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Jornal Escolar AE Muralhas do Minho | 2024-2025


Palácio da Pena: onde a história encontra o sonho colorido de Sintra

Eva Ferreira, Inês Couto e Márcio Ferreira, 12.º B | 30-01-2025

Nos passados dias 15 e 16 de janeiro, realizou-se uma visita de estudo a Lisboa para os alunos do 12.º ano, no âmbito da disciplina de Português.

O Palácio da Pena foi classificado como Monumento Nacional em 1910.

Ao longo do passeio, realizaram-se inúmeras atividades, tais como: uma visita guiada ao Palácio Nacional de Mafra; um passeio pelo Chiado, com Fernando Pessoa; uma peça de teatro sobre o livro O ano da morte de Ricardo Reis; e, por fim, uma visita guiada ao Palácio da Pena, que irá ser o protagonista desta reportagem.

Mas antes de vos contarmos a incrível visita que foi feita a este lindo palácio, precisamos de vos contextualizar na sua história, já que é importante conhecer o passado para compreender o presente.

O Palácio da Pena ao longo da história

A história do palácio começa em 1493, quando o rei D. Manuel I mandou erguer, no topo de uma serra, um mosteiro de frades Jerónimos, com o intuito de celebrar a recente descoberta do caminho marítimo para a Índia. No entanto, com a dissolução das ordens religiosas, em 1834, o convento foi abandonado e o terreno passou a ser propriedade da coroa portuguesa. Em 1838, o rei Fernando II, casado com a rainha Maria II, comprou o local e decidiu transformá-lo numa residência real. O monarca, apaixonado por arquitetura e arte, começou a remodelar o convento, contratando o arquiteto alemão Ludwig von Eschwege.

O palácio foi reconstruído e ampliado com elementos de diferentes estilos arquitetónicos, como o gótico, o renascentista, o manuelino e o árabe, criando uma fusão única, que deu origem ao colorido e excêntrico Palácio da Pena.

Mais tarde, o palácio passaria a ser propriedade da Condessa de Edla, segunda esposa de D. Fernando. Seria depois comprado por D. Carlos I e D. Amélia de Orleães, que fariam do palácio a sua residência de férias.

Além de ser uma verdadeira obra de arte, o palácio tem uma localização privilegiada no topo da serra de Sintra, oferecendo uma vista deslumbrante sobre a cidade e os arredores. A mistura de cores vibrantes, torres, jardins exuberantes e detalhes ornamentais torna o palácio um dos pontos turísticos mais visitados do país e uma das Sete Maravilhas de Portugal. Após a implementação da República, em 1910, passou a ser propriedade do Estado e, hoje, é um dos mais importantes monumentos históricos nacionais, atraindo turistas do mundo inteiro.

Agora que já conhecem um pouco sobre a sua história, estão preparados para saber pormenores sobre a visita. Esta começou pelos belos jardins do palácio. O primeiro a ser visto foi o jardim da última rainha de Portugal, D. Amélia de Orleães, a qual adorava os jardins franceses, que eram caracterizados por serem imponentes e bem organizados, algo que se vê refletido neste jardim, que é puramente de estilo francês. Esta rainha gostava de passar os seus tempos de lazer no Palácio da Pena, e fazia diversas atividades, como por exemplo jardinagem, tocar piano e passear pela paisagem montanhosa de Sintra.

Em seguida, à medida que íamos subindo em direção ao Palácio da Pena, podíamos admirar os jardins da época de D. Fernando II, que foi quem mandou construir este palácio e o tornou a sua residência habitual, tal era o seu amor por Sintra. Estes jardins são de estilo romântico, ou seja, têm uma grande diversidade de flores e plantas, como, por exemplo, camélias japonesas e araucárias.

Os visitantes conseguiam ter uma forte conexão com a natureza e, além disso, como em todo jardim romântico que se preze, havia ruínas no meio dos jardins, sendo uma delas uma antiga capela, que era utilizada na época dos monges.

Chegando ao palácio, os alunos depararam-se com os diferentes estilos que coabitam no mesmo, como a arquitetura árabe e indiana, que lhe dão um toque de fantasia e magia.

Mas porquê misturar tantos estilos num edifício? — Estarão vocês a perguntar-se.

Bem, D. Fernando II era um príncipe de uma casa nobre alemã, os Saxe-Coburgo e Gotha, e para mostrar ao povo português que conhecia bem a história do seu novo país, resolveu integrar no palácio todos os estilos arquitetónicos dos povos que marcaram presença em Portugal.

Entre tantas simbologias, o que realmente chama a atenção — e olhem que é difícil algo sobressair do resto do palácio, já que este, no seu todo, é simplesmente fantástico —, é a primeira entrada, dominada pela arquitetura árabe. Tem no topo três camélias, que eram as flores favoritas de D. Fernando. Já na parte superior, nos cantos do palácio, podem observar-se estátuas de crocodilos, que “guardam” o edifício.

Para finalizar a visita pela parte exterior do palácio, cabe realçar outras três construções, que são tão impressionantes que só quem as vê ao vivo e a cores consegue acreditar que existem: a janela do tritão, a entrada para o interior do palácio e o vitral do antigo convento.

Respetivamente à janela do tritão, este foi desenhado pelo próprio D. Fernando, e simboliza a época de ouro de Portugal, ou seja, os Descobrimentos. Por outro lado, temos a entrada para o interior do palácio, que também representa a época dos Descobrimentos. Podemos dizer que, ao entrarmos por aquela porta, estamos a entrar na glória do passado. Em ambos os casos, a riqueza de detalhes é absoluta e deixou todos os alunos de boca aberta.

Já o vitral do convento é algo surreal. É impossível desviar os olhos, assim que o vemos. Neste vitral, estão representadas quatro figuras históricas deveras importantes: a Virgem Maria, que carrega o menino Jesus; ao seu lado, à direita, encontramos S. Jorge, o grande mártir; em baixo, vemos Vasco da Gama, que descobriu o caminho marítimo para a Índia; e por último, no lado esquerdo, vemos o rei D. Manuel I, que foi quem mandou construir o mosteiro.

Já em relação ao interior do Palácio da Pena, pode-se afirmar que é uma autêntica viagem ao passado de Portugal. Cada sala contém uma história diferente, e a mistura dos estilos arquitetónicos não acontece só no exterior, mas também no interior, criando um ambiente único. Do interior, destaca-se o Salão Nobre, um espaço majestoso onde cada detalhe foi pensado ao pormenor.

Mas se há dois locais que se destacam no interior do palácio, estes são o quarto da rainha D. Amélia e a sala de jantar. No que diz respeito ao quarto, este está ricamente decorado, desde as paredes até aos espelhos, com uma cama em madeira e ouro e cortinas de veludo. Realmente pode dizer-se que a nossa última rainha tinha um excelente gosto no que se refere a decoração, já que o seu quarto foi o que mais impactou os alunos. Quanto à sala de jantar, podemos dizer que esta é a mais bela que alguma vez alguém tivemos o prazer de ver. A riqueza dos detalhes é impressionante, e os móveis, todos trabalhados minuciosamente, são um paraíso para quem não gosta de minimalismo.

Mas qual será a opinião dos alunos e dos professores em relação ao Palácio da Pena? Será que gostaram? Para isso, decidimos entrevistá-los e também à guia responsável pelo nosso percurso ao longo do palácio.

Defina este palácio em três palavras

— Florestal, majestoso e colorido. — Bianca Lopes, 12.° C
— Majestoso, imponente e encantador. — Leticia Barros, 12.° C
— Belo, luxuoso e único. — Dinis Gonçalves, 12.° C
— Romântico, espetacular e monumental. — Nuno Ricardo, professor de Geografia C
— Eclético, romântico e alegre. — Guia responsável pela visita guiada

Como é que a visita pode contribuiu para o conhecimento dos alunos?

— Contribuiu para enriquecer a nossa cultura e nos mostrar uma parte da história de Portugal, sem ser nos livros. — Bianca Lopes, 12.° C

— Penso que a visita ao palácio permitiu aos alunos aprofundar o seu conhecimento acerca da monarquia portuguesa e compreender o contexto histórico do século XIX. — Letícia Barros, 12.° C

— A visita contribuiu para o conhecimento dos alunos na medida em que nos permitiu entrar em contacto direto com monumentos históricos que tanto representam aquilo que é Portugal, ainda que com o toque germânico de Francisco II. — Dinis Gonçalves, 12.° C

— O contacto direto com o palácio é muito impactante. Para os conhecimentos, nada como ver ao vivo, de modo a ficar registado na memória. — Nuno Ricardo, professor de Geografia C

— Esta visita é boa para o conhecimento, sobretudo das duas gerações que viveram aqui no palácio e, posteriormente, do rei D. Carlos, e também para o movimento romântico em Portugal. — Guia responsável pela visita guiada

O que acha que este palácio tem de diferente?

— As partes mais diferentes do palácio são as suas cores chamativas, a sua arquitetura muito diversa e a mensagem que transmite através de elementos fantásticos e decorativos. — Bianca Lopes, 12.° C

— O palácio distingue-se dos outros de diversas formas, nomeadamente, pela combinação de vários estilos arquitetónicos, mas também pelas cores vibrantes que cobrem todo o palácio. — Leticia Barros, 12.° C

— Aquilo que o palácio tem de diferente é sem dúvidas a localização incrível na serra de Sintra e a arquitetura única do palácio, que mistura elementos tanto ocidentais como orientais, daí a sua beleza singular. — Dinis Gonçalves, 12.° C

— É um palácio com inúmeros estilos e, além disso, a sua posição geográfica também o torna diferente. — Nuno Ricardo, professor de Geografia C

— É um palácio com mistura de estilos e o facto de o rei D.Fernando II ser um homem bastante importante na história de Portugal, torna este palácio diferente. — Guia responsável pela visita guiada.

Qual foi a sua parte favorita do palácio?

— Gostei da maioria das salas, principalmente dos espaços de lazer e dos quartos. — Bianca Lopes, 12.º C

— A minha parte favorita foi o Salão Nobre, pois é impressionante pela sua grandiosidade e diversidade de detalhes decorativos. — Letícia Barros, 12.° C

— A minha parte preferida do palácio foi, sem sombra de dúvida, o antigo convento do século XVI, em especial o vitral que representa a época gloriosa da nação, no período das descobertas marítimas portuguesas. — Dinis Gonçalves, 12.° C

— O salão de jantares, pela sua dimensão e pelo mobiliário riquíssimo. — Nuno Ricardo, professor de Geografia C

— O terraço da rainha, já que apresenta uma vista incrível para Sintra e Cascais. — Guia responsável pela visita guiada

Para concluirmos esta reportagem, gostaríamos de agradecer aos professores, mais especificamente à professora Alcinda Domingues, à professora Clara Vitorino e à professora Laura Moreira, que tornaram esta visita possível, pois foi graças a elas que conseguimos alargar os nossos conhecimentos e a nossa cultura em relação ao nosso país.

“Vivo sempre no presente. O futuro, não o conheço. O passado, já o não tenho. – Fernando Pessoa