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Jornal Escolar AE Muralhas do Minho | 2024-2025


Como falar com os seus filhos sobre conflitos e guerras

UNICEF | 08-11-2024

Quando um conflito ou uma guerra fazem as manchetes dos jornais, podem provocar sentimentos como medo, tristeza, raiva e ansiedade, independentemente do local onde se vive.

Seguem-se oito conselhos sobre como abordar o assunto com o seu filho, transmitindo-lhe algum apoio e conforto.

1. Descubra o que a criança sabe e como se sente

Escolha um momento e um local em que o assunto possa ser abordado com naturalidade e em que o seu filho se sinta mais à vontade para falar livremente, como durante uma refeição em família. Tente evitar falar sobre o assunto antes da hora de deitar.

Um bom ponto de partida é perguntar ao seu filho o que ele sabe e como se está a sentir. Algumas crianças podem saber pouco sobre o que está a acontecer e não estar interessadas em falar sobre o assunto, mas outras podem preocupar-se em silêncio. Com as crianças mais pequenas, o desenho, as histórias e outras atividades podem ajudar a iniciar uma conversa.

As crianças podem ter acesso a notícias de muitas formas, por isso é importante verificar o que estão a ver e a ouvir. É uma oportunidade para as tranquilizar e, eventualmente, corrigir qualquer informação incorreta que possam ter encontrado na internet, na televisão, na escola ou através dos amigos.

Um fluxo constante de imagens e manchetes perturbadoras pode dar a sensação de que a crise está à nossa volta. As crianças mais novas podem não distinguir entre as imagens no ecrã e a sua própria realidade pessoal e podem acreditar que estão em perigo imediato, mesmo que o conflito esteja distante. As crianças mais velhas podem ter visto imagens preocupantes nas redes sociais e ter medo da escalada dos acontecimentos.

É importante não minimizar ou ignorar as suas preocupações. Se o seu filho fizer uma pergunta que lhe possa parecer extrema, como “Vamos todos morrer?”, assegure-lhe que isso não vai acontecer, mas tente também descobrir o que ele ouviu e por que razão está preocupado com isso. Se conseguir perceber de onde vem a preocupação, é mais provável que consiga tranquilizá-lo.

Não se esqueça de reconhecer os seus sentimentos e de lhe assegurar que o que quer que esteja a sentir é natural. Mostre que está a ouvir, dando-lhe toda a sua atenção, recordando-lhe que pode falar consigo ou com outro adulto de confiança sempre que quiser.

2. Mantenha a calma e tenha um discurso adequado à idade

As crianças têm o direito de saber o que se está a passar no mundo, mas os adultos também têm a responsabilidade de as manter a salvo de situações de perigo. Utilize uma linguagem adequada à idade do seu filho, observe as suas reações e seja sensível ao seu nível de ansiedade.

É normal que também se sinta triste ou preocupado com o que está a acontecer, mas tenha em mente que as crianças recebem os sinais emocionais dos adultos, por isso tente não partilhar demasiado os seus medos com o seu filho. Fale calmamente e tenha em atenção a sua linguagem corporal e expressões faciais.

Na medida do possível, assegure à criança que está a salvo de qualquer perigo. Diga-lhe que muitas pessoas estão a trabalhar arduamente em todo o mundo para acabar com o conflito e encontrar a paz.

Lembre-se de que não há problema em não ter a resposta para todas as perguntas. Pode dizer que precisa de procurar a resposta ou usar a oportunidade para que as crianças mais velhas encontrem as respostas em conjunto. Utilize sítios Web de organizações noticiosas de renome ou de organizações internacionais como a UNICEF e a ONU. Explique que algumas informações em linha não são exatas e a importância de encontrar fontes fiáveis.

3. Espalhe a compaixão, não o estigma

Os conflitos podem muitas vezes trazer consigo preconceitos e discriminação, seja contra um povo ou um país. Quando falar com os seus filhos, evite rótulos como “pessoas más” ou “malvadas” e, em vez disso, use-os como uma oportunidade para encorajar a compaixão, por exemplo, pelas famílias forçadas a fugir das suas casas.

Mesmo que um conflito esteja a acontecer num país distante, pode alimentar a discriminação à sua porta. Verifique se os seus filhos não estão a sofrer ou a contribuir para o bullying. Se lhes tiverem sido chamados nomes ou intimidados na escola, encoraje-os a contar-lhe a si ou a um adulto em quem confiem.

Recorde aos seus filhos que todos merecem estar seguros na escola e na sociedade. O bullying e a discriminação são sempre errados e cada um de nós deve fazer a sua parte para espalhar a bondade e o apoio mútuo.

4. Concentre-se nos que estão a ajudar

É importante que as crianças saibam que as pessoas se ajudam umas às outras com atos de coragem e bondade. Procure contar histórias positivas, como a dos socorristas que ajudam as pessoas ou as dos jovens que apelam à paz.

Verifique se o seu filho gostaria de participar numa ação positiva. Talvez possa desenhar um cartaz ou escrever um poema sobre a paz, ou talvez, em conjunto possam participar numa angariação de fundos local ou juntar-se a uma petição. A sensação de estar a fazer algo, por mais pequeno que seja, pode muitas vezes trazer um grande conforto.

5. Termine a conversa com cuidado

Ao terminar a conversa, é importante certificar-se de que não está a deixar o seu filho num estado de angústia. Tente avaliar o seu nível de ansiedade observando a sua linguagem corporal, considerando se está a usar o tom de voz habitual e observando a sua respiração.

Lembre-o de que se preocupa e que está disponível para o ouvir e apoiar sempre que ele se sentir perturbado.

6. Esteja atento

À medida que as notícias sobre conflitos forem surgindo, deve continuar a informar-se junto do seu filho para saber como ele está a sentir-se, se tem novas perguntas ou assuntos sobre os quais gostaria de falar consigo?

Se a criança parecer preocupada ou ansiosa com o que está a acontecer, esteja atento a quaisquer alterações na forma como se comporta ou sente, tais como dores de estômago, dores de cabeça, pesadelos ou dificuldades em dormir.

As crianças têm reações diferentes aos acontecimentos adversos e alguns sinais de angústia podem não ser tão óbvios. As crianças mais pequenas podem tornar-se mais reservadas do que o habitual, enquanto os adolescentes podem mostrar uma dor ou raiva intensas. Muitas destas reações duram apenas um curto período de tempo e são normais face a acontecimentos stressantes.

7. Limite o fluxo de notícias

Tenha em atenção a exposição dos seus filhos às notícias, que estão cheias de títulos alarmantes e imagens perturbadoras. Considere a hipótese de afastar desse fluxo as crianças mais pequenas. Com as crianças mais velhas, pode aproveitar a oportunidade para discutir o tempo que passam a consumir notícias e as fontes de notícias em que confiam. Pense também na forma como fala sobre o conflito com outros adultos se os seus filhos estiverem a ouvir.

Tanto quanto possível, tente criar distrações positivas, como jogar um jogo ou dar um passeio em conjunto.

8. Cuide de si

Poderá ajudar melhor os seus filhos se também estiver a lidar com a situação. As crianças vão perceber a sua própria reação às notícias, por isso ajude-as a saber que está calmo e sob controlo.

Se se sentir ansioso ou perturbado, tire algum tempo para si e contacte a família, amigos e pessoas de confiança. Tenha em atenção a forma como está a consumir as notícias: tente identificar momentos-chave durante o dia para verificar o que está a acontecer, em vez de estar constantemente em linha. Na medida do possível, reserve algum tempo para atividades que o ajudem a relaxar e a recuperar.

Traduzido de UNICEF Parenting | Poemas para a paz

“The way we talk to our children becomes their inner voice.” – Peggy O’Mara