perguntou o gnomo com uma voz rouca, mas gentil.
Os irmãos trocaram um olhar surpreso antes de dizerem que sim.
— Ótimo! Preciso de ajuda. O trenó do Pai Natal ficou preso na floresta, e não consigo tirá-lo sozinho. Vocês têm coragem de me acompanhar?
Maria hesitou, mas João já estava a calçar as botas.
— É claro que ajudamos! — disse ele, com os olhos a brilhar de excitação.
Os três seguiram pela neve até chegarem a um canto da floresta, onde o trenó dourado estava inclinado, preso entre os galhos de um pinheiro. As renas pareciam inquietas, e o Pai Natal, com a sua voz característica, tentava acalmá-las.
— Ho, ho, ho! Que bom que vocês chegaram! — disse ele ao avistar as crianças.
Maria logo entendeu o que se passava.
— Precisamos de remover os galhos primeiro e depois fazer um caminho pela neve.
Trabalhando juntos, com João a segurar uma lanterna, Maria guiou o gnomo para cortar os galhos, enquanto o Pai Natal reorganizava os presentes no trenó. Após muito esforço, conseguiram libertar o trenó.
— Vocês foram incríveis! — disse o Pai Natal, colocando a mão no ombro de cada um. — Como agradecimento, quero que escolham um presente especial.
Maria pediu algo simples: que a noite de Natal fosse sempre cheia de amor e união. Já o João, com um sorriso tímido, pediu apenas para voar no trenó, nem que fosse por alguns minutos.
O Pai Natal, claro, atendeu aos dois pedidos. Ele deu uma volta com João pelos céus estrelados e, ao retornarem, a casa da avó parecia ainda mais aconchegante, iluminada pelo espírito de Natal.
Naquela noite, enquanto os dois irmãos se aconchegavam ao pé da árvore, com biscoitos quentes e leite, souberam que haviam vivido o Natal mais mágico de todos. E de um outro além ouviram uma voz familiar:
— Ho, ho, ho! Feliz Natal a todos.
E assim, a noite terminou com neve a cair suavemente e o coração cheio de gratidão.
O Natal que Matilde e Carlos salvaram
Inês Esteves, 11.º B
Era véspera de Natal, quando, de repente, Matilde e Carlos acordaram sobressaltados por um ruído que vinha do andar de baixo. Decidiram ir ver o que se passava. Com passos cautelosos, os dois desceram as escadas, iluminados apenas pelas luzes cintilantes da árvore de Natal. O barulho continuava, algo entre um tilintar suave e o som de passos apressados.
“Será que é o Pai Natal?” sussurrou Matilde, apertando com força a mão do irmão.
Ao chegarem à sala, depararam-se com algo inesperado: um homem pequeno, vestido de vermelho e com botas reluzentes, estava agachado junto à lareira, a tentar recolher presentes espalhados pelo chão. Parecia que o saco que ele trazia tinha rebentado!
“Ah, que situação embaraçosa!” disse o homem, levantando-se e olhando para os dois. “Vocês não deviam estar acordados!
“Tu és… o Pai Natal?” perguntou Carlos, com os olhos muito abertos.
O homem sorriu, ajeitando o chapéu.
“Digamos que sim, embora prefira ser chamado Nicolau. E preciso da vossa ajuda, meus pequenos! O saco mágico perdeu força, e ainda tenho muitos presentes para entregar.”
Sem hesitar, Matilde e Carlos arregaçaram as mangas e ajudaram Nicolau a recolher os presentes espalhados pela sala, colocando-os no saco, que parecia aumentar a cada novo item lá colocado. Enquanto trabalhavam, Nicolau contou-lhes histórias mágicas de lugares distantes, de renas voadoras e de crianças por todo o mundo, ansiosas pelo encanto daquela noite. Quando terminaram, Nicolau olhou para os irmãos com um brilho nos olhos e disse:
“Vocês salvaram o Natal nesta casa. Como forma de agradecimento, vou dar-vos algo especial.” Ele estendeu as mãos e entregou-lhes duas pequenas esferas brilhantes.
“Estas esferas guardam a magia do Natal. Sempre que sentirem falta da esperança e do amor desta época, segurem-nas e lembrar-se-ão de que a magia do Natal vive dentro de vocês.” Com um piscar de olhos, Nicolau desapareceu pela chaminé, deixando apenas o som distante dos sinos do trenó. Na manhã seguinte, quando os pais de Matilde e Carlos acordaram, encontraram a sala impecável e a árvore rodeada de presentes. Mas o que mais os surpreendeu foram as crianças, sentadas lado a lado, com um sorriso radiante e as pequenas esferas luminosas nas mãos. No fundo, elas sabiam que o Natal era muito mais do que presentes. Era sobre ajudar, amar e acreditar na magia que une todos os corações.
O Natal do Desejo Perdido
Gonçalo Pires, 11.º B
Na véspera de Natal, João caminhava pela cidade decorada com luzes brilhantes, embalado pelo cheiro das rabanadas. Segurava uma carta para o Pai Natal, escrita pela sua irmã mais nova, Clara. Desde que os pais haviam partido, o Natal não era o mesmo, mas ele prometera manter a magia viva.
Chegando à praça principal, onde um majestoso pinheiro de Natal brilhava, João encontrou uma caixa de correio mágica para cartas natalícias. A neve caía suavemente, cobrindo tudo com um manto branco, e crianças riam ao som de cânticos natalícios. No entanto, ao colocar a carta na caixa, João reparou que Clara havia pedido algo impossível: “Quero que a nossa família volte a ser como antes”.
Na manhã de Natal, Clara correu para a sala e encontrou João segurando um álbum de fotos. Ele sorriu e disse: “Vamos construir novas memórias juntos.”
Afinal, o espírito natalício vive na esperança e no amor.
O Natal em Freixo
Gonçalo Almeida, 11.º B
Na véspera de Natal, a pequena aldeia de Freixo de Espada à Cinta estava coberta de neve, com as luzes coloridas a brilhar nas janelas das casas. Todos estavam entusiasmados com as festividades, mas algo faltava. A árvore de Natal da praça central, apesar de linda, estava sem a estrela no topo.
Marta, uma menina curiosa de oito anos, olhava para a árvore, preocupada. A estrela que costumava adornar o cimo da árvore tinha desaparecido misteriosamente. Decidiu, então, sair em busca dela, com a esperança de encontrar algo que pudesse devolver o brilho à sua aldeia.
Enquanto caminhava pela floresta nevada, uma luz brilhante apareceu no céu, como um farol. Marta seguiu a luz até uma clareira, onde encontrou uma estrela cintilante, maior e mais radiante do que jamais imaginara. Pegou nela e correu de volta à aldeia.
Ao colocar a estrela na árvore, ela brilhou intensamente, iluminando a aldeia inteira. Todos os habitantes se reuniram, maravilhados, e sentiram que, naquele Natal, a verdadeira magia estava na união e no amor que compartilhavam.
Um Natal Inesperado
Eliana Alves, 11.º B
Na véspera de Natal, a pequena aldeia de Vila Esperança estava coberta de neve. As luzes coloridas brilhavam nas casas, e o cheiro de biscoitos de gengibre pairava no ar. Mas na casa da Dona Lúcia, uma viúva que sempre organizava a ceia mais esperada da vizinhança, o ambiente era diferente.
Este ano, Dona Lúcia sentia-se sozinha. Os seus filhos, agora adultos, estavam ocupados com as suas próprias vidas e não poderiam vir. Olhando pela janela, via as famílias a reunirem-se e os risos a ecoar nas ruas, e o seu coração apertava-se. O que fazer sem a sua tradicional festa?
No entanto, num impulso, decidiu que ainda prepararia a ceia. O cheiro do peru assado e o som crepitante da lareira eram um conforto familiar. Enquanto misturava a massa para os biscoitos, uma ideia surgiu: em vez de esperar que as pessoas viessem, poderia ir até elas.
Com um sorriso tímido, Dona Lúcia empacotou algumas das suas especialidades e saiu pela rua, batendo à porta dos vizinhos. A princípio, as pessoas estranharam a visita. Mas logo a conversa fluiu, e ela sentiu-se acolhida. Cada lar que visitava trazia um novo sabor e uma nova história, e, apesar da falta da sua própria festa, algo mágico começou a acontecer.
Na última casa, encontrou uma família que estava a passar por dificuldades. A mãe, com os olhos cansados, explicou que o Natal seria simples, quase sem celebração. Dona Lúcia, sem hesitar, ofereceu a sua comida e juntou-se a eles. Juntos, prepararam uma ceia improvisada.
Enquanto a mesa se enchia, a casa começou a vibrar com risadas e histórias. Aquela ceia não era perfeita, mas estava repleta de calor humano. Dona Lúcia percebeu que, apesar das imperfeições, havia algo especial naquela união.
Depois da ceia, as crianças começaram a cantar canções de Natal, e Dona Lúcia uniu-se a elas, deixando-se levar pela alegria contagiante. A música ecoava na casa, e ela sentiu como se o espírito natalício tivesse encontrado o seu lugar ali, mesmo que de forma inesperada. O brilho nos olhos das crianças e o sorriso da mãe aqueceram o seu coração, lembrando-a de que a verdadeira magia do Natal estava na partilha e na solidariedade.
Quando finalmente se despediu daquela família, Dona Lúcia sentiu-se renovada. A solidão que antes a acompanhava desapareceu, dando lugar a um calor novo que a preenchia. Ao caminhar de volta para casa, reparou que as luzes da aldeia pareciam mais brilhantes, como se também celebrassem a alegria que ela acabara de descobrir.
Naquela noite, o Natal que havia planeado na sua mente transformou-se em algo muito mais significativo. Pois não estava sozinha, estava com pessoas à sua volta, a partilhar momentos simples e compreendeu que a essência do Natal estava nos laços que se formavam, não na perfeição da ceia.
Ao voltar para casa, a neve caía suavemente e o seu coração estava leve. O espírito do Natal não estava num grande evento, mas na capacidade de dar e receber amor, mesmo nas situações mais inesperadas.
O Natal na Casa da Colina
Diogo Fernandes, 11.º B
Na pequena vila aninhada entre montanhas, todas as casas se iluminavam para o Natal, exceto a solitária casa da colina, onde vivia Dona Clara. Desde que perdera a família, anos atrás, ela afastara-se de tudo e de todos.
Na véspera de Natal, Miguel, um rapazinho da vila, decidiu subir a colina. Levava consigo um pequeno embrulho, cuidadosamente decorado. Ao chegar, deixou-o na soleira da porta e voltou para casa antes que a neve apagasse as suas pegadas.
Na manhã seguinte, ao abrir a porta, Dona Clara encontrou o presente. Dentro, havia um simples cartão: “O Natal é para partilhar.”
Naquele mesmo dia, desceu à vila pela primeira vez em anos, trazendo consigo biscoitos e um coração mais leve.
A partir desse Natal, a casa na colina nunca mais foi um lugar de solidão.
Desejo de Natal
Daniela Purificação, 11.º B
Estava a nevar torrencialmente, e isso somente acontece próximo da época natalícia. Martim odeia o Natal. Este é um menino nascido no seio de uma família com bastantes dificuldades financeiras, mas muito amado pelos seus. É extremamente inteligente e não tem muitos amigos, poucos mas bons, como lhe costumava dizer o avô. Estuda numa pequena escola perto da sua casinha, no entanto, está quase a completar os quinze anos e também o seu nono ano de escolaridade, com isso, terá de abandonar os estudos, pois é seu dever arranjar o seu primeiro trabalho e ajudar financeiramente a família.
Martim odeia o Natal pelo simples facto de ser uma data tão insignificante como qualquer outra. Vê a cidade revestida de luzes e alegria, famílias a passear juntamente com as suas sacas de presentes penduradas nos braços, crianças a elaborarem bonecos de neve ao redor das ruas, mas para Martim isso não passa de uma simples ilusão. Quando era pequenino, tinha o sonho de passar unicamente um Natal em família, porém, como a família não tinha condições, foi em vão.
Numa manhã de dezembro, um cavalheiro vindo de uma cidade extremamente rica, dirige-se a casa do Martim. Este informa os encarregados de educação do estudante que não irá permitir que um aluno de mérito, como o Martim, não finalize os seus estudos. Por conseguinte, efetuou um convite, que consistia em levar o menino para a sua cidade, onde iria ser acolhido por uma família, e assim,concluiria os seus estudos. A mãe, descontente com a proposta, diz que Martim não partirá para longe da família e que, apesar de não ter condições, era profundamente feliz a seu lado.
— Minha senhora, eu acredito no receio que tem ao deixar o seu filho viver longe de si, contudo é uma oportunidade de ouro! O diretor do colégio de Locistre ficou espantosamente admirado com o percurso escolar do seu filho e com as notas que alcançou. Se confiar em nós, garantimos-lhe que o seu filho terá muito sucesso futuramente. Suponha que é um presente de Natal, um presente que lhe pode dar uma nova vida, uma vida cheia de sucesso! — Os olhos de Martim iluminaram-se.
— Venho recolher o jovem amanhã às nove da manhã em ponto! — Dito isto, o cavalheiro dirigiu-se novamente para a sua carruagem, desaparecendo entre a poeira.
Sem opção, a mãe de Martim auxilia o filho a preparar as malas, apesar de não ter muita tralha para carregar. O avô oferece-lhe algumas malhas, para não passar frio, e o pai alguns trocos que encontrara no bolso das calças. Eram exatamente nove da manhã e o cavalheiro volta a casa de Martim.
— Obrigado por confiarem em nós, prometo que não vos vamos desiludir. — Discursa o cavalheiro enquanto abre a porta da carruagem a Martim.
A viagem durou cerca de quarenta e cinco minutos até alcançar o destino. A nova casa de Martim era, sem exageros, vinte vezes maior que a sua casa original. Era blindada por um enorme jardim, por um lago de peixes ao centro e uma monstruosa escadaria, que só de a admirar fazia chorar a vista de tão brilhante que era. Em seguida, apresentou-se à família. Era um casal com apenas uma menina, a Matilde, que logo se tornou muito amiga de Martim, e um minúsculo cão que lhe fazia lembrar uma nuvem, de tão peludo que era.
Passaram algumas semanas e o primeiro período escolar encerrou. Martim estava a adorar a sua experiência na nova cidade. Escrevia todos os dias à família, a contar-lhes todos os pormenores do seu magnífico dia. Um dia, Matilde, como sabia que Martim nunca tinha usufruído de um Natal, levou-o a uma feira, onde o encheu de espírito natalício. Compraram muitas prendas e ao regressarem a casa, dedicaram-se à decoração do pinheirinho de Natal.
Ao chegar o aguardado dia de Natal, o qual Martim tanto ansiava, correu tudo perfeitamente, como o menino sempre imaginara. Deliciou-se com o polvo e o bacalhau, houve muito convívio, escutavam-se inúmeras gargalhadas e desfrutou-se de sobremesas deveras apetitosas. Em seguida, apercebem-se de alguém que toca à campainha do casarão. É pedido a Martim que espreite para ver quem é a visita, e este depara-se com a família, que se junta à ceia de Natal.
O desejo de Martim realizou-se, finalmente presencia um Natal ao lado de quem mais ama. Esquecido o ódio, esta transforma-se na sua época do ano favorita.
O Presente de Natal Sombrio!
Bia Ferreira, 11.º B
Na véspera de Natal, a pequena cidade de Vale Sombrio estava coberta com neblina. As casas estavam decoradas com luzes cintilantes, mas o clima festivo não afastava a sensação estranha que pairava no ar. Algo estava diferente naquele ano.
Miguel, um menino de dez anos, sempre amou o Natal, mas, naquela noite, ele sentiu um arrepio na espinha, enquanto observava a rua deserta. A sua mãe insistiu para que fosse para a cama cedo, mas Miguel tinha ouvido histórias na escola sobre o “Sombrio de Natal” – uma figura misteriosa que aparecia em noites como aquela. Ele não acreditava muito, mas não conseguia tirar a história da cabeça.
Determinou-se a ficar acordado e ver o que acontecia. Quando o relógio da sala marcou meia-noite, Miguel ouviu um som vindo da porta de entrada: passos leves, mas rápidos. O coração dele disparou. Fugiu pelo corredor escuro e espiou pela pequena abertura da porta da sala. Lá fora, a neblina parecia ganhar vida, movendo-se lentamente.
De repente, um som metálico ecoou do lado de fora. Miguel abriu a porta e viu uma sombra alta e encapuzada perto da sua casa. Antes que pudesse reagir, a figura olhou diretamente para ele, e os seus olhos brilhavam com uma estranha cor vermelha. Miguel recuou, fechando a porta com força, e ouviu um sussurro suave: “A noite ainda não acabou.”
Na manhã seguinte, tudo estava tranquilo. Mas no meio dos presentes debaixo da árvore, havia um embrulho que ninguém se lembrava de ter colocado ali, marcado apenas com um sinistro símbolo vermelho.
Miguel olhou para o presente misterioso com desconfiança. Ajoelhou-se diante da árvore, observando o estranho símbolo gravado no papel escuro. Era um desenho sinistro. Nenhuma etiqueta indicava quem era o destinatário, e os seus pais, ainda adormecidos, não haviam percebido nada fora do comum.
Com o coração acelerado, Miguel estendeu a mão para tocar no embrulho, mas hesitou. A lembrança dos olhos vermelhos da figura encapuzada fê-lo estremecer. Respirou fundo e, com cuidado, puxou o laço. O papel desfez-se silenciosamente, revelando uma pequena caixa de madeira envernizada.
Miguel sentiu um calafrio percorrer-lhe a espinha, mas a sua curiosidade era maior que o medo. Abriu a caixa. Dentro havia um pequeno espelho redondo com uma moldura negra. Quando segurou o espelho, notou que o reflexo não mostrava a sala ao seu redor, mas sim a mesma neblina densa da noite anterior. Subitamente, uma voz suave e distante ecoou de dentro do espelho: “Tu viste-me, Miguel. Agora o segredo está rompido.”
Miguel deixou o espelho cair no chão, mas, ao invés de partir, ele rolou suavemente até parar de frente para ele, refletindo algo que o fez congelar de terror: a sombra encapuzada estava mais próxima do que antes estivera. A figura sussurrou, com a mesma voz que ouvira na noite anterior:
— Agora que me encontraste, deves descobrir como me impedir, ou o próximo Natal não será apenas uma história.
O menino correu até ao espelho e, no fundo, um brilho apareceu em forma de chave para um mistério maior. O tempo estava a passar, e Miguel precisava de agir rápido. Algo muito mais sombrio estava por vir!
A Estrela de Papel
Ana Rodrigues, 11.º B
No alto da colina, havia uma casa simples onde moravam a Clara e o pai. Desde que sua mãe partira há dois anos, o Natal não tinha o mesmo brilho. As luzes não encantavam como antes, e o silêncio preenchia os espaços, onde a música se costumava ouvir.
O pai, apesar de cansado, fazia o possível para manter viva a magia natalícia. Naquele ano, no entanto, tudo o que conseguiu foi um pequeno galho seco que tinha encontrado no bosque. Clara observou a árvore improvisada com um aperto no coração.
Naquela noite, antes de dormir, algo fez a sua imaginação despertar. Pegou num pedaço de papel branco e, com paciência, começou a dobrá-lo. As mãos pequenas trabalhavam com cuidado, até que uma estrela simples, porém bonita, surgiu. Satisfeita, pendurou-a no galho, sentindo um calor subtil preencher o ambiente.
Ao amanhecer, Clara abriu a janela e percebeu algo de extraordinário: a estrela de papel brilhava, mesmo sob a luz do sol. Intrigada, aproximou-se e tocou nela. Num instante, sentiu-se a ser transportada para um lugar mágico. Estava num bosque coberto de neve, rodeada por árvores imponentes e luzes douradas que dançavam suavemente.
No centro do bosque, uma figura familiar esperava por ela. Era a sua mãe, sorrindo, com os olhos cheios de ternura e saudade. O reencontro aqueceu o coração de Clara. Ali, naquele instante mágico, percebeu que o amor não desaparece, ele persiste nas memórias e nas pequenas coisas, como uma estrela de papel cuidadosamente dobrada.
De repente, Clara viu-se de volta ao seu quarto. A estrela ainda brilhava, mas com uma luz suave, quase impercetível, como um lembrete silencioso daquele momento especial. Sentindo-se mais leve, ela olhou para o pequeno galho decorado e percebeu que, apesar de tudo, o espírito do Natal estava vivo.
Naquela noite, sob a luz serena da estrela, Clara e o seu pai celebraram juntos, preenchidos por um sentimento profundo de amor e esperança. Mesmo na ausência, o amor encontrou uma forma de iluminar a escuridão, deixando clara a sua presença em cada detalhe simples e sincero.
Contos Imperfeitos, 7.ª edição, 2024-2025
“Have yourself a merry little Christmas. Let your heart be light.”