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Descoberto o caminho marítimo para a Índia: Vasco da Gama chega a Calecute

História | 20-01-2025

Vasco da Gama tinha como missão procurar estabelecer um contacto amigável com o rei de Calecute, o samorim, encontrar os cristãos que, então, se acreditava viverem naquelas paragens e trazer riquezas, em especial especiarias.

Chegar à Índia – e ao Oriente – foi, a partir de certa altura, o grande objetivo das viagens marítimas dos portugueses. Pretendiam alcançar o local de onde provinham produtos valiosos e onde se dizia existirem riquezas fabulosas. Se conseguissem controlar diretamente o comércio das especiarias, sedas ou pedras preciosas, evitavam os intermediários e teriam enormes lucros.

O rei D. João II foi o grande defensor deste objetivo, que motivou muitas das suas ações, antes e depois de subir ao trono.

O Tratado das Alcáçovas, as viagens de Diogo Cão e de Bartolomeu Dias e, por fim, a assinatura do Tratado de Tordesilhas prepararam o caminho para a viagem à Índia. Quando D. João II morreu, em 1495, a expedição estava já a ser ultimada.

Comandada por Vasco da Gama, a frota era composta por três naus e uma caravela carregada com mantimentos. Largou de Lisboa a 8 de julho de 1497. Depois de uma escala em Cabo Verde, na ilha de Santiago, os navios navegaram para sudoeste durante noventa dias, virando depois para sudeste, de modo a contornarem o cabo da Boa Esperança. Começaram então a dirigir-se para norte, passando para além das terras alcançadas por Bartolomeu Dias.

Em janeiro de 1498, chegaram à Ilha de Moçambique e, em abril, a Melinde, no atual Quénia, já em território muçulmano. Aí conseguiram contratar um piloto local que os conduziu ao destino final. Avistaram a cidade de Calecute no dia 18 de maio de 1498, onde desembarcaram dias depois, sendo recebidos pelo samorim.

Estava cumprido o sonho de D. João II.

Vasco da Gama

Vasco da Gama terá nascido em Sines, em 1468 ou 1469, filho de Estêvão da Gama, alcaide-mor desta localidade alentejana. Era, portanto, membro da pequena nobreza. Não se sabe muito sobre a sua vida até ter sido nomeado, pelo rei D. Manuel I, comandante da expedição que haveria de alcançar a Índia.

No início, os contactos correram bem. Porém, os mercadores muçulmanos perceberam o perigo que os portugueses representavam para si e conspiraram contra eles junto do samorim. As boas relações iniciais não duraram, pois, muito tempo. Vasco da Gama carregou pimenta e outros produtos e regressou a Portugal no dia 29 de agosto de 1498. Chegou a Lisboa no final do verão do ano seguinte e foi recebido como um herói.

D. Manuel I concedeu-lhe títulos e honrarias e enviou mensagens a todas as cidades do reino, dando conta da grande novidade.

Vasco da Gama voltou à Índia em 1502 e, de novo, em 1524, já nomeado vice-rei, por D. João III. Mas não exerceu o cargo durante muito tempo, pois morreu na noite de Natal desse mesmo ano.

As caravelas dão lugar às naus

A expedição comandada por Vasco da Gama não fez a viagem até à Índia só em caravelas. Os navios da sua frota eram maiores, tinham mais velas, levavam canhões e podiam transportar grandes cargas de mercadoria. Eram as naus, um novo tipo de navio que os portugueses iriam utilizar durante todo o século XVI nas suas viagens para o Oriente.

Calecute

Esta cidade, situada na costa ocidental da Índia, era um dos mais importantes portos comerciais na época.

A Calecute chegava muita da pimenta produzida na Índia, que era depois comercializada pelos mercadores muçulmanos árabes e persas que ali se tinham estabelecido. Eram eles os responsáveis pela riqueza do Estado, que provinha da venda da pimenta e de outras especiarias e produtos valiosos para a Arábia, a África Oriental, a Pérsia, o resto da Índia ou o Extremo Oriente.

O seu poderio comercial levara Calecute a destacar-se de outras cidades vizinhas. O rei de Calecute, o samorim, mantinha, por isso, uma aliança forte com estes mercadores, de modo a manter o poder e a riqueza do Estado que governava.

Crasto, R. (2011). Grandes datas de Portugal. Texto.
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“Olha para as estrelas que iluminam o céu: nenhuma delas fica parada.” – Séneca