Jornal Escolar AE Muralhas do Minho | 2024-2025
Chernobyl e o impacto duradouro da radiação na saúde humana
Leonor Saraiva, Leonor Guerreiro, Sara Correia, Tiago Conde, 12.º ano | 05-06-2025
Após o desastre de Chernobyl surgiram muitas dúvidas quanto às suas consequências e efeitos da radiação nos seres vivos.
O desastre de Chernobyl ocorreu a 26 de abril de 1986, na central nuclear de Chernobyl, na antiga União Soviética, atual Ucrânia. Foi caracterizado como o pior desastre nuclear do mundo e o seu impacto foi global.
O acidente libertou aproximadamente cem vezes mais radiação do que as bombas atómicas lançadas sobre Nagasaki e Hiroshima. Grande parte da Europa foi contaminada por uma “nuvem” composta de elementos radioativos e uma área de cerca de dez quilómetros quadrados próxima da central ficou conhecida como “Floresta Vermelha”, porque as árvores adquiriram uma cor castanho-avermelhado e secaram devido aos altos níveis de radiação.
Muitos animais morreram ou ficaram gravemente feridos, outros foram abandonados. Entretanto, surpreendentemente, a vida selvagem ressurgiu, com o aparecimento de cavalos, javalis e lobos, apesar de os cientistas terem presumido que a área se tornaria um deserto para sempre.
Relativamente ao impacto na população humana, estima-se que mesmo após mais de 30 anos do desastre, ainda será preciso cerca de 20 mil anos para que a área em redor da central fique novamente habitável.
A radiação libertada pelo reator nuclear danificado afetou diretamente as células do corpo humano, causando uma série de condições graves, como cancro, mutações genéticas e problemas no sistema imunológico de um elevado número de pessoas.
Foi principalmente libertada radiação ionizante, como radiação gama e beta, de alta energia, que pode danificar diretamente as células do corpo, conseguindo romper as moléculas do ADN, por quebras simples ou duplas nas cadeias de ADN.
Estes danos podem ser tão severos que as células não conseguem regenerar-se adequadamente, o que pode levar à morte celular ou ao surgimento de mutações.
Causadas pela radiação, as mutações podem ocorrer em células somáticas, que afetam o corpo, ou em células germinativas, que afetam futuras gerações.
Embora as células que se dividem rapidamente sejam mais vulneráveis, como as da medula óssea ou intestinos, as mutações podem também ocorrer em células mais estáveis. A sua transmissão a gerações posteriores, aumenta o risco de doenças genéticas ao longo do tempo.
Os danos no ADN podem causar o desenvolvimento de cancro, principalmente em células que sofrem mutações em genes responsáveis pelo controlo do crescimento celular.
A radiação de Chernobyl tem sido amplamente associada ao aumento da incidência de cancro em diversas regiões afetadas.
Nos primeiros dias após o acidente, cerca de 30 trabalhadores e bombeiros foram expostos a níveis extremamente elevados de radiação, enquanto tentavam conter os danos do reator. Muitos destes indivíduos desenvolveram ‘síndrome aguda da radiação’, que inclui sintomas como náuseas, vómitos, perda de cabelo, e falência dos órgãos. Em alguns casos, a morte ocorreu nas semanas que se seguiram ao desastre.
O desastre de Chernobyl pôs em evidência a necessidade de novas abordagens para lidar com os efeitos da radiação. A medicina genética, com as suas possibilidades de reparação genética e prevenção de doenças, oferece uma solução promissora para mitigar esses efeitos. No entanto, é fundamental que se considerem os riscos e as questões éticas envolvidas. Com uma regulamentação adequada, a genética pode transformar a forma como enfrentamos as consequências das catástrofes nucleares.
“Chernobyl is like the war of all wars. There’s nowhere to hide. Not underground, not underwater, not in the air.” – Svetlana Alexievich