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Jornal Escolar AE Muralhas do Minho | 2024-2025


Desilusão e esperança: a poesia como reflexo da condição humana

Anna Valentina, Lara Barreiro e Marisa Dias, 12.º A | 12-02-2025

A poesia tem o poder de refletir por palavras a essência da condição humana, dando a entender as nossas esperanças, medos e desilusões.

Ao analisar tanto o poema de Filipa Leal quanto “O dos Castelos” de Fernando Pessoa, é possível perceber uma certa concordância ou convergência nos temas abordados, em especial no que diz respeito à desilusão e à busca por um futuro melhor.

Ambos os poemas exprimem uma crítica profunda à realidade que nos cerca. Filipa, ao dirigir-se à Europa, denuncia a indiferença das instituições em relação às necessidades básicas dos seus cidadãos. A imagem da terra seca e dos filhos famintos refletem a urgência e o desespero sentidos por uma sociedade que se sente abandonada e esquecida. Por outro lado, Fernando Pessoa utiliza a metáfora dos castelos para simbolizar os sonhos, anseios e aspirações que, embora grandiosos, por vezes se desmoronam, deixando-nos com a sensação de que a luta é em vão. A fragilidade desses castelos representa, então, a desilusão que todos enfrentamos ao confrontar a dura realidade da vida.

Atualmente, é possível comparar ambos os poemas com o nosso quotidiano. Ao longo do tempo, com o surgir de guerras, instabilidade económica e insatisfação política, por exemplo, os cidadãos sentem-se exaustos, inseguros, sem voz e sem esperança. A luta por um futuro melhor parece, muitas vezes, um caminho duvidoso, que se desvanece à medida que os desafios se acumulam. A Europa, que deveria ser um símbolo de união e progresso, acaba por se tornar um espaço árido, onde os sonhos se perdem e as promessas não se concretizam.

Ambos os poetas, cada um à sua maneira, captam a essência da desilusão que transpassa a experiência humana. A busca por um futuro melhor é uma constante, mas a realidade interpõe-se frequentemente, criando um abismo entre o que desejamos e o que realmente vivemos. Essa dualidade é um reflexo da condição humana, onde a esperança e a desilusão existem, moldando assim as nossas vidas. Ao dar voz a essas emoções, tanto Filipa Leal quanto Fernando Pessoa nos confrontam com a realidade, levando-nos a questionar as estruturas que nos oprimem e a procurar, mesmo que de forma incerta, um caminho que nos leve a um futuro mais justo e humano. Através das suas palavras, recordamos que, apesar das desilusões, a luta por um mundo melhor é uma parte essencial da nossa existência.

Em suma, tanto Filipa quanto Pessoa nos convidam a refletir acerca da desilusão que consome as nossas vidas e a sociedade em que vivemos. A poesia, neste sentido, torna-se um meio poderoso para expressar as nossas frustrações e esperanças, lembrando-nos de que, mesmo em tempos de crise, a luz da esperança pode ainda brilhar, se estivermos dispostos a lutar por ela.

“Ler é sonhar pela mão de outrem.” – Fernando Pessoa