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Jornal Escolar AE Muralhas do Minho | 2024-2025


Tecnologia CRISPR traz esperança para tratamento de doenças até agora incuráveis

Anna, Mateus, Tiago e Vargas, 12.º ano | 05-06-2025

CRISPR é uma tecnologia de edição genética que permite aos cientistas alterar sequências de ADN com precisão. Utiliza uma enzima chamada Cas9 que atua como uma “tesoura molecular”.

Satoshi Hashimoto

Em 2020, Emmanuelle Charpentier e Jennifer Doudna receberam o Prémio Nobel da Química pelo desenvolvimento da técnica de edição genética CRISPR-Cas9, que permite modificar o ADN com precisão. A tecnologia usa a proteína Cas9 para cortar segmentos específicos do genoma, possibilitando correções genéticas, pesquisa biomédica e potenciais tratamentos para doenças.

O CRISPR representa uma inovação sem precedentes na medicina e na biotecnologia, abrindo caminho para o desenvolvimento de tratamentos eficazes para doenças genéticas que, até ao momento, eram consideradas incuráveis. As suas aplicações na medicina incluem também terapia para doenças complexas, como o cancro.

Testes laboratoriais com CRISPR ajudam a encontrar novas abordagens para tratar doenças, antes consideradas incuráveis. Existem já, por exemplo, terapias genéticas experimentais para fibrose cística e doenças neurodegenerativas.

Na agricultura, a técnica possibilita aumentar a produtividade agrícola. A edição de genes pode ser utilizada para melhorar o crescimento, a resistência à seca e a qualidade nutricional das plantações. A melhoria genética de plantas permite desenvolver culturas mais resistentes a pragas e doenças, reduzindo a necessidade de pesticidas.

Há, no entanto, amplas discussões sobre as possíveis consequências imprevistas e os limites éticos desta intervenção genética. A modificação de genes em células germinativas é especialmente controversa, pois essas alterações são hereditárias e podem ser transmitidas às futuras gerações.

Os impactos da prática ainda não são totalmente compreendidos, gerando preocupações sobre possíveis efeitos adversos. Antes da sua aplicação clínica em larga escala, é necessário considerar cuidadosamente os desafios éticos e os riscos envolvidos.

O avanço da tecnologia dependerá diretamente da capacidade da sociedade em equilibrar os benefícios científicos com questões éticas fundamentais. Para garantir que o CRISPR é utilizado de forma ética e responsável, torna-se imprescindível estabelecer diretrizes rigorosas e regulamentações que assegurem a segurança e a eficácia das intervenções genéticas. A comunidade científica tem salientado a necessidade de normas internacionais claras para evitar abusos e minimizar riscos.

Um exemplo da importância desse controlo ocorreu após a polémica que envolveu o nascimento de bebés geneticamente modificados, na China, o que teve repercussões a nível global, levando o governo chinês a proibir a edição genética em células germinativas. Existem riscos éticos e científicos envolvidos neste tipo de manipulação que não podem ser ignorados.

“Genetic engineering has never been about saving the world, it’s about controlling the world.” – Vandana Shiva