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Jornal Escolar AE Muralhas do Minho | 2024-2025


Fernando Pessoa avistado em Lisboa. Ele não estava sozinho

Tiago Barbosa, Tiago Conde, Martim Soares e Diogo Lobato, 12.º A | 30-01-2025

A visita de estudo a Lisboa não só aproximou os alunos da história da cidade, como também lhes proporcionou uma visão única sobre a complexidade da vida e obra de Fernando Pessoa.

Nas ruas de Lisboa, Fernando Pessoa declama a sua poesia.

As semelhanças não enganam, as parecenças são evidentes, este é o próprio e único Fernando Pessoa, o teste de ADN não é necessário, o seu carisma enigmático e destreza linguística e intelectual alucinam qualquer um.

Tal como D. Sebastião, foi inicialmente avistado numa manhã de nevoeiro, mas vinha acompanhado!

Os seus três mosqueteiros acompanhavam-no: Alberto Caeiro, “o mestre”, Ricardo Reis, “o médico” e Álvaro de Campos, “o futurista”.

Os primeiros a depararem-se com Fernando Pessoa foram os alunos da EBS de Muralhas do Minho, Valença, e segundo relatos, depois do seu avistamento e de uma primeira interação, o tempo melhorou, as nuvens desapareceram e o sol surgiu e iluminou toda a cidade de Lisboa.

O Encontro Surpreendente

O dia começou como outro qualquer. Após chegarem à capital portuguesa, os alunos tinham algum tempo livre para almoçar antes de se aventurarem numa visita guiada pelos locais mais emblemáticos relacionados com Fernando Pessoa. Contudo, quando se dirigiram para o Largo de São Carlos, nada poderia prepará-los para o que estava prestes a acontecer.

Foi ali que, de repente, surgiu a figura imponente de Fernando Pessoa, com o seu olhar penetrante e um carisma tão marcante que rapidamente conquistou todos os presentes. Para surpresa de todos, começou a declamar um dos seus poemas, envolvendo os alunos numa energia única. O cenário, que até então estava enevoado, parecia também despertar. As nuvens desapareceram e o sol iluminou Lisboa, como se a cidade tivesse entrado numa nova fase da sua história, acompanhando a magia das palavras de Pessoa.

Acompanhado pelos seus heterónimos, Fernando Pessoa levou os estudantes numa verdadeira viagem no tempo, mostrando-lhes a Lisboa que ele frequentava e que o inspirava. A primeira paragem foi a casa onde nasceu, um espaço carregado de memórias, onde o poeta fez questão de partilhar algumas das peripécias da sua infância. Os alunos ficaram fascinados com a forma como Pessoa relembrava os primeiros anos da sua vida e os pequenos detalhes que o tornaram quem ele era.

A Aparição de Bernardo Soares

O dia começou como outro qualquer. Após chegarem à capital portuguesa, os alunos tinham algum tempo livre para almoçar antes de se aventurarem numa visita guiada pelos locais mais emblemáticos relacionados com Fernando Pessoa. Contudo, quando se dirigiram para o Largo de São Carlos, nada poderia prepará-los para o que estava prestes a acontecer.

A visita continuou pela cidade, passando por diversos locais que tinham sido fundamentais para Pessoa ao longo da sua vida. O grupo seguiu até à Basílica dos Mártires, igreja onde o poeta foi batizado. Ali, os alunos tiveram a oportunidade de recitar um poema de Pessoa, algo que parecia não só um momento especial, mas também quase um rito de passagem, como se, de algum modo, estivessem a fazer parte da história literária portuguesa.

No entanto, algo inusitado aconteceu: após recitarem o poema, Fernando Pessoa desapareceu misteriosamente. Os alunos ficaram a olhar uns para os outros, sem saber o que fazer, quando, de repente, uma nova figura apareceu diante deles. Era Bernardo Soares, o semi-heterónimo de Pessoa, conhecido por ser menos presente na literatura, mas não menos importante.

Bernardo Soares, com uma personalidade introspectiva e algo melancólica, explicou aos alunos que, ao contrário dos outros heterónimos, ele não era uma criação tão distante de Pessoa. “Não sendo a minha personalidade a mesma, é, no entanto, uma mutilação dela”, afirmou, citando o próprio Fernando Pessoa. Propôs aos alunos um desafio criativo: escrever alguns versos inspirados pela experiência que estavam a viver naquele momento. O entusiasmo dos alunos foi imediato, e logo começaram a surgir versos de grande qualidade, que até surpreenderam o próprio Soares, que ficou encantado com a profundidade e a sensibilidade das palavras dos jovens.

O Encontro com Álvaro de Campos

A viagem continuou com um ritmo acelerado e, logo, o grupo encontrou-se com Álvaro de Campos. Este heterónimo, conhecido pelo seu caráter elétrico e entusiasmante, fez jus à sua fama ao surgir de forma explosiva. Com um entusiasmo contagiante e uma energia que parecia não ter fim, conduziu os alunos pelas ruas de Lisboa com a rapidez de um comboio, quase sem parar. Cada rua que atravessavam era uma nova descoberta, mas o ritmo frenético de Álvaro de Campos tornava tudo uma experiência emocionante e única.

O grupo fez uma breve pausa em frente a uma tabacaria, um lugar de reflexão para Álvaro de Campos, conhecido pelo seu poema “Opiário”, onde o poeta se perdia em pensamentos profundos e, por vezes, sombrios. Ali, os alunos tiveram a oportunidade de descansar e conversar sobre o impacto da experiência. No entanto, não demorou muito até o excêntrico Álvaro de Campos acelerar novamente, atravessando a estrada sem hesitação e desaparecendo na Praça do Rossio, deixando todos com um misto de admiração e mistério.

A Melancolia de Ricardo Reis

A cidade parecia agora mais calma, e os alunos sentiam que a energia da jornada começava a ser substituída por uma sensação de introspeção, algo mais pesado. Foi então que encontraram Ricardo Reis, o heterónimo mais calmo e melancólico de todos. A sua postura elegante e o discurso filosófico sobre a morte e o destino causaram uma reflexão profunda nos jovens. Ricardo Reis não era alguém de grandes palavras, mas sim de uma calma que transmitia sabedoria e serenidade.

Os alunos seguiram-no até à Praça do Rossio, onde, ali, Ricardo Reis lhes deu um mapa astral sobre Fernando Pessoa, pedindo que lho entregassem e deixou-os ler um poema seu. Apesar de a interação com Ricardo Reis ser menos efusiva, o seu impacto não foi por isso menor. Os alunos ficaram com a sensação de que, por trás da sua tranquilidade, existia um mundo de emoções e reflexões que nunca antes haviam imaginado.

O Mestre, Alberto Caeiro

O grupo estava já algo cansado, mas a viagem estava longe de terminar. Quando a esperança parecia ter diminuído, Alberto Caeiro, o “mestre” dos heterónimos de Pessoa, apareceu. Ele era a personificação da simplicidade e da sensibilidade. Com a sua filosofia que defendia um viver guiado pelas sensações e não pela razão, Caeiro deu uma lição aos alunos sobre como é possível encontrar beleza nas pequenas coisas da vida. Ali, no Terreiro do Paço, ele partilhou com os estudantes a sua visão do mundo, que parecia um tanto inflexível, mas carregada de sabedoria.

Apesar da sua aparente serenidade, Caeiro parecia sentir o peso do tempo, que lhe trazia algumas dores nas costas. Os alunos sentiram, de certa forma, o cansaço do mestre, como se o próprio fardo de toda a sabedoria que ele carregava tivesse se tornado um peso difícil de suportar.

O Regresso de Fernando Pessoa

Como num final de um grande romance, o passeio chegou ao fim. Quando já se pensava que a aventura tinha terminado, Fernando Pessoa reapareceu, agora sozinho, no mesmo café que frequentava nos seus tempos de juventude. A sua presença trouxe uma melancolia tranquila, e os alunos perceberam que o seu tempo com ele estava a chegar ao fim. A experiência foi transformadora, não só pelo que aprenderam sobre o autor e seus heterónimos, mas também pela sensação de que, de alguma forma, tinham tocado a essência do próprio Pessoa, como se ele tivesse saído das páginas dos seus livros para viver no presente.

Esta viagem a Lisboa, repleta de momentos mágicos e inesquecíveis, deixou os alunos com uma profunda admiração pela obra de Fernando Pessoa e pelos seus heterónimos. A visita não só os aproximou da história do poeta, como também lhes deu uma visão única sobre a complexidade da sua obra e da sua vida. O que parecia ser uma simples visita guiada, tornou-se numa verdadeira viagem pelo mundo fascinante de um dos maiores poetas de todos os tempos. Acabando da melhor maneira possível, com uns chocolates oferecidos pelo próprio Fernando Pessoa para adoçar as papilas gustativas.

“Para viajar basta existir.” – Fernando Pessoa