Jornal Escolar AE Muralhas do Minho | 2024-2025
Visita ao Convento de Mafra: património, arte e literatura
Anna Valentina, Diogo Lopes e Martim Serra, 12.º A | 30-01-2025
A visita ao Convento de Mafra foi uma experiência enriquecedora, que permitiu uma melhor compreensão do contexto histórico e artístico da obra Memorial do Convento, de José Saramago.
No dia 15 de janeiro de 2025 fomos numa visita de estudo até Mafra e, depois, Lisboa.
O nosso primeiro destino foi o Convento de Mafra. Em parte, visitamos este local devido ao impressionante monumento que é, e à história e cultura que o rodeia, pois serve como testemunha da opulência do século XVIII e dos reis da época.
No entanto, a nossa visita foi também influenciada pela obra de José Saramago, Memorial do Convento, na qual se descreve parte da construção do monumento. Ainda que, lamentavelmente, não tenhamos tido a possibilidade de visitar alguns sítios do convento, nomeadamente a Real Basílica de Mafra e uma parte do palácio, devido às obras em curso.
Estrutura do Convento de Mafra
O Convento de Mafra é um dos monumentos mais impressionantes e grandiosos de Portugal, fruto da ambição de D. João V. Integra diferentes funcionalidades num único edifício.
No centro do convento situa-se a basílica, que apresenta a forma de cruz latina, destacando-se pela sua imponente cúpula e pelas torres sineiras que a ladeiam. No seu interior, encontra-se um conjunto único no mundo, composto por seis órgãos de tubos, projetados para tocar em uníssono, constituindo um dos grandes tesouros musicais e arquitetónicos de Portugal.
Na parte superior do edifício, encontram-se as áreas destinadas ao palácio real, projetado para alojar a família real e a sua comitiva. Os seus espaços incluem os aposentos privados do rei e da rainha, as salas de cerimónias, os salões de convívio e a grande biblioteca, onde estão preservados milhares de livros raros e valiosos. A ligação entre os aposentos do rei e da rainha é feita através de um longo corredor, com cerca de 232 metros, considerado um dos maiores corredores palacianos.
Já na parte inferior estão localizadas as dependências do convento, que incluem os dormitórios dos frades, refeitórios e áreas de serviço. A organização do espaço reflete a funcionalidade e a simplicidade da vida religiosa, em contraste com as áreas do palácio real.
Adjacente às instalações, encontra-se a zona militar, que tinha como principal objetivo apoiar e proteger o convento. Incluía instalações para os soldados, garantindo assim a sua segurança. Esta área reflete a dimensão multifuncional do convento, que, além das funções religiosas e reais, também desempenhava um papel de defesa.
Além disso, o Convento de Mafra conta com um jardim anexo, conhecido como Jardim do Cerco, situado nas proximidades da construção. Este espaço, com áreas organizadas e vários caminhos pela natureza, oferece um ambiente de tranquilidade e harmonia, em contraste com a grandiosidade do convento.
O barroco e as suas características
O Convento de Mafra é um exemplo da arquitetura barroca em Portugal, com características que refletem o estilo grandioso e exuberante da época.
Possui uma dimensão impressionante, de 38.000 metros quadrados, com a intenção de causar impacto visual e emocional em quem o vê. Isto deve-se sobretudo à vontade que o rei D. João V tinha de mostrar a sua supremacia e riqueza.
O Convento de Mafra é uma obra-prima do barroco em Portugal, que combina não só a riqueza e o poder do reinado de D. João V, mas também a capacidade de transformar a arte e a arquitetura em experiências sensoriais.
Esta obra colossal combina elementos de arquitetura barroca, revelando uma integração única entre funcionalidade, simbolismo e grandiosidade.
Visita guiada
O Convento de Mafra é um exemplo da arquitetura barroca em Portugal, com características que refletem o estilo grandioso e exuberante da época.
Logo na entrada foi possível observar uma varanda constituída por uma grande pedra. Sendo que a mesma é mencionada na obra de Saramago, que descreve o difícil processo de transportá-la desde a pedreira de Pêro Pinheiro, próximo de Sintra, até Mafra.
Ainda na entrada, também conseguimos apreciar algumas estátuas, cada uma com as suas próprias características, representando diversas figuras.
Visitamos a zona da enfermagem, onde tanto eram tratados os doentes, como retidos os que eram considerados loucos. Aqui, o nosso guia Tiago mencionou que, na época, as sangrias* eram muito utilizadas.
No palácio, que corresponde a todo o andar superior, andamos por um longo corredor que conecta muitas das salas e quartos. Nestes, pudemos observar todo o tipo de quadros, mobília e, claro está, riquezas da época.
Já no final da visita, tivemos a possibilidade de visitar a maravilhosa biblioteca do convento, a qual possui uma coleção extremamente diversificada, de cerca de 36.000 livros.
Alguns incríveis exemplos desta gigantesca coleção são:
Esta visita ao Convento de Mafra, marcada pela aprendizagem e descoberta foi, sem dúvida, bastante apreciada por todos.
Sangrias: Processo pelo qual se acreditava restabelecer o equilíbrio entre os quatro humores: sangue, fleuma, bílis amarela e bílis negra. Acreditava-se que várias doenças eram provocadas pelo excesso de um destes quatro humores.
“Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo.” – José Saramago