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Jornal Escolar AE Muralhas do Minho | 2024-2025

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O eco da Declaração Universal dos Direitos Humanos nas estâncias de Camões

Clara Barbosa, 10.º B | 17-06-2025

Em tempos conturbados e marcados por guerras e desastres ambientais, os Direitos Humanos, consagrados em 1948, são muitas vezes atropelados.

É possível estabelecer uma relação invulgar entre as duas últimas estâncias do final do Canto I d’Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, e o artigo 5.º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas a 10 de dezembro de 1948.

Na verdade, naquelas, é a falsidade e a maldade por detrás da cilada preparada por Baco em Mombaça para impedir que os navegadores portugueses chegassem à Índia

O recado que trazem é de amigos,
Mas debaxo o veneno vem coberto,
Que os pensamentos eram de inimigos,
Segundo foi o engano descoberto.

que levam o poeta a destacar o Homem como sendo um ser frágil, exposto a enormes e terríveis perigos, não tendo um lugar seguro no mundo onde possa viver:

Oh! grandes e gravíssimos perigos

Onde pode acolher-se hum fraco humano,
Onde terá segura a curta vida.

Assim sendo, tal reflexão remete-nos para o artigo 5.º da Declaração: “Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante”, que faz referência a atos que continuam a ser praticados em muitas sociedades por quem despreza e desrespeita o ser humano e os seus direitos, e põe em causa a sua segurança e a sua vida. Um exemplo disto são as vítimas de violência doméstica, que vivem com medo de morrer e que enfrentam comportamentos violentos dos agressores, os quais, inicialmente, aparentavam ser pessoas amigáveis e confiáveis.

Em suma, a fragilidade humana e as ameaças que o mundo reserva ao Homem são preocupações comuns a Camões e às nações que se uniram na defesa do indivíduo, no que se refere à sua dignidade, ao seu valor e ao respeito pelos seus direitos e pelas suas liberdades.